segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Palavra da Coruja


Se você insiste que eu diga porque o amei, não posso dizer mais do que porque ele era ele, e eu era eu.
Michel de Montaigne

Memento


Persona com Chico Buarque

O amor não conhece leis...


Maria Callas - Habanera - Carmen - Bizet 

Fim de Tarde


Count BASIE " Basie's Conversation " 

Para a Hora do Chá


V (Sonetos)

Noites, estranhas noites, doces noites!
A grande rua, lampiões distantes,
Cães latindo bem longe, muito longe.
O andar de um vulto tardo, raramente.

Noites, estranhas noites, doces noites!
Vozes falando, velhas vozes conhecidas.
A grande casa; o tanque em que uma cobra,
Enrolada na bica, um dia apareceu.

A jaqueira de doces frutos, moles, grandes.
As grades do jardim. Os canteiros, as flores.
A felicidade inconsciente, a inconsciência feliz.

Tudo passou. Estão mudas as vozes para sempre.
A casa é outra já, são outros os canteiros e as flores
Só eu sou o mesmo, ainda: não mudei!

Augusto Frederico Schmidt

O Arno em Florença

 
                                       
                                                               O Arno e a Ponte Vecchia


                                                                 
                                                                O Arno visto da Ponte Vecchia

A palavra é de... José Roberto de Toledo

O Estado de S.Paulo

Ao mesmo tempo que as instituições que sustentam as estruturas de poder sofreram a maior perda de confiança em cinco anos, as pessoas mais próximas dos brasileiros - seus familiares, amigos e vizinhos - mantiveram sua credibilidade quase intacta. Por comparação, ganharam maior poder de influência.
O Índice de Confiança Social do Ibope, divulgado há poucos dias, mostrou que, pela primeira vez desde que a pesquisa começou a ser realizada, em 2009, todas as 18 instituições avaliadas estão menos confiáveis aos olhos da opinião pública do que estavam um ano antes.
Algumas instituições, como a figura do presidente da República, perderam mais que outras, mas ninguém saiu da crise precipitada pelos protestos de junho maior do que entrou. Ao contrário. Até mesmo aquelas que aparentemente pouco têm a ver com os alvos das manifestações de rua, como as igrejas, sofreram desgaste.
Já as "pessoas da família" permanecem dentro da média histórica de confiança. Nada nem ninguém é mais confiável na opinião dos brasileiros do que seus familiares. Seu índice de confiança chega a 90 num máximo de 100.
Há muito se sabe que o círculo pessoal influencia e muito a opinião das pessoas. Na matriz de decisão do voto, é um dos componentes de maior peso. O que os protestos organizados a partir da internet já haviam mostrado e a pesquisa do Ibope confirma é que esse círculo está cada vez mais estendido.
Ele não se limita mais ao grupo familiar, aos colegas de trabalho, aos amigos. Ele inclui agora a rede de contatos de cada um no Facebook e no Twitter - e os contatos dos contatos.
Por comparação, "seus amigos" são, para o brasileiro médio, mais confiáveis do que 17 de 18 instituições. Só perdem para os bombeiros - em caso de incêndio, ainda é mais eficiente chamá-los do que publicar uma mensagem de socorro na internet.
(...) Telejornais, jornais, revistas e suas respectivas plataformas na internet ainda têm saldo positivo no índice de confiança - 56 - e, por comparação, estão bem melhor do que os partidos, os governantes, o Congresso e a Justiça. Mas perderam seu monopólio. Competem pela atenção do público não mais entre si, mas com Google, Facebook, Twitter e o blog da esquina.
Leia a íntegra no Estadão de 5/8/2013

O Arno em Pisa


Arca do Tesouro

Hoje, 5 de agosto, é uma data especial para mim. Foi em 5 de agosto de 2005 que, atendendo a um convite de Ricardo Noblat, enviei um artigo para seu Blog. Desde então, escrevo semanalmente para o Blog do Noblat.  Do que me orgulho muito.

Só falhei duas vezes em 2010 e três vezes em 2013. Façam as contas e vejam quantos artigos já escrevi...
Para comemorar,  resolvi publicar aqui a apresentação que Noblat escreveu e copiar o artigo:

"O trecho acima é do artigo de estréia como colaboradora deste blog de Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa, que acabei de postar sob o título "O piquenique" na seção aí ao lado chamada Artigos.

A autora nasceu na cidade de São Paulo, mais precisamente no bairro do Tatuapé, em 1937. Aos dois anos foi para o Rio de Janeiro e, por isso, plagiando um amigo na mesma situação, declara-se portadora de dupla nacionalidade.

Já morou em Genebra, em Londres e no Recife, onde nasceu seu único filho. Orgulha-se de ser mãe e dona de casa, carreira que considera a mais importante de todas. Durante muito tempo foi professora particular de inglês e francês; hoje se dedica a traduzir, de preferência ficção, ofício que considera apaixonante.

Maria Helena escreverá aqui sempre às quintas-feiras. Esse artigo não foi publicado ontem por falha minha.

Em tempo: ela votou em Lula".


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Enviado por Ricardo Noblat - 5.8.2005 | 10h30m

O piquenique

Fico envergonhada de ter escolhido para dirigir os destinos do meu País um homem tão patético, despreparado, e que faz questão absoluta de continuar despreparado. Que chega a se vangloriar de não ter estudado, bradando que para governar o Brasil não é necessário diploma e sim coração. Que, ao iniciar um discurso numa solenidade oficial, mostra aos presentes os papéis que vai ler e diz :? Não se assustem com o volume. É um parágrafo por página?

Na década de 50, a professora de português de uma turma da 1ª série ginasial passou como dever de casa, para ser entregue na  segunda-feira seguinte, uma redação com o título: “Um piquenique no domingo”. Na segunda, lá estava Fernando entregando seu caderno, onde se lia:

“No domingo choveu, por isso não teve piquenique”.

Desde o dia da malfadada entrevista do Presidente Lula sentadinho naquela cadeira estilo Império, nos jardins da Résidence Marigny, essa frase ficou ecoando na minha cabeça: Choveu no PT e por isso não houve piquenique.

Mas choveu o quê? Não foi uma água limpa, daquelas chuvas que fazem o cheiro bom da terra nos entusiasmar, pois lembra a infância, dias melhores, férias no campo, sei lá o quê, mas sei que são sempre lembranças positivas. Dessa vez, não. Foi chuva fétida, misturada com lama, violenta. Chuva que varreu a esperança, a fé e a caridade de nossos corações.  A esperança de dias melhores com esse governo que aí está, sumiu.  A fé em encontrar políticos com força suficiente para reerguer o país, desapareceu. A caridade, essa foi pro espaço, ou você tem compaixão pelos Delúbios?

Mas será possível que nós, cidadãos, só conseguíssemos perceber isso agora? Que tenha sido necessário ver um sujeito embolsar R$3000,00 reais numa rapidez de prestidigitador e um tipo como o Roberto Jefferson abrir o bico? Não, claro que não. Os sinais estavam aí, claros, nítidos, mas nós não queríamos ver, nem nós, nem a imprensa, nem a oposição ao governo do PT.

De vez em quando alguém reclamava, é verdade. Por exemplo, no próprio PT houve desentendimentos, mas o que aconteceu: a expulsão da Senadora Heloísa Helena e de 3 deputados do partido. Problema deles, disseram alguns, eles que são brancos que se entendam. Mas é que o problema era e é nosso...

Um artigo altamente elogioso ao PT e à sua política econômica, publicado se não me engano na “Folha de São Paulo”, assinado pelo senhor Olavo Setúbal, ou seja, pelo próprio Banco Itaú. Verdade que fez a pulga começar a se mexer atrás da orelha!

Pouco a pouco o Congresso Nacional sob o domínio das Medidas Provisórias; afastando-se cada vez mais da sociedade que elegeu seus representantes, facilitando crises, maracutaias, coalizões espúrias; partidos nanicos se agigantando, a base do Governo se tornando maior a cada dia, assim, sem mais nem menos.

A blindagem do presidente do Banco Central, os juros na estratosfera, os investidores estrangeiros encantados com o Brasil, a “ herança maldita” se perpetuando, o Aerolula, os cento e tantos ternos, as camisas sob medida sendo confeccionadas em Salvador,  “quero dizer a vocês, que nunca, na História deste país, se viu nada igual! “. Nunca mesmo!...

Não sei se tudo isso dói em todos da mesma maneira ou se dói mais nos eleitores do Lula, como é o meu caso. Fico envergonhada de ter escolhido para dirigir os destinos do meu País um homem tão patético, despreparado, e que faz questão absoluta de continuar despreparado. Que chega a se vangloriar de não ter estudado, bradando que para governar o Brasil não é necessário diploma e sim coração. Que, ao iniciar um discurso numa solenidade oficial, mostra aos presentes os papéis que vai ler e diz :” Não se assustem com o volume. É um parágrafo por página”.

A desculpa por viajar tanto era sempre justificada pelo já célebre chavão “Nunca na História deste pais...” e aí nos falava de como era amado no exterior, de como o nome do Brasil hoje era respeitado lá fora, de como todos estavam estarrecidos com o excelente trabalho realizado por ele, enquanto nós, ingratos, achávamos que ele estava apenas fazendo turismo. Pois é: nestes últimos dias perdemos a eleição para a OIC e para o BID.  Será que ainda vão insistir no Conselho de Segurança da ONU?  E por quanto tempo ainda vamos substituir os EUA no papel de invasor e polícia no Haiti?

Foi para isso, para esse redescobrimento do Brasil apud Lula, que nosso Governo foi entregue ao camarada José Dirceu? Depois de seu depoimento na Comissão de Ética, custo a crer que esse homem que ali estava, era o mesmo arrogante detentor de muitos poderes, inclusive de uma ascendência natural e, sejamos justos, intelectualmente merecida, sobre os demais membros do governo que elegeu. Mas ele recusou qualquer insinuação de que o plano de captação de fundos não contabilizados fosse de sua autoria, como se pudéssemos acreditar que o Delúbio e o Silvio Pereira tivessem capacidade de conjecturar esse esquema. Ou foi ele o autor ou foi quem?

Comedido, desempoado, sem qualquer sombra de sua costumeira arrogância (cuja negação foi, aliás, recebida por risos em uníssono no plenário da Comissão), José Dirceu me deu a impressão de ter esgotado seu estoque de criptonita. Só nos resta, portanto, aguardar pelos novos capítulos, bem como torcer para que um ominoso ‘acordão’ não esteja sendo tramado nas sombras.

Rio, 4 de agosto de 2005

Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa


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Obs - hoje, 8 anos depois, duas explicações:

* passei a ser publicada às sextas, no meio da tarde, logo após a Hora do Recreio;

* aprendi, com meu mestre, a ser menos prolixa, a enxugar o texto. Foi tarefa árdua para esta rebelde que teimava em ser palrante, mas hoje vejo que o texto menor, desde que diga tudo que se quer dizer, beneficia o leitor. Esse piquenique podia ter sido bem menor, e o leitor certamente agradeceria...MH

Hora da Saudade...


Rita Pavone em Come te non c'è nessuno...

Os radicais de rua e o anarquismo, por Aloísio de Toledo César

O Estado de S. Paulo

É possível que o Estado brasileiro não esteja dedicando a necessária atenção aos grupos radicais que se especializaram em destruir prédios públicos, agências bancárias, lojas e agências de automóveis, aproveitando-se das passeatas legítimas de grupos que fazem postulações públicas de direitos. Destruir o patrimônio público e privado é crime, significando que não se poderá admitir que esses atos de violência continuem impunes.
Não se deseja que ocorra a violência como resposta do Estado. No entanto, o fingir que nada de grave acontece representaria um sério risco para o País, pelo exemplo perigoso, que se propaga, sem que se tenha notícia da punição efetiva dos infratores.

Um desses grupos radicais, praticando o que a duvidosa inteligência lhes permite, se autointitula anarquista e age aparentemente com o propósito de chamar a atenção, e com isso, quem sabe, agrupar mais pessoas iguais. O anarquismo é coisa tão fora de moda que talvez a maior parte das pessoas nem saiba o que significa.

Trata-se de uma filosofia meio preguiçosa, negadora dos valores sociais e políticos que prevalecem no mundo contemporâneo, tais como a ordem, a propriedade privada, a submissão à lei. A doutrina, de pouquíssima expressão na História da humanidade, é contrária a qualquer forma de governo e prega a ausência de coerção. Faz lembrar aquilo que se costuma dizer, jocosamente, de alguns espanhóis: "Si hay gobierno, soy contra".

É inacreditável que esses grupos radicais, nascidos recentemente, façam tanta baderna, livremente, e que o aparelho de Estado ainda não tenha encontrado a forma de impedir os prejuízos públicos e privados por eles causados. Os integrantes desses grupos se infiltram facilmente nas manifestações populares de reivindicações de direitos.

Com o rosto coberto por máscaras e bombas artesanais (coquetéis molotov) escondidas nas mochilas, passaram a cometer os ilícitos repetidamente. Com isso as passeatas de jovens tão bem-intencionados acabaram por se prestar a uma finalidade diversa da que pretendiam.

O exemplo desses radicais é pernicioso ao extremo, porque se traduz na ideia de impunidade. Eles perceberam que podem existir, alarmar, cometer tais crimes e desaparecer na multidão.
Leia a íntegra em O Estado de S. Paulo

Aloísio de Toledo Cesar é desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo. e-mail: alosio.parana@gmail.com

Bode gordo, por Mary Zaidan

Redução das punições a partidos e candidatos, regras de financiamento mais flexíveis  para campanhas eleitorais, que permitem até doações de concessionários e permissionários de serviços públicos, propaganda paga na internet e mais grave - restrições à fiscalização do Judiciário e do Ministério Público. Esse é o monstro que nasceu do grupo coordenado pelo deputado Cândido Vacarezza (PT-SP). Parido às pressas, o texto é o absurdo que parece ter sido concebido como bode, daqueles que se alimentam na sala para se enxotar de lá.


Como todo bode inventado, aponta na direção contrária de tudo aquilo pelo qual se berra. Nas ruas e no próprio canal aberto pela Câmara dos Deputados para colher ideias sobre a tão propalada reforma política.

Em seu site, Vacarezza vangloria-se de o portal e-democracia (http://edemocracia.camara.gov.br/web/reforma-politica/ideias#.UfxaEpLVCSo) ter registrado, na primeira semana, mais de 64 mil acessos de 16 mil visitantes, 113 tópicos de discussão, 126 propostas que tiveram mais de 14 mil votos.

Pena que ele não atentou para a audiência, que nada fala dos itens enfiados na minirreforma.

Com pontuações de zero a 100, o fim de regalias parlamentares, como as cotas para gastos com material, auxílio-moradia, para pagamento de assessores e passagens aéreas,  recebia 79 pontos na noite de sexta-feira. Impedir que os próprios deputados fixem os seus ganhos, 76 pontos. Com 74 estava o voto aberto nas sessões legislativas, com 72 a proposta para que o Parlamento seja reduzido em 50%, seguido do fim do voto obrigatório, com 71 pontos. O financiamento público defendido pelo PT aparece com parcos 35 pontos. E as ideias geniais de Vacarezza e seu grupo sem ponto algum.

Vacarezza diz que a proposta visa a desburocratizar e facilitar a fiscalização. Mas o que ela faz é retirar a responsabilidade final do candidato sobre a prestação de contas e amordaçar a Justiça, impedindo a ação da primeira instância.

Para não dizer que nada se salva, há méritos, como a realização de novas eleições no caso de cassação do mais votado, impedindo o efeito Roseana Sarney. Preterida nas urnas em 2006, ela assumiu o governo do Maranhão após a cassação de Jackson Lago (PDT). Uma excrescência jurídica, que atenta contra a vontade do eleitor.

No mais, tudo cheira a bode.

Como contraria frontalmente a pregação petista pelo financiamento público das campanhas eleitorais, para o qual o partido está coletando assinaturas com vistas a uma emenda popular, a grita contra a minirreforma pode vir a calhar. Na ótica do PT, que só a si vê, é um bom bode para engordar.


Mary Zaidan é jornalista

Transcrito do Blog do Noblat de 4/8/2013

Olá! Bom Dia!


Sergio Endrigo: Canzone per te