quinta-feira, 27 de junho de 2013

Palavra da Coruja


Vencer é pouco, é preciso saber seduzir. 
Voltaire

Fim de Tarde


                                         Domenico Modugno, em Volare!

Para a Hora do Chá

O Burro 

 Vai ele a trote, pelo chão da serra, 
 Com a vista espantada e penetrante, 
 E ninguém nota em seu marchar volante, 
 A estupidez que este animal encerra. 

 Muitas vezes, manhoso, ele se emperra, 
 Sem dar uma passada para diante, 
 Outras vezes, pinota, revoltante, 
 E sacode o seu dono sobre a terra.

 Mas contudo! Este bruto sem noção, 
 Que é capaz de fazer uma traição, 
 A quem quer que lhe venha na defesa, 

 É mais manso e tem mais inteligência 
 Do que o sábio que trata de ciência 
 E não crê no Senhor da Natureza. 

Patativa do Assaré

A palavra é de... Carlos Brickmann

Os Culpados de Sempre

No clássico final de um filme clássico, Casablanca, um oficial alemão é morto a tiros quando tentava impedir a decolagem do avião que levava a deslumbrante Ingrid Bergman e Paul Henreid (no papel de líder da resistência tcheca ao nazismo). O chefe de Polícia, interpretado por Claude Reins, tinha visto o herói do filme, Humphrey Bogart, matar o oficial alemão. Mas poupou-lhe a vida: determinou aos policiais que prendessem os suspeitos de sempre.

O clássico final de um filme clássico se transformou num hábito: haja o que houver, os culpados são os suspeitos de sempre. Os meios de comunicação, simultaneamente, apoiaram o PT e seus aliados e ficaram ao lado dos inimigos do PT nas manifestações dos últimos dias; ambos os lados hostilizaram a Rede Globo e tentaram impedir o merecidamente respeitado Caco Barcellos de fazer a cobertura de um dos protestos, a Polícia feriu 15 jornalistas (um está seriamente ameaçado de perder a visão de um dos olhos, outra levou um tiro de bala de borracha no rosto e, ao que tudo indica, só não ficou cega porque os óculos que usava lhe ofereceram alguma proteção).

A repórter Giuliana Vallone, que levou o tiro no rosto, estava totalmente identificada, com crachá e tudo; outros fotógrafos usavam todo aquele equipamento que caracteriza os fotógrafos, o que inclui colete cheio de bolsos, com tiras refletivas, e imensas câmeras. A PM os atacou assim mesmo.

 Um carro da Record e um do SBT foram incendiados, dois carros da Bandeirantes foram depredados. A Globo preferiu fazer a cobertura com base em imagens de seus helicópteros, com repórteres em lugares protegidos.

 Vândalos, bandidos? Sim, havia esse tipo de gente misturado às manifestações (tanto que, quando tiveram oportunidade, invadiram e roubaram lojas), mas não eram os únicos inimigos da imprensa. A paranoia chegou a tal ponto que, no Facebook, houve quem acusasse a Globo de "ser petista", de ser "notoriamente petista" e de estar "a serviço do PT". Patrícia Poeta, que ancorou boa parte das reportagens, foi classificada de "petista radical".

E também havia quem atribuísse o viés antigovernista das manifestações ao "trabalho golpista da imprensa" e defendesse a censura - quer dizer, uma lei de controle social da mídia. Ou, em bom português, "Ley de Medios", copiando servilmente até o nome do esquema argentino de censura adotado pela presidente Cristina Kirchner.

 E daí? Daí que todos os lados deixaram de perceber que sua maior garantia de segurança, nos confrontos, era exatamente o trabalho dos meios de comunicação. Bloquear o trabalho da imprensa equivalia a bloquear seu próprio acesso aos meios para transmitir à população os pontos de vista de sua facção; pior, equivalia a entrar nos confrontos sem testemunhas, no escuro, sem a proteção da transparência e da publicidade dos fatos.

Enfim, isso é coisa antiga. O problema é que, em manifestações que pretendem mudar o Brasil, esse velho ranço mostra que o moderno ainda vai demorar a chegar.


carlos@brickmann.com.br
www.brickmann.com.br


Publicado originalmente no Observatório da Imprensa de 25/06/2013

A Charge do Loredano



Vocês sabem quem são os personagens dessa esplêndida charge do Loredano?

Arca do Tesouro


Que tal viajar ao som da belíssima música de Villa Lobos, no delicioso trenzinho criado por Silvia Queiroga (SissiClips)? É uma viagem emocionante, por um Brasil que pode não estar visível, mas que ainda existe. Só depende de nós...

Transcrito da Navetta*, onde foi publicado em 31/10/2010

Quanto custará o plebiscito de Dilma, por Ricardo Noblat

Transcrevo do Blog do Noblat, onde foi postado ontem às 19:02, porque acho imprescindível que o maior número possível de brasileiros pense muito bem nisso. Sou um grão de areia na web. Mas se cada grão de areia informar o item a seguir a um amigo ou parente, nosso solo ficará mais forte:

O plebiscito obrigará os brasileiros a entenderem em cerca de um mês o que significa, por exemplo, voto distrital misto, distritão, voto distrital e voto proporcional; as vantagens e desvantagens de cada um.

Leiam a íntegra do texto assinado por Ricardo Noblat e depois conversamos:

"País rico é outra coisa.

Sabe quanto custará o plebiscito sobre a reforma política proposto por Dilma?

Especialistas da Justiça Eleitoral calcularam esta tarde.

Custará algo em  torno de meio bilhão de reais.

E tem mais um agravante: ele só será possível se a Justiça Eleitoral suspender o recadastramento biométrico* em curso dos eleitores.

As duas tarefas juntas ela não poderá tocar.

O plebiscito obrigará os brasileiros a entenderem em cerca de um mês o que significa, por exemplo, voto distrital misto, distritão, voto distrital e voto proporcional; as vantagens e desvantagens de cada um.

E esse é um ponto, um único ponto de uma reforma que para ser levada a sério compreenderá dezenas de pontos".

Vocês acham que essa mágica será possível? Eu, como acho essa uma tarefa impossível, vou tratar de conversar com amigos, parentes e leitores e pedir que pensem muito nesse plebiscito e raciocinem se isso nos interessa agora, ou não. Se é do interesse do Brasil ou do interesse do PT. 

É Hora de Pensar!!!




Ary Franco

Um Gigante Que Desperta

Com palavras de ordem e cartazes mais ou menos com o título acima, o povo brasileiro vem dando uma demonstração de que sua inércia acabou.



Acabou a leniência e a falta de vontade de reagir diante dos desmandos da classe política e, portanto, dos governos.

Parece que, enfim, o povo começa a entender o que significa ter representantes, e que esses mesmos representantes só se legitimam ao exercício desse papel na medida em que efetivamente representem a vontade do coletivo que os elegeu.

Nos últimos dias, em uma ação histórica e única até aqui, o povo se despiu da voz partidária, abandonou o casulo das bandeiras de facções e soltou a sua própria e soberana voz. A voz única dos titulares de direitos, vez que, antes de qualquer alinhamento ideológico, somos todos brasileiros e cidadãos que merecem respeito.

O povo, mais do que simplesmente cantar o hino nacional, resolveu exercer a sua letra, emprestando vida e alma a palavras que, para muitos, quase nada significavam e, ao fazê-lo, acabou por reescrevê-lo em episódio atual:

Ouviram das ruas as guias solitárias
De um povo estoico o brado vivificante
E o clamor por respeito, a uma só voz
Ecoou nas mentes nesse instante...

O clamor nacional, praticamente uníssono, exige que os governos e os políticos aprendam a ter mais respeito pela coisa pública e pelos destinos do país, deixando de tratar seus mandatos como investidura de poder para uso privado.

Há muito que nos perguntamos “até quando?” relativamente a várias e intermináveis questões, como a seca, a pobreza, a falta de investimentos sérios e duradouros em educação e saúde, enfim, questões nacionais sempre relegadas a um segundo plano. Questões sempre tratadas após e em função da perpetuidade dos tais representantes no poder.

Nossos representantes. Que nada. Eles vêm exercendo seus mandatos de forma tão distorcida, que nem mais são capazes de lembrar a razão que os fez políticos.

A hora do “até quando?” já passou. O próprio povo, retomando sua própria voz – que até aqui vinha sendo mal apresentada por seus eleitos – determinou em tom solene: Basta! Chega de desmandos e descasos de toda sorte! O destino do Brasil é dos brasileiros e que disso ninguém duvide!

Como já escreveu Antonio Maria, em sua decantada obra “Brasileiro profissão Esperança”, o povo nada mais tem feito do que repetir suas palavras na beleza de uma atitude de protesto que, em essência, repetiu e repetiu até a exaustão: “Não sei por onde vou! Não sei para onde vou! Só sei que não vou por aí!"

Que o despertar do gigante seja seguido de um firme caminhar...


Ary Franco Neto é advogado.

Olá! Bom Dia!

Some Of These Days, com a Louisiana Jazz Band e Boss Queraud