segunda-feira, 1 de julho de 2013

Palavra da Coruja


A mentira dá a volta ao mundo enquanto a verdade ainda está calçando os sapatos.
Mark Twain

Fim de Tarde

                              

I Am What I Am: Shirley Bassey

Para a Hora do Chá


Chopp

Na avenida Guararapes,
o Recife vai marchando.
O bairro de Santo Antonio,
tanto se foi transformando
que, agora, às cinco da tarde,
mais se assemelha a um festim,
nas mesas do Bar Savoy,
o refrão tem sido assim:
São trinta copos de chopp,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrados.

Ah, mas se a gente pudesse
fazer o que tem vontade:
espiar o banho de uma,
a outra amar pela metade
e daquela que é mais linda
quebrar a rija vaidade.

Mas como a gente não pode
fazer o que tem vontade,
o jeito é mudar a vida
num diabólico festim.

Por isso no Bar Savoy,
o refrão é sempre assim:
São trinta copos de chopp,
são trinta homens sentados,
trezentos desejos presos,
trinta mil sonhos frustrados.


Carlos Pena Filho

A palavra é do... Estadão

A política nas ruas

As manifestações populares que tomaram as ruas nas últimas semanas, entre os resultados concretos que já produziram - como a redução das tarifas dos transportes - e outros que certamente ainda provocarão, colocam a nu a monumental realização de Lula e do PT em pouco mais de dez anos no poder: a debilitação, quase a anulação, do debate político em seu maior foro institucional, o Parlamento.


Na falta de quem exprimisse seus anseios e necessidades mais prementes - captá-los e processá-los é função dos políticos, numa democracia representativa -, o cidadão saiu às ruas para dizer ele próprio o que pensa e o que quer do governo. É simples assim. Menos mal, é claro, que vivemos num país em que o cidadão tem a liberdade de sair às ruas para se manifestar. Mas é muito ruim que seja forçado a esse exercício democrático porque se cansou de ver obstruídos os canais institucionais que, por definição, existem para representá-lo.

Esse gravíssimo sintoma do mau funcionamento do sistema democrático só pode ser debitado na conta de quem tem a responsabilidade de manejá-lo: o governo.

Leia a íntegra em O Estado de S. Paulo 

De Lauro Jardim, Radar OnLine

Podem berrar quanto quiserem "Abaixo a Rede Globo!", mas como? Se é a melhor do país e quiçá uma das melhores do mundo? É o tal negócio, quem sabe, sabe...



No topo

Audiência recorde na Copa

Números prévios da audiência da final Copa das Confederações mostram que a Globo liderou no horário com uma média de 34 pontos e 54% de participação na Grande São Paulo, segundo dados do Ibope. Um resultado bastante superior ao da semifinal, entre Brasil e Uruguai, quando a Globo alcançou 25 pontos.
Se comparada com a média dos finais de domingo da emissora, a Copa obteve um público 90% superior ao do domingo passado, no mesmo horário.

A Band, que também exibiu o jogo, registrou dez pontos.

Em terceiro, com cinco pontos, apareceu o SBT. No quarto lugar, a Record, com quatro pontos.

Arca do Tesouro

É pra fazer barulho mesmo!

Gostava que alguém respondesse a uma pergunta: por que será que as famílias dos nobres congressistas, com raríssimas exceções, não moram em Brasília?

É um fato assaz curioso. Brasília tem excelentes colégios, uma boa universidade pública, comércio de alto nível, os parlamentares têm auxílio-residência, então por que essa coisa estranha? O cara (ou a cara) é eleito para o Congresso Federal, pronto, é motivo para se separar da família. Eles lá e ele lá longe...

Se a família é sagrada, como disse o Deputado Inocêncio, e eu concordo com ele, não era melhor morarem todos na mesma cidade e o deputado ir só uma vez por mês visitar suas bases?

Garanto uma coisa: nós, as mulheres, como base, preferimos que nosso representante só venha nos visitar uma vez por mês. E como mulher e mãe, com toda a certeza, que o marido more em casa, todos juntos.




Quanto aos maridos das senadoras e deputadas, eles que falem pelo seu sexo. Mas algo me diz que acabariam concordando comigo. É que meu modo de ver as coisas evita muitos efeitos colaterais, sabem?

Brasília não tem mais leões, tigres, dinossauros, abelhas africanas, elefantes à solta. Podem levar suas famílias, senhores. Essa desculpa para uma vida dupla já não cola.


Publicado originalmente na Navetta* em 22/04/2009 - e eu pergunto: será que ainda é assim?

Marli Gonçalves

Cura aqui, ó!


*

Sabe criança quando mostra o "dodói"? Imagino o Brasil, o mapinha, todo remendado, com ataduras, suplicante, apontando com os seus dedinhos gordos para suas próprias feridas, que são muitas, urgentes, não dá mais para eles enrolarem. E a gente tem de aguentar, além do mais, e ainda por cima, esse palhaço fazendo graça com a nossa cara, com o que é sério, com o que temos a dizer? Ouvir todos esses vira-bandeira/casaca, cara de pau de peroba, adeptos de última hora, falando em corrupção, passe livre, e iniciando mais movimentos populistas? Aguentar cara feia?

Ora, chega! Vocês me desculpem, mas tem hora que quero fazer aquela cara da Dercy Gonçalves, lembram?, aquele trejeito de puxar a boca, só dela, troçando e ao mesmo tempo fazendo gestos obscenos, pouco se importando, mas muito clara em seus protestos, esbugalhando o olho. Sempre gostei de Dercy, não sei se pelo Gonçalves, mas acho que mais, muito mais, pela clareza de suas críticas, sem papas na língua.

Então, como ia dizendo, e com essa cara de Dercy: Sr. Feliciano, cura aqui, ó! Dona Dilma, cura aqui, ó!

Quero dizer: senhores doutores, formadores de opinião, elite pensante, gente legal de várias matizes, intelectuais sérios e não-vendidos para os sistemas, artistas, juristas, homens e mulheres que querem o bem do Brasil! Reúnam-se! Não esperem mais o chamado porque está tudo muito confuso e ele, esse pedido de uma sociedade civil organizada, pode não vir tão já, e nós precisamos de vocês agora. Curem aqui, ó!

Curem a descrença com que andamos pelas ruas, em nossas marchas onde pedimos de tudo, para ver se ganhamos algum troco. Curem o nosso combalido sistema de saúde, ameaçado agora de piorar com a contratação desastrada e mal pensada de médicos estrangeiros, que vão fazer o que, vão viver como nesse interior de Deus? Não vai dar certo, a gente sabe. Evitem que aconteça. Evitem, por favor, que se gaste, que se desperdice tanto, inclusive tempo e, fundamental, não deixem que nos enganem com tantas propostas mirabolantes e pouco práticas. Assumam alguma responsabilidade nisso tudo.

O Governo está um Governo ENEM, cheio de erros em várias questões, em várias alternativas que acabarão por ser anuladas e nós seremos postos à prova, mas de coisas ruins.

Conheço e tenho encontrado com vários de vocês. Sei bem que vocês estão aí na espreita, com um sorrisinho feliz na cara, aquele, quase cínico, porque - convenhamos e admitamos - tudo isso é surpresa, já imaginávamos quase perdido esse jogo, e é bom demais ver esses caras que esqueceram para o que vieram, sambando na fogueira acesa, pisando em brasas, ui,ui,ui. Mas sei também que vocês estão bem apreensivos com a gravidade do momento, um pouco perplexos com a desarticulação, com o bate-cabeça, com as lideranças questionáveis, com porta-vozes que não reconhecemos. Não vai dar para ficar só no camarote, minha gente, fazendo cara de vip. Tem de descer no campo, escrever, dar entrevistas, devem contatar se entre si, não ter medo - não é hora!- de criticar, de se expor, de sujar as mãos, e até de errar. Conclamo uma reunião dos que têm boa vontade.

Precisamos continuar "ticando" a lista de desejos que é enorme, validar a prescrição de remédios para curar o que há de ser curado, e não é sem tempo. Nisso, varreremos de nossa frente muitos desses dissimulados, jogadores do Mal, a começar por esse zinho que vem usando a religião para suas brincadeiras na área de direitos humanos, que ousa nos enfrentar conclamando uma daquelas que seria a pior divisão agora, a da guerra religiosa, do preconceito, da banalização da violência.

Chega: é hora do basta. Vamos curar nossas instituições. E o comportamento, mas o deles, que são os que precisam ser corrigidos mais rapidamente.

Eles, os que nos governam, estão perdidos, e de mau humor, ladeira abaixo. Os que nos representam estão acuados, vendo o vento soprar em suas nucas, fazendo-os tirar os fundilhos de sua zona de conforto. Os que nos penalizam, devem agilizar e fazer cumprir as regras, que serão fundamentais e precisaremos que ajam como sábios. Os Três Poderes estão em estado de choque, cada um no seu quadrado.

Vamos apoiar mudanças, vamos ajudar, mantendo as ruas falando, buscando clima de paz, sem confrontos quando estes não forem necessários, quando não sirvam como defesa. Olho vivo em infiltrados, provocadores e gente que joga em campos cujo gramado já replantamos uma vez, e não queremos outra. Chega de violência.

Cura aqui, ó! Cura esse Brasil tão louco, que se inflama, que se emociona, que sabe brincar até quando fala sério. Que não quer andar para trás, nem perder suas conquistas.

São Paulo, segundo semestre, 2013


Marli Gonçalves é jornalista - Tanta tensão, tanto stress, tem de valer.


E-mails:
marligo@uol.com.br


* ilustração Brasil dodói

Mary Zaidan

Se essas ruas fossem minhas

É incrível, inacreditável, mas o PT parece estar conseguindo verter a seu favor a repulsa das ruas aos seus métodos e modos. Como em um passe de mágica, a marquetagem oficial transformou as manifestações de milhões contra governos, políticos, os péssimos serviços públicos e a corrupção em um plebiscito que ninguém pediu e que só serve à presidente Dilma Rousseff e ao seu partido.

Com treinada desfaçatez, dizem que a consulta popular para a reforma política atende ao clamor das ruas – uma voz muda que só o Planalto ouviu.

O arcabouço para convencer as ruas que elas querem o que elas não pediram foi montado com tal requinte que até a pisada na bola da presidente, que se embananou ao lançar uma inconstitucional Constituinte exclusiva, pouco atrapalhou. Na versão corrigida, Dilma, em sua extrema bondade, reservou ao eleitor o papel de protagonista. Ele poderá indicar o que prefere entre cinco questões que não frequentam os ônibus abarrotados ou as filas do SUS que o sacrificam no dia a dia. Isso no prazo recorde de dois meses. Uma maravilha da democracia moderna.

E ai de quem criticar.

Paralelamente, como as ruas não são mais suas, o PT decidiu atrair a juventude aliada para os gabinetes. Na quarta-feira, o ex Lula reuniu-se com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, a União da Juventude Socialista, o Levante Popular da Juventude e o Conselho Nacional da Juventude. No dia seguinte, a mídia governista estampou: “Lula assume papel decisivo na organização das manifestações em todo o país” (Correio do Brasil). Nem o Pravda faria melhor.




Na sexta-feira foi a vez de Dilma recebê-las. Agregou ao grupo de Lula a Pastoral da Juventude, a Marcha das Vadias e as ex-combativas UNE e Ubes. “Houve um consenso em torno da proposta de reforma política por meio de plebiscito”, disse a secretária nacional da Juventude Severine Macedo, como se esse fosse o eixo dos protestos que tomaram conta do País.

Como os blogueiros pagos deixaram Dilma e o PT na mão, o governo correu para anunciar uma plataforma virtual, apelidada de Observatório Participativo, a fim de marcar presença nas redes sociais. Dificilmente conseguirá êxito também nessa rede, mas garantirá mais alguns empregos para a turma aliada.

Todos reconhecem – PT, Dilma e seu marqueiteiro também - que as manifestações passam longe de uma consulta popular sobre reforma política. A voz das ruas exige transporte público de qualidade, saúde e educação no padrão Fifa. Reivindica o fora Renan Calheiros, cadeia para os mensaleiros. Prefere a Papuda para calar corruptos. E o PT sabe disso. Por isso mesmo prefere enganá-la.


Transcrito do Blog do Noblat de 30/06/2013

Olá! Bom Dia!


A orquestra de Don Costa na apresentação que fez no Teatro Manzoni de Milão, em fevereiro de 1981, de um medley de músicas dos Beatles