domingo, 4 de agosto de 2013

Palavra da Coruja


Deus não somente joga com os dados... como às vezes ele os atira para onde não podem ser encontrados.
Stephen Hawking

Ainda o Guadalquivir e seus encantos


Alto Guadalquivir



Cordoba

 A Torre do Ouro, em Sevilla



A ponte de Triana, um dos bairros de Sevilla, e que fica na margem direita do Guadalquivir.  Foi tradicionalmente moradia de operários, marinheiros, artesãos, toureiros, bailarinos, guitarristas, ciganos, cantadores de flamenco, por onde passaram Romanos e Mouros, por tudo isso é interessantíssimo. A mitologia de sua fundação é curiosa: a deusa Astarté fugia da perseguição amorosa de Hércules! Já imaginaram?
Em Triana vivia, na ficção, Carmen, a paixão de Dom José.

Para a Hora do Chá


Ah, um Soneto...

Meu coração é um almirante louco 
que abandonou a profissão do mar 
e que a vai relembrando pouco a pouco 
em casa a passear, a passear... 

No movimento (eu mesmo me desloco 
nesta cadeira, só de o imaginar) 
o mar abandonado fica em foco 
nos músculos cansados de parar. 

Há saudades nas pernas e nos braços. 
Há saudades no cérebro por fora. 
Há grandes raivas feitas de cansaços. 

Mas — esta é boa! — era do coração 
que eu falava... e onde diabo estou eu agora 
com almirante em vez de sensação? ... 

Fernando Pessoa
(Álvaro de Campos) 

A palavra é de... Fabio Pannunzio

Adeus, fascistas mascarados!

Fui destacado para cobrir a manifestação convocada pela página Black Bloc do Facebook. Estive com os manifestantes desde as cinco horas da tarde, quando eles começaram a se concentrar em frente à Prefeitura de São Paulo.

Acompanhei todo o trajeto da marcha até a Avenida Paulista. Vi quando um policial agrediu, sem nenhum motivo e de forma covarde, pelas costas, uma manifestante que subia a Brigadeiro Luís Antônio.

Anotei um fato importante, que deveria inspirar alguma reflexão por parte da entidade que comanda os jovens que, de rosto coberto, protestam contra… Contra o que, mesmo?

Percebi que alguma coisa mudou radicalmente desde o início da safra de protestos. Quando saiu do Centro, a manifestação tinha cerca de 500 participantes. Quando chegou à Paulista, tinha os mesmos 500.

Um bando de mascarados forma uma imagem bastante simbólica. Uma imagem forte, que atrai o olhar de quem passa ao lado. Por isso, muita gente ao longo do trajeto parava sobre os viadutos, se debruçava sobre as fachadas dos prédios, para ver o cortejo.

Mas ninguém aderia. Não era como antes, quando o coro “vem pra rua, vem, você também” funcionava como um catalisador e ia agregando milhares à multidão. Agora, os mascarados formam um grupo monolítico, hermético, impermeável à sociedade. Um grupo cuja beligerância mais afasta do que congrega. Por isso eles saíram e chegaram do mesmo tamanho.




Mais uma vez, houve muitas hostilidades contra jornalistas e técnicos das empresas de comunicação. A primeira vítima da ira dos arruaceiros foi o motociclista da equipe de moto-link da Band. Ele foi empurrado e derrubado. Ameaçaram linchá-lo e depredar seu equipamento. Isso só não aconteceu porque um grupo de manifestantes contrários à prática da violência (contra pessoas) interveio.

Logo adiante, eu mesmo acabei me transformando em alvo da ira daquela turba. Um grupo me cercou, tentou tomar meu microfone e passou a me atacar fisicamente. Deram cotoveladas, caneladas e chutaram meu joelho. É horrível ser cercado por uma alcateia raivosa, que baba de ódio de tudo e te enxerga como inimigo a ser eliminado.

Senti-me ultrajado com a intimidação. Não é possível que um jornalista não possa exercer seu ofício em plena rua de um País livre e democrático. Resolvi resistir ao expurgo, finquei pé e enfrentei os arruaceiros. O clima ficou péssimo. E só não foi pior porque, mais uma vez, alguns anjos-da-guarda mascarados vieram em meu socorro. Agradeço imensamente sua intervenção.

Leia a íntegra em Blog do Noblat de 3/8/2013

A música da Andaluzia


Manitas de Plata  -  Por el camino de Ronda

Egoísmo poderia ter extinto seres humanos, diz pesquisa

Melissa Hogenboom, BBC News


A evolução não favorece às pessoas egoístas, segundo uma nova pesquisa realizada por cientistas americanos.

O resultado contraria uma teoria anterior que sugeria ser melhor tomar decisões favorecendo a si mesmo.

Ao contrário disso, o novo estudo afirma que ser cooperativo traz vantagens sobre o egoísmo.

Divulgado pela publicação científica Nature Communications, o estudo concluiu que se todos preferissem exercer ações egoístas os seres humanos poderiam ter sido extintos.

Para conduzir a pesquisa, os cientistas usaram uma teoria que envolve a simulação de situações de conflito ou de cooperação. Ela também permite desvendar estratégias de tomadas de decisão complexas e estabelecer porque certos tipos de comportamento surgem entre os indivíduos.

Dilema do prisoneiro

O estudo, realizado por uma equipe da Michigan State University, nos Estados Unidos, usou como modelo o chamado "jogo do dilema do prisioneiro", onde dois suspeitos são interrogados em celas separadas e devem decidir se delatam um ao outro ou se preferem se calar.

Nesse modelo, um acordo de liberdade é oferecido a cada prisioneiro se eles decidirem denunciar o outro.

A liberdade só é alcançada por aquele que denuncia, desde que o outro oponente decida ficar calado, o que leva este último a ser punido com seis meses de prisão.

Se ambos os prisioneiros denunciam um ao outro, os dois pegam três meses de prisão - delação.

No caso dos dois decidirem ficar em silêncio juntos - cooperação - eles ficariam apenas um mês na prisão.

O importante teórico matemático John Nash demonstrou, nesse modelo, que a tendência mais observada era a de não cooperar.

"Por muitos anos, as pessoas se questionaram se Nash estava certo. Por exemplo: por que vemos cooperação no reino animal, no mundo dos micróbios e até mesmo dos humanos?", diz o autor da pesquisa, Christoph Adami, da Michigan State University, que começou a questionar o conceito de Nash.

A resposta

A resposta, afirma Adami, é de que a comunicação entre os indíviduos do "jogo do dilema do prisioneiro" nunca havia sido levada em consideração.

"A teoria parte do pressuposto de que os dois prisioneiros interrogados não podem falar entre si. Caso isso acontecesse, eles fariam um pacto e ganhariam a liberdade em um mês. Mas, proibidos de conversar, a tentação é de que haja uma delação, de um ou de outro", diz o cientista.

"Agir de má fé pode dar uma vantagem competitiva a curto prazo mas certamente não a longo prazo. E, inevitavelmente, levaria à extinção da nossa espécie".

Essas últimas descobertas contradizem um estudo realizado em 2012. A pesquisa revelou que os egoístas apresentariam uma vantagem frente aos que prezassem pela cooperação.

O resultado foi batizado como a estratégia "egoísta e de má fé" e dependeria de que o participante soubesse da decisão prévia de seu adversário, ao que adaptaria sua estratégia de acordo com esse conhecimento.

Crucialmente, em um ambiente evolucionário, conhecer a decisão de seu adversário poderia não se tornar uma vantagem a longo prazo, porque o oponente poderia desenvolver o mesmo mecanismo de reconhecimento que o seu, explicou Adami.

Essa foi exatamente a conclusão a que a equipe chegou. Para obter tal resultado, eles usaram um poderoso modelo de computador para realizar centenas de milhares de combinações, simulando um simples intercâmbio de ações que, no entanto, levou em conta uma comunicação prévia entre os "usuários".





Pai da teoria da evolução, Darwin tinha especial interesse nos
 modelos de cooperação entre os insetos

"Nós criamos um modelo no computador para coisas muito generalistas, notadamente decisões entre dois tipos de comportamentos. Nós as chamamos de cooperação e deserção. Mas no mundo animal há todos os tipos de comportamentos que são binários (com apenas duas opções), por exemplo, fugir ou combater", afirmou Adami à BBC News.



Leia a íntegra em BBC News 

Arca do Tesouro

Escultura -  Henry Moore:  A Família, 1948/49

Henry Spencer Moore foi um dos expoentes da escultura na Inglaterra. Nasceu em 1898, em Castleford, Yorkshire e em 1986 faleceu em Perry Green, Hertfordshire

Sua obra foi essencialmente figurativa, mas algumas vezes experimentou, com sucesso, pela abstração. Estudou e depois veio a ser professor no Royal College of Art.

Em 1929 Henry Moore casou-se com uma jovem russa, Irina Radetsky; em 1931 eles compraram uma pequena casa de campo no condado de Kent, onde ele podia trabalhar durante as férias do Royal College.

Ele estava obcecado com a forma de esculpir que achava perfeita: esculpir diretamente no material escolhido. Nessa época, isso significava tudo à mão, sem auxílio de nenhum equipamento, o que era muito exaustivo.

Sua segunda exposição individual aconteceu no mesmo ano e o catálogo foi assinado por Jacob Epstein: “Para o futuro da escultura na Inglaterra, Henry Moore é vital”. Vindo de quem vinha, era uma declaração e tanto.

O que não admira que nessa época seu nome se tornasse conhecido, mas sua figura controversa. O sucesso tem dessas coisas... O jornal “Morning Post” o atacou de modo selvagem, assim como outros jornais e semanários. Resultado: o Royal College of Art não renovou seu contrato como professor, isso depois de sete anos como membro do corpo docente daquela instituição.

Como às vezes acontece, esse mal veio para o bem: Henry Moore foi contratado pela Chelsea School of Art, que há muito pedia que ele fosse lecionar lá. Sair de uma escola tradicional e símbolo da arte aprovada pelo "establishment", e ir para uma escola de arte inovadora, só podia fazer bem à carreira de Moore. Como fez.

Em 1934, o casal vendeu a casa de campo e comprou outra, também pequena e no mesmo condado, mas com um terreno bem maior, o que permitia ao escultor ver seus trabalhos ao ar livre. O que para seu estilo era mais do que importante: Henry Moore é escultor de obras monumentais, próprias para grandes espaços.

A imagem de hoje é uma das mais conhecidas do artista: um grupo familiar, naturalmente inspirado em Irina e na filhinha deles, Mary. Antes de completar essa peça, ele fez varias maquetes com o mesmo tema, mas nenhuma foi aceita.





Até que vários anos depois, a Escola Secundária de Barclay, em Stevenage, lhe encomendou uma obra e ele voltou ao tema. Dessa vez tirou quatro edições da nova maquete: uma está na escola para a qual foi feita; as outras três foram adquiridas pelo MoMA de NY, por Nelson Rockfeller e pela Tate de Londres. É escultura em bronze e mede 1540 x 1180 x 700 mm. Pesa 450 kg.


Acervo Tate Britain, Londres


por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
Da seção Obra-Prima do Dia publicada originalmente no Blog do Noblat de 30/6/2010

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Obs- a Obra-Prima do Dia, como o nome diz, apresentava uma obra-prima por dia.  Depois passamos para cinco dias, de segunda a sexta e a apresentar um artista ou um monumento por semana, em vez de um tipo ou nome por dia. Por isso, talvez as biografias aqui pareçam resumidas. MH

Sevillanas De Carlos Saura - Corraleras

Mercadante escreve livro com capítulo sobre manifestações



As manifestações de junho pegaram Aloizio Mercadante concluindo o seu terceiro livro de análise da economia da era PT. Depois de ter um balanço dos oito anos sob Lula e de uma comparação entre os governos de Lula e FHC, finalizava agora um livro em que examinava a relação entre a economia brasileira e a do resto do mundo sob Lula e Dilma.




Às pressas, Mercadante redigiu um capítulo, o último, sobre os protestos. Será a primeira análise oficial do movimento que derrubou a aprovação do governo. O livro, ainda sem título, sai neste ano

Por Lauro Jardim, Radar OnLine, VEJA

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Obs - Vocês não acham muito precipitado, sobretudo para um ministro da Educação, uma análise das grandes manifestações de junho e suas consequências para o governo? Eu acho. Penso que era preciso deixar decantar um pouco mais... E outra coisa: eu pensava que um ministro de pasta tão importante não podia nem piscar, que dirá escrever um livro... 

Fazem mágicas com seu tempo, esses senhores. Eu não tenho tempo nem para ler que dirá escrever um livro e sou ministra apenas de minha vida, de minha casa, e das duas páginas, o blog e esta fanpage! São realmente mágicos. MH

Camarotti, de Helder a Francisco, por Vitor Hugo Soares

Ligo a televisão na tarde do dia seguinte à entrevista, cara a cara, do papa Francisco ao repórter Gerson Camarotti, de repercussão planetária. Registre-se, por justiça e mérito, que a façanha apresentada domingo no Fantástico é, desde já, digna das menções e prêmios mais relevantes do jornalismo brasileiro em 2013, a começar pelo Esso.




A cena inicial que vejo na telinha do canal privado Globo News é comovente: modestamente sentado no sofá do Estúdio I, programa diário comandado por Maria Beltrão (que não perco por nada), o autor do feito destinado a marcar época na imprensa do País, fala sobre os bastidores da entrevista com simplicidade e despojamento de vaidades mais que franciscanos. Incomum no meio, nestes dias de soberba e arrogância.

Sintonizo o canal no momento exato em que o jornalista fala de suas dificuldades para conseguir a conversa com Francisco. A começar pelos obstáculos criados dentro do próprio Vaticano, que desaconselhava exclusividade a um profissional brasileiro, mesmo sendo ele um jornalista da maior credibilidade e larga experiência junto as melhores fontes do clero católico no Brasil e fora do País.

Escuto o repórter dizer que ficou surpreendido diante da constatação de que o papa já havia lido trechos de seu livro. “Fiquei muito surpreso, porque eu cheguei com o livro com uma dedicatória muito carinhosa para ele. Eu o comparava a um arcebispo da minha cidade, Dom Hélder Câmara, já falecido, e aí ele falou: "Nossa, mas eu já li vários trechos do livro".

O repórter conta mais: Aí eu perguntei assim: "Mas está bom, é isso mesmo?", e ele falou assim: "Como é que você sabe tanta coisa?".

"Então não deixou de ser um cartão de visitas para o Santo Padre”, conclui Camarotti em relato depois reproduzido em O Globo.




Devo registrar, no entanto, que foi a comparação que o repórter fez de Francisco com Dom Helder Câmara o que (por experiência própria e profissional) mais impactou o jornalista que assina estas linhas de opinião.

São perfeitas e exatas (como se requer de um bom repórter) as palavras comparativas de Camarotti. Principalmente quando alguém que viveu (pessoal ou profissionalmente) os dois momentos separados por décadas, revê discurso e ação do destemido papa argentino destes tempos temerários, com as do corajoso e revolucionário religioso brasileiro em épocas tenebrosas.

Assim, a memória me transporta para uma manhã ensolarada nos anos 70. De férias no jornal onde trabalhava então, em Salvador, estava hospedado na casa de um casal de queridos amigos numa praia de Olinda. Saímos os três, no “fusquinha” do casal, para dar um passeio em Recife, com parada obrigatória no barzinho da “Livro Sete”, então a maior, melhor e mais interessante livraria do Nordeste.

Na passagem diante de uma das igrejas de Olinda, a cena surpreendente e inusitada para mim, mas bastante comum para os dois amigos pernambucanos:

De batina (ele não abria mão da vestimenta tradicional), próximo a um poste da rede elétrica, vejo o “Dom”, como todos os chamavam em sua diocese. No jeito de quem espera alguém conhecido ou uma carona.

“Sozinho e Deus”, penso com as palavras da minha mãe, ainda sem acreditar: estava ali bem na minha frente o religioso brasileiro mais perseguido pela ditadura, sempre vigiado e cercado por temidos inimigos de então.

“Vamos dar uma carona ao Dom”, disse o amigo ao volante do fusca, acostumado a conduzir o bispo pela diocese outras vezes. Ao ver o conhecido, o religioso se aproxima da janela da frente do fusca .”Obrigado, meu filho, mas desta vez vou dispensar a sua carona. Estou aguardando outro conhecido que vai me levar, de carro, a uma reunião distante daqui do centro de Olinda".

Meu amigo insiste: “Mas Dom, a praça aqui está bem deserta, quase ninguém por perto, o senhor não teme por sua segurança?”. E a resposta serena sem tirar o sorriso do rosto: “Medo de que, de quem? Meus diocesanos, como você agora, me alertam, me protegem , me ajudam a todo momento. Que segurança maior posso querer?"

E a despedida mais surpreendente ainda: “Vá tranquilo para o Recife, ninguém vai me matar ou fazer mal. Os inimigos da minha ação pastoral, da minha pregação, do meu jeito de ser padre, teriam mais problemas, ainda, se algo mais violento assim me acontecesse. Obrigado, mais uma vez pela generosa oferta da carona. Vou rezar por vocês”.

Quem mais parecido com o papa Francisco? Obrigado, Gerson Camarotti, pelo feito histórico no jornalismo e pela maravilhosa lembrança do Dom.

Transcrito do blog Bahia em Pauta 

O país que bate cabeça, por Carlos Brickmann

1 - Paulo Nogueira Batista Jr., representante do Brasil no Fundo Monetário Internacional, não apoiou o auxílio do FMI à Grécia. A posição do Governo brasileiro, expressa pelo ministro Guido Mantega, é a favor da concessão do auxílio à Grécia. Quem manda, quem obedece? Mantega, que sempre obedece, nesse caso vai mandar? E Dilma? Alguém a desobedeceu. Quem perde o cargo?

2 - Manifestantes em São Paulo vão à Prefeitura  gritar "Fora, Alckmin" e "Fora, Cabral". Poderiam contar-lhes que o prefeito é Haddad e que Alckmin fica do outro lado da cidade. E que Cabral é governador de outro Estado.

3 - Na denúncia de formação de cartel em São Paulo, para superfaturar equipamentos, a Siemens diz que o Governo estadual do PSDB a informou de que era melhor haver um acerto prévio entre as empresas, para a concorrência fluir bem. O secretário de Transportes do Governo Covas (época dos primeiros acertos denunciados), Cláudio de Senna Frederico, diz que não soube do cartel. Mas completou: "Não me lembro de ter acontecido uma licitação, de fato, competitiva". Se a licitação não era, de fato, competitiva, por que o secretário a realizou assim mesmo e aceitou o resultado? Terá informado o seu chefe Mário Covas?

4 - Segundo o Cade, Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o acerto, iniciado no Governo Covas, estendeu-se no mandato do sucessor Alckmin, e pegou o primeiro ano de Serra, todos tucanos, críticos da corrupção. Muita gente que foi destes Governos, até na área da Justiça, continua no poder. Será ouvida?




Ui, ui, ui

O PSDB paulista divulgou nota informando que quer investigar os fatos, punir os responsáveis e conseguir a restituição do que tiver sido cobrado a mais. Queixa-se do Cade, que não apenas deixaria de repassar informações à Corregedoria de São Paulo como também vazaria dados à imprensa "para produzir efeitos políticos e eleitorais". OK. Mas desde 2008 esta coluna informa que investigações na Europa mostraram irregularidades nos contratos internacionais com São Paulo.

O Governo agiu rápido na época: sentou-se em cima para abafar o caso.

Sim, não, talvez

Por falar em bater cabeça, o secretário de Políticas Públicas de Emprego do Ministério do Trabalho, Sérgio Vidigal, disse que o reajuste do seguro-desemprego, para quem ganha mais de um salário mínimo, passaria de 6,2% para 9%, com a concordância da Casa Civil e do Ministério da Fazenda. O Ministério da Fazenda o desmentiu: nem um tostão acima de 6,2%.

Detalhe: ambos os ministérios fazem parte do mesmo Governo, chefiado pela gerenta Dilma.

Onde está Gilbertinho?

O colunista Augusto Nunes, de Veja, é o autor da descoberta e da pergunta: que é que fazia o chefe da Casa Civil da Presidência, Gilberto Carvalho, numa grande manifestação contra Sérgio Cabral, aliado do Governo petista? Ele estava lá, sim, e feliz: veja em http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/

Para facilitar, ache Gilbertinho em 1m07s, 2m20s, 2m24s. Estaria gritando "Fora, Cabral"?

A ordem é repousar

O Congresso Nacional, que não estava em recesso, continua em recesso após o final do recesso - quer dizer, continua não estando em recesso, já que não havia recesso, mas trabalhar que é bom fica para a semana que vem.

Explicando melhor os estranhos hábitos dos nobres congressistas: por lei, não poderiam entrar em recesso (nome parlamentar das férias) sem votar a Lei de Diretrizes Orçamentárias. Não votaram, logo não poderiam tirar férias. Então decidiram suspender as sessões deliberativas (e, com isso, não precisariam temer o desconto das faltas). Não estavam em recesso, mas estavam. No dia 1º o recesso que não era recesso acabou, mas só 37 dos 513 deputados apareceram (o Senado também tinha pouca gente).

Ou seja, o recesso que não havia, mas havia, terminou, mas não terminou. Ou, simplificando, o repouso democrático continua em vigor.

Leia a íntegra em Brickmann & Associados