domingo, 9 de junho de 2013

Palavra da Coruja


Nunca deixe para amanhã o que você pode deixar para depois de amanhã.
Mark Twain


Fim de Tarde


Let's Dance com a banda de Benny Goodman

Para a Hora do Chá


Poeminha Sentimental 

O meu amor, o meu amor, Maria 
É como um fio telegráfico da estrada 
Aonde vêm pousar as andorinhas... 
De vez em quando chega uma 
E canta 
(Não sei se as andorinhas cantam, mas vá lá!) 
Canta e vai-se embora 
Outra, nem isso, 
Mal chega, vai-se embora. 
A última que passou 
Limitou-se a fazer cocô 
No meu pobre fio de vida! 
No entanto, Maria, o meu amor é sempre o mesmo: 
As andorinhas é que mudam.

Mario Quintana

A Raposa e a Cegonha

Uma fábula de Jean de La Fontaine (1621/1652)




Quis a raposa matreira, que excede a todas na ronha,
Lá por piques de outro tempo, pregar um ópio à cegonha.
Topando-a, lhe diz: “comadre, tenho amanhã belas migas,
E eu nada como com gosto sem convidar as amigas.
De lá ir jantar comigo quero que tenha a bondade;
Vá em jejum porque pode tirar-lhe o almoço a vontade.”

Agradeceu-lhe a cegonha uma oferenda tão singela,
E contava que teria uma grande fartadela.
Ao sítio aprazado foi, era meio-dia em ponto,
E com efeito a raposa já tinha o banquete pronto.
Espalhadas num lajedo pôs as migas do jantar,
E à cegonha diz: “comadre, aqui as tenho a esfriar.
Creio que são muito boas - Sans façon – vamos a elas.”

Eis logo chupa metade nas primeiras lambidelas.
No longo bico a cegonha nada podia apanhar;
E a raposa em ar de mofa, mamou inteiro o jantar.
Ficando morta de fome, não disse nada a cegonha;
Mas logo jurou vingar-se daquela pouca vergonha.
E afetando ser-lhe grata, disse: “comadre, eu a instigo
A dar-me o gosto amanhã de ir também jantar comigo.”

A raposa labisqueira na cegonha se fiou,
E ao convite, às horas dadas, no outro dia não faltou.

Uma botija com papas pronta a cegonha lhe tinha;
E diz-lhe: “sem cerimônia, a elas, comadre minha.”
Já pelo estreito gargalo comendo, o bico metia;
E a esperta só lambiscava o que à cegonha caía.
Ela, depois de estar farta, lhe disse: “prezada amiga,
Demos mil graças ao céu por nos encher a barriga.”

A raposa conhecendo a vingança da cegonha,
Safou-se de orelha baixa, com mais fome que vergonha.

Enganadores nocivos, aprendei esta lição.
Tramas com tramas se pagam, que é pena de Talião.
Se quase sempre os que iludem sem que os iludam não passam,
Nunca ninguém faça aos outros o que não quer que lhe façam.

Arca do Tesouro

Escultura: Gattamelata (1445 /1454)




Erasmo de Narni, mais conhecido como Gattamelata, foi um dos mais famosos “condottieri”, ou mercenários, da Itália renascentista formada por cidades-Estado.

Uma cidade não podia arcar com um exército regular, por dois motivos: não havia dinheiro para montar e manter um exército e também não poderiam alistar todos os homens em idade útil, pois o que seria da vida na cidade e no campo? Outro fator, e não menos importante: não tendo ligações com as famílias da cidade, o "condottieri" dificilmente participaria de conspirações.

Os “condottieri”, soldados profissionais, juravam servir ao rei que lhes pagava. Como não havia um governo central, nem sequer uma nação, foi um sistema que funcionou razoavelmente bem, se levarmos em conta que eles eram sobretudo aventureiros.

Gattamelata nasceu em Narni, na Úmbria, no ano de 1370. Seu apelido pode ter dois significados: “gato melado”, ou seja, gato astucioso, escorregadio, ou por ser filho de Melania Gattelli. Seja como for, foi com esse apelido que se tornou célebre.

Na casa onde nasceu há uma placa que diz: "Narnia me genuit Gattamelata fui” (Nasci em Narnia, fui Gattamelata). Gattamelata terminou seus dias como governador militar de Pádua, cidade onde sua estátua pode ser vista.

A estátua, enorme, de autoria do grande escultor Donatello, com 3m70 de altura (foto acima, detalhe), é nitidamente baseada na célebre estátua de Marco Aurélio* que se tornou o protótipo para estátuas honrando heróis militares.




Na foto acima, a estátua em seu pedestal, diante da Basílica de Santo Antonio, da qual se vê a cúpula à direita.

A obra de Donatello é uma mostra poderosa do respeito que na Renascença italiana se devotava aos comandantes militares, já que só chefes de Estado recebiam tal honraria. O casco do cavalo repousa num orbe, o antigo símbolo do controle sobre a terra.

E apesar de Gattamelata ter falecido com mais de setenta anos, o escultor preferiu representá-lo no auge de sua força.

Com Gattamelata, as estátuas equestres de Marco Aurélio (na Piazza del Campidoglio, Roma) e de Bartolomeo Colleoni (em Veneza) são consideradas os três mais perfeitos monumentos em seu gênero.


Pádua, Itália


por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
Da seção Obra-Prima do Dia publicada originalmente no Blog do Noblat (08/11/2011) 

Carlos Brickmann

Avanço para o passado




Em quatro capitais, São Paulo, Rio, Goiânia e Natal, houve manifestações e tumultos contra o aumento das tarifas de transporte público. Em São Paulo, vândalos misturados a militantes de partidos radicais puseram fogo em bancas de jornais na Avenida Paulista, que dá acesso, entre outros equipamentos urbanos, a nove hospitais, e ficou interditada por algumas horas; quebraram lixeiras, depredaram estações de Metrô, chutaram carros de quem nada tinha com isso, invadiram um shopping. A tropa de choque dissolveu o tumulto com gás lacrimogêneo.

Há alguns fatos curiosos a examinar. O primeiro é que Movimento Passe Livre, que organizou a manifestação, foi criado pelo Fórum Social Mundial, onde se reúnem bolivarianos de várias partes do mundo por conta do nosso dinheiro, canalizado pelo Governo gaúcho. O segundo é que a tropa de choque paulista estava nas ruas na véspera da manifestação. Aparentemente, sabia de tudo, e apenas esperava a oportunidade de, bem postada, dissolver o eventual tumulto.

O fato é que há vários indícios de crise, muitos com origem na ação ou inação do Governo Federal. Há dois anos, ninguém, exceto meia dúzia de saudosistas, pensava em militares. Hoje, com a ação nem sempre equânime das comissões da verdade, há em organização até um Partido Militar, e antigos torturadores voltam a ser ouvidos - por poucos, sim, mas que buscam articular-se. A inflação ficou livre por muito tempo, o crescimento é baixo, a dívida das famílias é alta.

Para o clima tornar-se explosivo, faltava a baderna. Não falta mais.

Mais um pouco

1 - A agência de classificação de riscos Standard&Poor’s rebaixou as notas do Brasil, em vista do baixo crescimento econômico, do investimento declinante do setor privado e da deterioração da política fiscal do Governo. Prevê a SP um terceiro ano seguido de baixo crescimento e a redução no consumo das famílias.

2- A revista britânica The Economist brinca com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Referindo-se às informações de que Mantega se fortalecera após ter recebido críticas da revista, a Economist fez-lhe elogios, dizendo que agora o Governo brasileiro pode demiti-lo sem parecer que está cedendo a pressões.

3 - A balança comercial brasileira teve déficit de US$ 5,4 bilhões de janeiro a maio. Comparada a igual período do ano passado, quando o superávit foi de US$ 6,26 bilhões, a queda é de US$ 11 bilhões. É o pior resultado já obtido pelo país.

E que temos a ver com isso? Tudo: os estrangeiros estão avisados de que é arriscado trazer dinheiro. Os negócios com o Brasil ficam mais caros. E, como dizia o ministro Mário Henrique Simonsen, inflação aleija e crise cambial mata.

Resumo geral

O problema é que o PIB é pequeno e o buraco é grande.

Transporte gratuito

A tese do transporte gratuito, que os manifestantes dizem defender, surgiu de um estudo de Lewis Mumford, grande especialista de planejamento urbano dos EUA, condecorado pelo presidente Ronald Reagan. Dizia ele que, como num prédio, em que o transporte por elevadores é custeado pelos condôminos, uma cidade deveria ter transporte público custeado pelos contribuintes.

Em São Paulo, a prefeita Luiza Erundina, do PT, propôs a tarifa zero, mas dois problemas fizeram com que a ideia fosse rejeitada: primeiro, o caráter partidário que a cercou; segundo, o que fazer com pessoas que quisessem passar o dia inteiro no ônibus, como se fosse sua casa, indo e voltando, indo e voltando. A ideia é defensável. Mas não é preciso botar fogo em nada nem jogar pedras para defendê-la.

Agora vai

Crise nenhuma, caro leitor. Seus problemas acabaram. Numa decisão histórica, a Justiça paulista determinou padrões de roupas adequadas para homens e mulheres. Quem estiver fora desses padrões pode ser barrado na entrada do Fórum Regional de Santana. Vejamos o must da moda forense: estão proibidos "decotes profundos a ponto de deixarem mais da metade do colo dos seios visíveis" (o português é mambembe, mas que fazer?), e roupas "transparentes a ponto de permitir entrever-se partes do corpo ou de peças íntimas".

Homens não podem usar "camisetas com gola ‘U’ ou ‘V’ que deixe mais da metade do tórax exposto". Saias têm de cobrir dois terços das coxas. Blusas sem alças, ou gente descalça, não. E pobres que andam sem sapatos? Dependerão do que o juiz determinar, se conseguirem entrar para fazer o pedido.

Também, quem manda ser pobre?

Tá faltando uma

A Agência Nacional de Aviação Civil, ANAC, abriu processo administrativo para apurar se Flora, esposa do ex-ministro Gilberto Gil, esteve durante o voo na cabine de comando de um jato da Azul. Flora postou fotos no Instagram em que aparece na cabine, sentada, com cinto afivelado e usando radiocomunicador, ao lado de piloto ou copiloto. Se o avião estivesse em terra, parado, tudo bem; em movimento, é proibido (e por isso a TAM teve problemas quando o cantor Latino postou fotos da cabine durante o voo). OK, lei é lei, é para ser cumprida.

Mas a presidente Dilma Rousseff, que abertamente interfere na rota do avião e dá ordens ao piloto, tudo bem? Manda quem pode, obedece quem tem juízo?



carlos@brickmann.com.br 
www.brickmann.com.br

Palavrinha

Só para dar água na boca***

Robert de Niro volta a brincar com a máfia em 'The family'

Saiu nesta quarta-feira o primeiro trailer do filme "The family", no qual Roberto de Niro volta a brincar com história de máfia. Em ' The family", de Niro é o chefe de uma família mafiosa que precisa ser realocada para a França, sob um programa de proteção de testemunhas. Lá, eles têm dificuldade de se adaptar ao estilo de vida mais tranquilo. Enquanto isso, seus antigos companheiros seguem procurando o velho mafioso.
Dirigido por Luc Besson, "The family" traz no elenco Michelle Pfeiffer, Dianna Agron ("Glee") e Tommy Lee Jones. A estreia nos EUA está marcada para 20 de setembro.

Transcrito do Blog do Bonequinho (5.6.2013)





*** e uma certa melancolia ao ver como o tempo passou rápido...

Olá! Bom Dia!


If I Had You com a Hot Jazz Band