quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Palavra da Coruja


É necessário coragem para ficar em pé e falar; mas também para sentar e ouvir.
Winston Churchill

Memento


CultMovie - Quanto Mais Quente Melhor

Fim de Tarde


There will never be another you

Para a Hora do Chá

Elizabeth Barrett Browning


How do I love thee? Let me count the ways. 
I love thee to the depth and breadth and height 
My soul can reach, when feeling out of sight 
For the ends of being and ideal grace. 

I love thee to the level of every day's 
Most quiet need, by sun and candle-light. 
I love thee freely, as men strive for right. 
I love thee purely, as they turn from praise. 

I love thee with the passion put to use 
In my old griefs, and with my childhood's faith. 
I love thee with a love I seemed to lose 

With my lost saints. I love thee with the breath, 
Smiles, tears, of all my life; and, if God choose, 
I shall but love thee better after death. 




Tradução de Manuel Bandeira

Ama-me por amor do amor somente. 
Não digas: “Amo-a pelo seu olhar, 
o seu sorriso, o modo de falar 
honesto e brando. Amo-a porque se sente 

minh’alma em comunhão constantemente 
com a sua”. Por que pode mudar 
isso tudo, em si mesmo, ao perpassar 
do tempo, ou para ti unicamente. 

Nem me ames pelo pranto que a bondade 
de tuas mãos enxuga, pois se em mim 
secar, por teu conforto, esta vontade 

de chorar, teu amor pode ter fim! 
Ama-me por amor do amor, e assim 
me hás de querer por toda a eternidade 


(Soneto 43 do "Sonnets from the Portuguese")

A palavra é de... Dora Kramer

Não vale o escrito

O Estado de S. Paulo

Substantivo que define o "estudo de juízos de apreciação referentes à conduta humana suscetível de qualificação do ponto de vista do bem e do mal", a palavra "ética" perdeu a força de seu conceito e ganhou lugar no rol das banalidades.
Muito falada e pouco praticada, em alguns ambientes virou sinônimo de farisaísmo. Neles, sua defesa é vista como mero exercício de hipocrisia. Coisa de gente moralista no sentido pejorativo do termo e o abrigo ideal para amorais enrustidos. De onde não valeria a pena perder tempo com o assunto.
Por esse raciocínio, está coberto de razão o senador Edison Lobão Filho - suplente do pai, ministro das Minas e Energia - quando diz que a inclusão do compromisso com a ética no juramento de posse dos senadores poderia "dar margem a interpretações perigosas".
Relator da proposta de reforma do regimento do Senado em vigor desde 1970, Lobão Filho retirou três itens do projeto original: a exigência de apresentação da relação de bens de parentes até segundo grau dos senadores (para evitar transferência dolosa), a inclusão de atos cometidos fora das dependências do Legislativo para efeito de punição por quebra de decoro e o compromisso explícito com a ética no cumprimento do mandato.
Além de "interpretações perigosas", o senador teme que a tão desgastada palavra crie "conflitos" no Senado, pois o que é ético para uns é antiético para outros. Deve perder a parada. De olho na "agenda positiva", seus pares provavelmente discordarão e a ética deve acabar entrando no texto do regimento. Custa baratinho, já que não vale o escrito.
Leia a íntegra no Estadão

Armas não letais, por Ivan de Carvalho

Balas de borracha e bombas de gás e de “efeito moral”, apelidadas pelas autoridades de “armas não letais”, foram, nas manifestações de rua de junho e mesmo de julho, largamente usadas contra os “vândalos” – apelido dado por autoridades e comprado pela mídia aos que se envolveram em depredações e até roubos de mercadorias em lojas arrombadas.

Muito lamentável é que autoridades e mídia não se preocuparam em identificar exatamente a composição dos grupos de vândalos que insistiam em fazer suas ações paralelas às manifestações absolutamente pacíficas. Então acabavam surgindo, quase invariavelmente à margem, isolados das manifestações principais pela rejeição dos próprios manifestantes, os “vândalos”.

Compondo esses grupos de vândalos certamente havia pessoas com ideologias totalitárias, outras apenas exercendo suas próprias tendências naturais à violência, bandidos profissionais ou eventuais que se aproveitavam do tumulto para invadir lojas e roubar mercadorias e, finalmente, os “infiltrados”, gente posta lá por quem devia zelar pela ordem para provocar desordem que lhes permitisse atingir politicamente as grandes manifestações que abalaram os governantes.

Mas estou escrevendo isto hoje por um motivo especial. Foi o dia em que tomei conhecimento de uma carta. Eletrônica, como é desses tempos.

Em São Paulo, o fotógrafo Sérgio Silva, no exercício de sua profissão e exercendo direitos garantidos pela Constituição brasileira, que documentava uma manifestação, foi atingido no olho esquerdo por uma bala de borracha, uma inocente “arma não letal”. No dia 25 de julho ele recebeu dos médicos a desconfortável notícia final de que jamais voltaria a enxergar com o olho atingido. Vai colocar uma prótese, não para ver, mas para que as outras pessoas não vejam. Não percebam com muita facilidade o resultado plástico da crueldade de que foi vítima.




O fotógrafo Sérgio Silva (foto acima) iniciou na Internet uma petição (abaixo assinado que continua recebendo signatários, no site Change.org) ao governador de São Paulo e outras autoridades a este subordinadas, pretendendo que seja proibido o uso de “armas não letais” como as balas de borracha, as bombas de gás lacrimogêneo e as outras. É bom lembrar que esteve sendo usada no Rio de Janeiro a arma conhecida pela sigla Taser, que dispara um raio elétrico de alta voltagem.

Classificada como “não letal”, a arma Taser pode ser letal, se usada além dos limites de prudência (coisa comum quando entregue a policiais despreparados psicologicamente e indevidamente instruídos) ou se, mesmo dentro destes limites de uma suposta prudência, atinge alguém com problemas cardíacos, a exemplo de arritmias. Pode desencadear uma parada cardíaca.

Mas, em resposta aos muitos signatários da petição a que deu origem na Internet, o fotógrafo Sérgio Silva enviou carta dando conta do desfecho médico do seu caso, acrescentando: “Mas o pior mesmo é olhar para o tempo e ver que os abusos por parte da polícia nas manifestações não tem fim. Desde que eu, vários jornalistas e manifestantes paulistas fomos feridos por balas de borracha e bombas de gás, ficamos sabendo de outros casos no Rio de Janeiro de pessoas que também perderam a visão ou se machucaram gravemente. Definitivamente, isso não pode continuar!”. Tive a nítida impressão, praticamente certeza, acompanhando o noticiário dos fatos, que várias vezes a mira foi feita deliberadamente no rosto. As circunstâncias indicavam isto.

Bem, se uma arma Taser pode matar, também uma bala de borracha não é tão inocente como os governos querem que as pessoas acreditem. Ela também pode matar. Disparada de perto e atingindo uma das têmporas, pode ser fatal. No Rio de Janeiro houve também quem perdesse a visão, como também quem ficasse gravemente ferido, em consequência da inócua bala de borracha.

E já que dissemos que uma arma Taser, mesmo se usada nos limites de uma suposta prudência, pode matar uma pessoa cardíaca (e são extremamente numerosos os cardíacos, atualmente, e cada vez cardiopatias atingem pessoas mais jovens), vale uma observação sobre as bombas de gás: o que acontece se um portador de doenças pulmonares sérias, um asmático grave, por exemplo – que vai passando e nada tem com a refrega entre a polícia e os “vândalos” ficar exposto a uma nuvem desse gás e não receber um socorro imediato e adequado?


Acontece um enterro.

Transcrito do blog Bahia em Pauta, de 6/8/2013

Três versões de "If I Had You": Nellie McKay 2010 (três)

Três versões de If I Had You : Hot Jazz Band em 2004 (duas)


Três versôes de If I Had You: Benny Goodman 1980 (uma)




Ladroeira lá e cá, por Carlos Brickmann

A denúncia de uma grande ladroeira está rodando por aí há mais de cinco anos, sem que o Governo se preocupe. De repente, por coincidência perto das eleições de 2014, o assunto é retomado. E o Governo diz que não sabia de nada.

Mais um escândalo do PT? Poderia ser - mas este atinge o PSDB, em seu principal núcleo, o paulista. Nele são citados seus principais líderes, Alckmin e Serra, e também sua grande referência moral, o falecido governador Mário Covas. Outro líder tucano, o presidenciável Aécio Neves, também terá problemas: não é que ao mesmo tempo deve ser julgado no STF o Mensalão mineiro?

A denúncia da Siemens de formação de cartel em obras públicas paulistas desde a época do Governo Mário Covas é recente. Mas as investigações na França e na Suíça sobre propinas pagas pela Alstom no mesmo caso, no mesmo período, foram divulgadas na imprensa internacional (e também por esta coluna), desde 2007, sem que o Governo paulista se movesse.

A reação tucana, de reclamar de "vazamentos seletivos" de informações, para prejudicar o partido, é justa: os vazamentos mostram à opinião pública apenas um lado da questão. Mas é igualzinha à reação dos petistas quando alguma denúncia de corrupção os atinge.






O PT foi criado para ser "diferente de tudo o que está aí" - e hoje luta para provar que os outros que estão aí são iguaizinhos a ele. O PSDB foi criado para livrar-se da sujeira que via no PMDB de Quércia - e teve de buscar o apoio de Quércia na eleição presidencial.

Iguais até nisso: o Senhor fez, o diabo juntou.



Leia a íntegra em Brickmann & Associados

Propina da Siemens foi de 8 milhões de euros no País

Bruno Ribeiro, Jamil Chade e Marcelo GodoyO Estado de S. Paulo

A Justiça alemã concluiu que a Siemens pagou pelo menos 8 milhões de euros, o equivalente a R$ 24,4 milhões, a dois representantes de funcionários públicos brasileiros, como parte de um amplo esquema de corrupção em contratos públicos no Brasil. Os dados fazem parte da investigação conduzida por promotores em Munique e que resultou na condenação, em 2010, da empresa alemã ao pagamento de uma multa bilionária. O caso brasileiro, segundo a Justiça alemã, ajudou a comprovar o esquema internacional de corrupção da multinacional.
O Estado teve acesso a documentos que a Siemens apresentou à Justiça no Brasil, e eles mostram a ação de dois consultores para a manutenção do cartel e a fraude contra os cofres do governo de São Paulo entre 2001 e 2002, durante o primeiro mandato de Geraldo Alckmin (PSDB). Trata-se dos irmãos Arthur e Sérgio Teixeira - este já morto. OEstado procurou Arthur. Em seu escritório em São Paulo, uma secretária informou que ele estava viajando. A Siemens reafirmou nesta terça-feira, 6, que colabora com as investigações do caso.
Eles eram proprietários das empresas Procint e Constech. Em setembro de 2001, Everton Rheinheimer assumiu a direção da divisão de transportes da Siemens. Na época, estava em andamento a licitação para a reforma dos trens S2000, S2100 e S3000 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). 
Em reunião na sede da Alstom com as demais empresas acusadas de compor o cartel, Rheinheimer, desconfiando que queriam passar a Siemens para trás, afirmou que a alemã não dividiria a licitação S3000. Disse, então, que faria uma proposta competitiva para ganhar o contrato de R$ 55 milhões (valor atualizado).
Dias antes da entrega para o governo das propostas para os projetos S3000 e S2100, o executivo disse que foi procurado pelos consultores. Queriam que ele se encontrasse com as outras empresas - o que ocorreu. Só um representante de cada empresa - Siemens, Alstom, CAF, Bombardier, Mitsui e Temoinsa - participou. Na reunião ficou acertado que a Siemens venceria a licitação S3000. "As outras empresas competidoras apresentariam preços superiores à proposta das Siemens e bastante próximas do orçamento da CPTM, como propostas de cobertura", escreveu Carlos Emmanuel Joppert Ragazzo, superintendente-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), do Ministério da Justiça, em documento sobre a denúncia apresentada pela Siemens. Em troca, as demais dividiriam a S2100 da CPTM. 
Arthur e Sérgio Teixeira são suspeitos de serem a ligação entre as empresas do suposto cartel e os diretores do Metrô e da CPTM. As empresas dos consultores foram apontadas em denúncia apresentada por deputados do PT em 2009 ao Ministério Público Estadual (MPE) como o elo entre o cartel e empresas offshore no Uruguai.
Leia a íntegra em O Estado de S. Paulo