quinta-feira, 23 de maio de 2013

Palavra da Coruja


Depois do silêncio, aquilo que mais se aproxima de expressar o inexprimível, é a música.
Aldous Huxley


Fim de Tarde


I'm Confessing That I Love You com a Bohèm Ragtime Jazz Band 
 Béla Bartók National Concert Hall, Palácio das Artes, Budapeste, 24 Out, 2010

Para a hora do chá


O anel de vidro

Aquele pequenino anel que tu me deste,
– Ai de mim – era vidro e logo se quebrou…
Assim também o eterno amor que prometeste,
- Eterno! era bem pouco e cedo se acabou.

Frágil penhor que foi do amor que me tiveste,
Símbolo da afeição que o tempo aniquilou, –
Aquele pequenino anel que tu me deste,
– Ai de mim – era vidro e logo se quebrou…

Não me turbou, porém, o despeito que investe
Gritando maldições contra aquilo que amou.
De ti conservo no peito a saudade celeste…
Como também guardei o pó que me ficou
Daquele pequenino anel que tu me deste…


Manoel Bandeira
Recife, 19/04/1886 - Rio de Janeiro, 13/10/1968

Victor ou Victoria



Musicais bons como esse estão ficando raros... 
'Victor or Victoria' com a ótima Julie Andrews e excelentes interpretações de James Garner e Robert Preston, boas músicas, um texto inteligente, é sempre um prazer rever. 

De última hora

Um terrível incêndio num depósito de combustível em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, um verdadeiro horror! 
Já houve explosões.
A Globo News está transmitindo ao vivo.
As previsões são horrorosas.

*
Atualizando às 13:32: o prefeito de Duque de Caxias está indignado com a bagunça das licenças para esses depósitos em uma cidade com tantos moradores... 

Como sempre, nós aqui compramos o cadeado depois das portas arrombadas. 

Da Arca do Tesouro

O Blog que morava dentro da Nave-Mãe tinha um concurso que se chamava O Mais Belo Ipê Amarelo De Qualquer Cor.

Só podiam participar os "donos" das árvores, quer dizer, ou seus plantadores ou filhos de, ou os que morassem na rua em que as árvores se exibiam. Tinha que haver uma relação de afeto entre o homem e a planta. 

Recebí lindas fotos e palavras emocionadas de seus "proprietários".

Hoje trago um belo ipê e um lindo texto: 




Os ipês até agora apresentados são mais belos que o ipê defronte da minha casa.

Mas os ipês até agora apresentados não são mais belos que o ipê defronte da minha casa (ainda um rapazinho nos seus sete anos).

Porque os ipês até agora apresentados não são o ipê defronte da minha casa, que plantei e quando floresce me enternece.


Antonio Carlos A. Gama


Originalmente publicado em 29 de agosto de 2011 no Blog da Maria Helena 

A Grandeza de Ruy Mesquita

por Marco Antonio Rocha

"Era domingo. Vladimir Herzog havia sido morto nas dependências do DOI-Codi no dia anterior, sábado, 25 de outubro de 1975.

Eu, meus filhos e minha mulher Olinda, já falecida, estávamos na fazenda da mãe dela, em Guaratinguetá (SP). As emissoras de rádio noticiavam a morte de Vlado juntamente com o comunicado oficial do 2.º Exército de que ele cometera “suicídio”.

As rádios informavam ainda que “as autoridades” buscavam outros comunistas mencionados num bilhete que o Vlado tentara rasgar, mas elas haviam reconstituído. Entre os procurados – vários colegas nossos – surgia também o meu nome. Depois de conversar com minha mulher, resolvi me apresentar e, em seguida, liguei para o Estadão. Puseram-me em contato com o Dr. Ruy Mesquita.

Ele me disse que viesse para São Paulo, mas não fosse para minha casa, e sim para a redação do jornal. Tomamos um táxi, eu e Olinda (meus filhos, pequenos, ficaram na fazenda), e viemos para São Paulo.

Fui para a redação do jornal. Ali o Dr. Ruy me disse que naquela noite eu dormiria na casa dele e só no dia seguinte decidiríamos se eu me apresentaria às chamadas “autoridades”, ou não. Passei, de fato, a noite na casa do Dr. Ruy, no quarto do filho dele, o Ruyzito, que estava viajando.

No dia seguinte, segunda-feira, eu, o Dr. Ruy, Olinda e o presidente do Sindicato dos Jornalistas, Audálio Dantas, fomos os quatro ao quartel do 2.º Exército para que eu me apresentasse. Fomos recebidos pelo general Ferreira Marques, uma vez que o então comandante, general Ednardo D’Ávila Mello, tinha ido para Brasília.

A conversa durou cerca de meia hora, com a presença de outros oficiais graduados. E nela ficou acertado que eu permaneceria nas dependências do 2.º Exército para prestar depoimento e responder às perguntas que me fossem feitas.

O importante, na conversa, foi o que o Dr. Ruy disse ao final, e que resumo no seguinte: ele, Dr. Ruy Mesquita, e o jornal que dirigia, o Estado, a partir daquele momento passariam a considerar o general Ferreira Marques pessoalmente responsável pelo que acontecesse ao jornalista Marco Antonio Rocha, que ali estava presente e ali ficaria para ser interrogado.

O oficial-general, pretendendo não ter entendido o porquê da advertência, protestou que ela era inteiramente desnecessária, ao que o Dr. Ruy afirmou que se tornara necessária à luz dos fatos do sábado que haviam resultado na morte do jornalista Vladimir Herzog, não no quartel-general, mas em dependência policial militar vinculada ao 2.º Exército. Com esse final, todos se despediram e eu fiquei “internado” para o depoimento e interrogatório que durariam uma semana.

Eu não era, até então, ninguém especial, nem no jornal nem na vida do Dr. Ruy ou de sua família. Não podia esperar ser tratado pelo patrão com a hombridade, dignidade e coragem demonstradas pelo Dr. Ruy naqueles dias trágicos e politicamente violentos.

Dois anos depois, o mesmo patrão, que nada me devia, nem mesmo laços de amizade, teria um segundo gesto de apreço pela verdade e pelo seu funcionário, ao comparecer perante o Tribunal Militar para depor em minha defesa no processo em que fui acusado de ser subversivo, comunista e traidor da Pátria, nos termos da Lei de Segurança Nacional da época, que, como quase ninguém hoje sabe, ou se lembra, previa pena de morte para os condenados. Fui absolvido.

De tudo ficou em minha consciência o exemplo de um dos melhores e mais atentos jornalistas que conheci nos meus 55 anos de profissão, mas também de uma figura humana de grandeza sem par: Ruy Mesquita.


Transcrevo aqui artigo escrito pelo jornalista Marco Antonio Rocha no dia seguinte ao falecimento do dr. Ruy Mesquita e publicado no Blog do Noblat, ontem, 22 de maio.
Acrescento que não conheci o dr. Ruy e que não conheço o jornalista autor do texto: mas creio que ambos merecem a homenagem singela deste blog.

Palavrinha

*
Hoje trago um novo blog para a nossa lista. É de um jovem curioso, inteligente e bem humorado. Conheci o jornalista Marco Antonio Miguel durante o clipping no Blog do Noblat e ficamos amigos. Recebi dele, ontem, a mensagem que copio abaixo:

(...) faz um ano que desembarquei em Buenos Aires – o céu estava nublado e garoava. Deixei o aeroporto e subi no coletivo. Não tinha moedas pra pagar o ônibus e suas máquinas que só aceitam níquel (me esqueci disso). Duas simpáticas passageiras fizeram uma vaquinha, pagaram e me avisaram onde descer pra pegar o metrô, rumo a Avenida de Mayo.

Pra “comemorar” a data, mando mais um blog: A vida é um prato sem receita. Conversas enquanto se cozinha, papos enquanto se come.

São histórias das pessoas que encontrei e dos pratos típicos que provei. A comida é desculpa: o que importa são as pessoas e seus relacionamentos. Conto histórias que vivi, aumentei ou inventei.

Comer é uma celebração, mas até agora a maioria das histórias falam das asperezas do cotidiano. Contraditório. Ainda não relatam aspectos culturais, nem a História de cada lugar. Podiam passar em qualquer cidade ocidental, com qualquer um de nós ou de nossos amigos.

Um novo post nos dias 21 e 5 de cada mês, é o que garanto nos próximos 4 meses, porque tenho mais 8 histórias prontas. Depois é depois.

Escolhi uma linguagem direta, sem muitas descrições e um limite de 4 mil caracteres.

Estou suando selva em Iquitos, amazônia peruana. Volto pra Lima na sexta e sigo pro norte. Devo chegar ao Equador em um mês.



A Casa de Ferro, em Iquitos, no Peru


Espero que vocês gostem da novidade. Eu gostei! MH

Olá! Bom Dia!


Yves Montand declara seu amor a Paris, com suas virtudes e defeitos, cantando as palavras do poeta Léo Ferré