sexta-feira, 19 de julho de 2013

Palavra da Coruja


Só o que fiz foi usar a energia que gastamos ao ficar emburrados para compor alguns blues.
Duke Ellington

Memento



O Papa João Paulo II no Rio, em 1997

Fim de Tarde


Volver, com Carlos Gardel

Para a Hora do Chá


Surdina

Minha poesia é toda mansa. 
Não gesticulo, não me exalto... 
Meu tormento sem esperança 
tem o pudor de falar alto.

No entanto, de olhos sorridentes, 
assisto, pela vida em fora, 
à coroação dos eloqüentes. 
É natural: a voz sonora 
inflama as multidões contentes.

Eu, porém, sou da minoria. 
Ao ver as multidões contentes 
penso, quase sem ironia: 
"Abençoados os eloqüentes 
que vos dão toda essa alegria."

Para não ferir a lembrança 
minha poesia tem cuidados... 
E assim é tão mansa, tão mansa, 
que pousa em corações magoados 
como um beijo numa criança.

Ribeiro Couto

A palavra é de... Sergio Vaz

Más notícias do país de Dilma

Um governo avestruz, cachorro chato, barata tonta

          O governo que está aí tem um lado barata tonta, um lado avestruz e um lado de cachorro chato.

          Como cachorro chato, late demais. A cada dia tem um discurso ou uma entrevista da presidente ou de alguém da equipe econômica falando, falando, falando, prometendo, garantindo que está tudo bem e vai ficar melhor ainda, apresentando novos projetos, planos disso, planos daquilo, Bolsa disso, Bolsa daquilo.

          É como cão que ladra mas não morde. As palavras não têm qualquer lastro, estão a anos-luz de qualquer realidade. É outro mundo, um mundo paralelo, de ficção científica.

          Como avestruz, enfia a cabeça na areia e se recusa a ver o que acontece de fato.

          O poste eleito em 2011 entrou em curto-circuito, como escreveu com brilho Roberto Pompeu de Toledo na Veja, e, assim como o governo que dirige, anda de um lado para outro feito barata tonta, inteiramente zonzo, como boxeador nocauteado nos segundos que antecedem a queda na lona. 

          Nos últimos sete dias, entre muitas outras más notícias, o país ficou sabendo que:

* No acumulado de 12 meses, as vendas do comércio tiveram o pior resultado desde 2009;

* O indicador de atividade econômica do Banco Central teve em maio maior queda desde 2008;

* O nível de confiança da indústria chegou ao ponto mais baixo desde abril de 2009, logo após a grande crise financeira mundial;

* A Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) reviu estimativas e passou a prever déficit de US$ 2 bilhões na balança comercial. Seria a primeira vez desde 2000 que o país teria déficit.

          Mas, na quarta-feira, dia 18, a presidente fez um discurso dizendo que está tudo bem, que é “desrespeito aos dados, à lógica” dizer que há descontrole da inflação ou das despesas do governo.”

          As despesas do governo, mostrou reportagem de Lu Aiko Otta no Estadão de segunda, dia 15, superaram pela primeira vez a marca de R$ 1 trilhão no primeiro semestre. Entre 2009 e 2013, as despesas da União no primeiro trimestre tiveram aumento de 27%.

          Quanto à inflação, Dilma afirmou: “Temos certeza de que vamos fechar o ano com a inflação dentro da meta”.

          Ou ela mente, ou não sabe o que diz, ou acha que os quase 200 milhões de brasileiros são imbecis. A meta de inflação do governo é 4,5% do IPCA, “com intervalo de tolerância” de dois pontos.

          Segundo todas as projeções mais otimistas, o IPCA do ano deverá ficar em torno de 5,80%. Isso não é dentro da meta, que é de 4,5%. É perto do “intervalo de tolerância”, ou seja, perto do teto máximo admitido.

          Como escreveu Carlos Alberto Sardenberg no Globo de quinta, dia 18: torturaram a regra da meta e a deixaram meio grogue.

          ***

          Há 108 semanas publico aqui essas compilações, meu murro semanal em ponta de faca.




          A charge (acima*) que Chico Caruso publicou no Globo desta quinta, dia 18  – maravilhosa, inspiradíssima, genial – fala mais que mais que as compilações todas juntas.

          Parabéns, Chico!

* Fonte: Blog do Noblat (18/07/2013)

Leia a íntegra em 50 Anos de Texto

Segundo Turno! Vote Odorico!


Campanha Eleitoral de Odorico Paraguassú, 
o grande prefeito de Sucupira!

Arca do Tesouro

Um texto exemplar que já vai para a minha Arca do Tesouro

Comentário

O que a policia sabe fazer? E o que não sabe?, por Ricardo Noblat

A polícia do Rio de Janeiro será incapaz de garantir manifestações pacíficas e de reprimir a ação de vândalos e baderneiros?

Ou não foi treinada para isso?

Ou só sabe fazer uma coisa de cada vez?

Bala de borracha pode matar ou causar ferimento grave.

Se bem calibrado, jato de água apenas assusta e afasta as pessoas.

Spray de pimenta queima - e muito.

Se usado com moderação, gás lacrimogêneo dispersa.

O uso da força é dispensável quando a ordem é respeitada.

Quando não é, ele é necessário.

Democracia pode rimar com anarquia, mas uma é solução, a outra não.


Transcrito do Blog do Noblat de 18/07/2013

Em cidade marcada pela informalidade, Sérgio Cabral parece viver numa bolha

Letícia Sander, Folha de S. Paulo

O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), não pode classificar de folclore a chamada "maldição" que, no anedotário político, acomete os governantes em seus segundos mandatos. Reeleito em 2010 com a maior votação ao cargo na história do Estado, ele foi a primeira liderança a se consolidar politicamente no Rio no pós-Brizola.

Embalado num ambicioso plano de segurança pública e turbinado por altas doses de investimentos federais, Cabral recebeu mais de 5 milhões de votos. Tinha um discurso promissor. O Rio acabara de ganhar as Olimpíadas, e novas injeções de investimento entravam nas planilhas. Os ventos, no entanto, não demoraram a mudar.

A onda de protestos que tomou o país no último mês vem tendo, no Rio, um tom cada vez mais personalista. Há nas ruas uma forte sensação de rejeição pessoal ao governador. O "estilo Cabral" parece ter cansado o Rio.

Dos boatos sobre sua rotina na mansão em Mangaratiba ao gosto pelas viagens, sobretudo a Paris, um perfil da "boa vida" de Cabral começou a se desenhar no imaginário popular. A ele se somou uma série de denúncias, que teve o ápice na revelação da intimidade do peemedebista com empresários controversos.
O empréstimo de jatinho de Eike Batista e a viagem a Paris com Fernando Cavendish, então dono da Delta, selaram o início de um calvário político.

O golpe mais recente foi a revelação, feita pela "Veja", do uso de helicópteros do Estado no trajeto de seu apartamento à sede do governo, separados por menos de 10 quilômetros. A revista descreve que os helicópteros transportaram também os filhos do governador, babás e até o cachorro da família, Juquinha.
Numa cidade marcada pela informalidade, em que o vice Luiz Fernando Pezão caminha sozinho quase diariamente pelo calçadão da praia, Cabral parece viver numa bolha.

Às vésperas da chegada do papa, ele está quieto. Nas poucas entrevistas concedidas desde que o "Fora Cabral" tomou as ruas, Cabral culpou a oposição e sugeriu uma antecipação do jogo eleitoral.


Ontem, em entrevista ao jornal "O Globo", coube a Pezão verbalizar, ao ser questionado sobre a origem dos protestos: "Você não está vendo? Não está vendo que é o Garotinho e o Freixo?"

Transcrito do jornal Folha de S. Paulo de 19/07/2013

Evo, o travesso (Editorial)

Estadão

A diplomacia companheira trata a Bolívia como aquele irmão menor que, por mais inconveniente que seja, deve sempre ser perdoado por suas traquinagens. Resultado: Evo Morales, o menino travesso, sente-se cada vez mais à vontade para afrontar o Brasil. Em sua última pirraça, o governo boliviano mandou seus agentes vistoriarem três aviões da Força Aérea Brasileira que estavam no aeroporto de La Paz - uma das aeronaves estava a serviço do ministro da Defesa, Celso Amorim, em viagem oficial.

Todos os casos ocorreram em 2011 - dois em outubro e um em novembro - e só agora vieram a público. Em nenhum desses episódios os agentes bolivianos pediram autorização a representantes do governo brasileiro. Simplesmente invadiram os aviões, em busca sabe-se lá de quê - os agentes eram da divisão antinarcóticos, mas há suspeitas de que as autoridades bolivianas estivessem à procura do senador Roger Pinto Molina, opositor que há mais de um ano está refugiado na Embaixada do Brasil em La Paz.

Tais atos de violência teriam tido uma resposta à altura se o país ofendido fosse governado por dirigentes cientes de suas atribuições primárias. Mas o Brasil sob o lulopetismo é um país prisioneiro da fantasia ideológica bolivariana, que manda fechar os olhos para o comportamento irresponsável, autoritário e errático de governantes como Evo Morales e o venezuelano Nicolás Maduro, para ficar somente nos personagens latino-americanos que mais amiúde frequentam o noticiário por seus atentados contra a democracia e as boas relações internacionais.

A diplomacia nacional limitou-se a advertir a Bolívia, em dezembro de 2011, de que poderia adotar o "princípio da reciprocidade" caso houvesse nova vistoria em aviões brasileiros. Foram necessárias nada menos que três violações de soberania - porque é disso que se trata - para que o Brasil governado por Dilma Rousseff afinal se abalasse a reagir.

Quando o fez, porém, usou o mesmo tom complacente adotado nas crises anteriores, nas quais Evo Morales, de peito estufado, bradou que suas decisões, mesmo as flagrantemente ilegais, só diziam respeito à Bolívia.

Os exemplos dessa assimetria se multiplicam. Em 2006, pouco tempo depois de ter assistido à ocupação militar boliviana de uma instalação da Petrobrás, e ainda ouvir Evo acusar a empresa de "atividades ilegais", sendo esta apenas uma entre tantas bravatas antibrasileiras na ocasião, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em vez de reagir com firmeza à humilhação pública, pediu orações à Bolívia, "um país muito pobre, que precisa de ajuda".




A genuflexão do Brasil não comoveu Evo. Ao contrário: estimulou-o a acreditar que teria sempre o respaldo do "irmão mais velho". No caso do senador Molina, o presidente Evo Morales negou permissão para que o opositor saia do país e ainda acusou o embaixador brasileiro, Marcel Biato, de trabalhar para a oposição boliviana.

Em vez de reagir, o governo brasileiro trocou de embaixador, segundo informa o jornal Valor. Além disso, o mesmo Evo que não pede permissão de ninguém para inspecionar aviões oficiais brasileiros foi objeto de ruidosa solidariedade do Mercosul por ter tido seu avião oficial retido na Europa, por suspeita de que estivesse transportando Edward Snowden, procurado nos Estados Unidos após vazar informações confidenciais.

A imagem altiva da diplomacia lulopetista - aquela que vive a dizer que seus diplomatas não se submetem a revistas nos aeroportos dos Estados Unidos - não condiz com a humilhação de ver cães farejadores bolivianos fuçando num avião oficial do governo brasileiro.

Agora que a imprensa revelou o caso, Amorim disse que foi um procedimento "lamentável", mas o entrevero estava sendo mantido em sigilo certamente para não expor em público mais um exemplo do mau comportamento do presidente boliviano, aquele que é um dos símbolos da chamada "revolução bolivariana".


Transcrito de O Estado de S. Paulo, 18/07/2013

Desamor! De pai para filho, por Ivone Zeger*

Pode-se obrigar um pai a amar seu filho? Cabe a nossos senadores definir um conceito tão elusivo quanto "assistência moral" e penalizar por "conduta ilícita" quem não se ater a ele? Essa a pretensão do Projeto de Lei 700/07, de autoria do senador Marcelo Crivella, e que está em fase de análise na Comissão de Justiça e Cidadania e Legislação Participativa do Senado. O projeto propõe mudanças no Estatuto da Criança e do Adolescente a fim de transformar o chamado "abandono moral" em conduta ilícita. Se for aprovado, o juiz poderá impor reparação de danos ao pai ou à mãe que deixar de prestar assistência afetiva aos filhos. Em outras palavras, esses pais terão de pagar por seu "desamor". E não só com dinheiro. As penalidades previstas também incluem seis meses de detenção e a perda do poder familiar.

E como definir desamor em termos legais? O PLS 700/07 define a assistência afetiva devida pelos pais aos filhos menores de 18 anos como a orientação quanto às principais escolhas e oportunidades profissionais, educacionais e culturais, a solidariedade e o apoio nos momentos de intenso sofrimento ou dificuldade, e a presença física espontaneamente solicitada pela criança ou adolescente e possível de ser atendida. Essas regras se aplicam não apenas aos pais que detêm a guarda dos filhos, mas também aos que não detêm. De acordo com o senador Crivella, a lei não pode mudar a consciência dos pais, mas pode ajudar a "prevenir e a solucionar" casos intoleráveis de negligência para com os filhos. Será que pode mesmo?

O principal problema do projeto é tentar quantificar coisas que não podem ser quantificadas. Como se mede a solidariedade e o apoio nos momentos de sofrimento? Pode-se esperar algum afeto de um pai que visita o filho apenas por medo da punição? E como se sentiria a criança ao ter de lidar com a presença forçada de um pai ou de uma mãe emocionalmente distantes? Para tornar essas questões ainda mais complicadas, temos, ainda, a possibilidade da indenização. Ao se acrescentar a compensação financeira a situações altamente subjetivas e emocionais, estaremos certamente incentivando o litígio judicial.

Mais famílias se digladiando nos tribunais, mais ações para serem julgadas por um sistema que já está sobrecarregado e mais sofrimento para aquela a quem se deveria proteger - a criança.

Para justificar seu projeto, o senador Crivella diz que o judiciário já está julgando ações de indenização por abandono moral, com resultados nem sempre favoráveis ao reclamante. A nova lei, espera ele, poderia inverter essa situação. No entanto, o argumento utilizado a favor do projeto é o que melhor expõe sua inadequação. É verdade que os magistrados já estão apreciando esse tipo de ação, e também é verdade que os resultados são variáveis. Mas é exatamente assim que deve ser. Em matéria tão delicada, cabe ao juiz valer-se de sua sensibilidade e discernimento para analisar caso a caso.

Há pouco tempo, o Tribunal de Justiça de São Paulo deu ganho de causa a um rapaz, portador de um problema físico, que ingressou com ação indenizatória por abandono afetivo contra o pai. Em primeira instância a ação tinha sido julgada improcedente, pois o juiz entendeu que o pai, previamente condenado a reconhecer a paternidade e a pagar pensão alimentícia, não poderia ser coagido a dar um amor que não sentia. Para o TJ, porém, se o abandono afetivo ultrapassa os limites do desinteresse e envolve atos de humilhações e discriminação, cabe, sim, reparação pelo dano moral causado. E não foi preciso que houvesse nenhuma lei criminalizando o abandono moral para que os juízes do TJ chegassem a essa decisão.

Importa ainda lembrar que na atualidade, qualquer relação parental que suscite sofrimento ou mágoa poderá ser passível de ressarcimento em forma de indenização. Recordo o leitor da decisão inédita do Supremo Tribunal de Justiça em maio de 2012 que obrigou um pai a pagar indenização por danos morais decorrentes do abandono afetivo de sua filha. A relatora nesse processo do STJ, Ministra Nancy Andrighi foi clara em sua argumentação quando ao final decide: "...em suma, amar é faculdade, cuidar é obrigação".

O Estado Brasileiro já é signatário de compromissos de consenso internacional sobre os direitos de nossas crianças e adolescentes, ganhando status de Emenda Constitucional - Constituição Brasileira art. 5º § 3º -¬¬ destacando a Declaração dos Direitos das Crianças, adotada pela ONU em novembro de 1959 e ratificada pelo Brasil no ano de 1990, cujos princípios tem norteado as decisões de nossos juízes quanto à proteção social, o desenvolvimento físico, mental, moral e espiritual, de forma a garantir aos menores condições de liberdade e dignidade com o desenvolvimento completo e harmonioso de sua personalidade através do amor e compreensão.

Temos que ter muito cuidado ao tentar legislar sentimentos humanos. Ou em breve teremos esposas processando maridos que deixaram de amá-las, namorados processando namoradas pelo fim do namoro e por aí afora.


Ivone Zeger é advogada especialista em Direito de Família e Sucessão. Membro efetivo da Comissão de Direito de Família da OAB/SP; é autora dos livros "Herança: Perguntas e Respostas" e "Família: Perguntas e Respostas" - www.ivonezeger.com.br

Transcrito do site Brickmann & Associados

Olá! Bom Dia!


 
Manias,
de Celso e Flávio Cavalcanti