sábado, 22 de junho de 2013

Palavra da Coruja


Fiz esta carta mais longa porque não tive tempo para fazê-la mais curta. 
Blaise Pascal

Fim de Tarde


Folião Ausente com a Spok Frevo Orquestra 

Para a Hora do Chá



Coco de Pagu

Pagu tem os olhos moles 
uns olhos de fazer doer. 
Bate-côco quando passa. 
Coração pega a bater.

Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.

Passa e me puxa com os olhos 
provocantissimamente.
Mexe-mexe bamboleia
pra mexer com toda a gente.

Eli Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.

Toda a gente fica olhando 
o seu corpinho de vai-e-vem 
umbilical e molengo 
de não-sei-o-que-é-que-tem.

Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.

Quero porque te quero 
Nas formas do bem-querer. 
Querzinho de ficar junto 
que é bom de fazer doer.

Eh Pagu eh!
Dói porque é bom de fazer doer.

Raul Bopp

Vergonha!

A calma com que aquele barbudinho do MPL se despediu das passeatas foi vergonhosa: reembolsados os 0,20 centavos, o cara pode curtir seu futebol sem remorsos?
Assim, nas calmas?
Quando eu era moça, jogavam futebol nos estádios, as passeatas eram passeatas, as fábricas eram fábricas, as plantas eram do reino vegetal, e um homem dava valor ao fio de sua barba.
Vai ver a sigla nem quer dizer Movimento Passe Livre e sim outra coisa...

Leia sobre a decisão do MPL no Estadão

A palavra é de... Zuenir Ventura

Protesto sim, arrastão não

(...) Se nada for feito com rigor para impedir a infiltração dos vândalos nas manifestações, o movimento vai perder o que havia conquistado: o apoio entusiasmado da opinião pública, que está sendo substituído pelo medo.

Não adianta mais alegar que esses marginais predadores constituem uma minoria, porque é uma minoria disposta a só produzir estragos. Imagens como as de ontem à tarde na Barra da Tijuca, por exemplo, mostrando grupos de jovens com o rosto coberto, agindo impunemente — quebrando vitrines, promovendo saques em lojas e depredando automóveis à venda —, tinham a ver mais com arrastão do que com protesto.

                                                              *******

Obs - Tenho a impressão que em seu artigo de hoje, publicado em O Globo (para assinantes) e no Blog do Noblat, Zuenir Ventura fala pela grande maioria de nós.  

Leiam esse pequeno trecho e depois cliquem em Blog do Noblat para ler a íntegra. É artigo imperdível. MH

Aliens, zumbis, manifestantes e vândalos

por Eugênio Bucci 

Se discos voadores tivessem aterrissado nas cidades brasileiras, despejando centenas de milhares de ETs que ficassem marchando, correndo ou simplesmente vagando sem rumo pelas avenidas, o espanto dos governantes não seria maior. O staff da Presidência da República, além de ministros, governadores e prefeitos, todos sucumbiram à perplexidade, um tanto atarantados. Alguns admitem: seria pretensão dizer que entendem os protestos urbanos desta semana. As cenas os estarrecem. A imagem que estampou o alto das primeiras páginas na terça-feira (18/6), mostrando uma multidão erguendo os braços no teto do Congresso Nacional, lembrava um fotograma de Resident Evil, em que zumbis tomam a cidade de assalto. E, se aqueles sujeitos ali em cima do Congresso fossem de fato zumbis, as autoridades talvez estivessem menos intranquilas.

Do filme O Dia Em Que A Terra Parou (1951)

Muito ainda será dito sobre a natureza das novas passeatas. Agora, os preços das tarifas serão reduzidos – os aumentos serão revogados, melhor dizendo, ao menos temporariamente – e a administração pública tentará ganhar tempo e abrir negociações com o interlocutor desconhecido. Mais uns dias e as ruas deverão sossegar um pouco. Só depois é que a política assimilará aos poucos o sentido do que se passa.

Entre as muitas explicações que virão, há uma que decorre dos estudos da comunicação. Num país em que todo acadêmico é obrigado a ler um pouco de Jürgen Habermas, chega a ser surpreendente como essa via teórica tenha demorado tanto a se insinuar nos debates que já estão em curso. Pelo que temos lido até aqui, é mais comum que os analistas procurem relacionar os protestos aos domínios da chamada esfera pública. Ganhariam mais se procurassem esses nexos em outros domínios.


Leia a íntegra no Observatório da Imprensa de 22/6/2013
Reproduzido da edição para iPads Estadão Noite, 19/6/2013

Pois é...

                                                   

Arca do Tesouro

Na época da Navetta* conheci uma turista que, em minha imaginação, faria o encanto de Indiana Jones... Gostaria de reencontrá-la...

Simpática e com muito bom gosto, ela enviava lindas fotos de lugares distantes e muito interessantes. Como as duas abaixo:


       Estrada que vai de Phuntsoling a Thimpu, no Butão



Siquin, na Índia



Fotos: Josie Lins
Publicadas originalmente na Navetta* em 21/10/2010

Palavrinha

Finalmente dona Dilma lembrou-se que, como Chefe de Governo, era uma boa ideia dizer alguma coisa aos brasileiros que, entre intrigados, assustados e entusiasmados, acompanham as manifestações que ocupam as ruas de dezenas de cidades do país. 

Ontem à noite ela falou, mas quase não disse...

Já na imprensa escrita, duas notícias negam o espírito do pronunciamento de dona Dilma. 

Na Folha de S. Paulo:  Dilma veta parcelamento de dívida das Santas Casas

No Radar, (VEJA): Até o fim do ano dona Dilma deve aprovar (ou não?) o relatório sobre o programa de abertura dos Jogos Olímpicos de 2016, até agora orçado em 100 milhões de dólares.

A se concretizar essas informações, fica a impressão que ela não ouviu "as vozes" das ruas.

Mas tenho que ser justa: desta vez ela não falou em 'dilmês'.

A manhã de um novo amanhã

  Tecendo a Manhã

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.

João Cabral de Melo Neto




Como nesta obra-prima de João Cabral os nossos meninos usaram a Internet para lançar seus gritos: ninguém sabe de quem foi o primeiro grito, o que sabemos é que a esse outros se juntaram e formaram uma onda tênue como a manhã do poeta, que foi se encorpando à medida que outros meninos foram chegando e unidos ergueram uma tenda de tecido aéreo, sim, outra vez lembro o poeta, mas era preciso que fosse aéreo para poder percorrer e cobrir todo o nosso Brasil.

Essa tenda, aérea, sem armação, não acolhe os que vivem de intrigas e malfeitos.

Ali só os que ainda não pisaram o chão dos palácios e os que sonham com os fios da liberdade, da justiça, da misericórdia, da esperança, da honra e do dever para tecer a manhã ensolarada de seu amanhã:

liberdade para expressar o que sentem e exigir o que lhes é devido;

justiça para que todos gozem dos mesmos direitos;

misericórdia para ajudar os incapazes e fortalecer os deficientes;

esperança para nunca deixar de enviar o grito que convoca a união cada vez que isso se torne necessário;

honra em respeitar o país e seu patrimônio, que é de todos;

dever de para sempre lembrar que como a tenda é de todos e para todos, é vital mantê-la para sempre afastada dos marginais.

Mas falta uma palavrinha aí: organização. A teia formada pelos gritos dos meninos precisa ter quem a organize e zele por sua existência. Nada funciona sem ordem e regras que devem ser cumpridas. O contrário é a anarquia. E anárquica, a nova manhã em breve virará a noite da qual jamais sairemos. 


por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
Publicado originalmente no Blog do Noblat em 21/06/2013

Olá! Bom Dia!


C'est si bon!