segunda-feira, 17 de junho de 2013

Palavra da Coruja


O progresso social e humanístico é filho legítimo do eterno confronto entre a rebeldia e o poder.
                                          Ricardo Noblat

Fim de Tarde


Joe Cocker: Don't Let Me Be Lonely Tonight

Para a Hora do Chá

Bilhete em Papel Rosa

A meu amado secreto, Castro Alves

Quantas loucuras fiz por teu amor, Antônio. 
Vê estas olheiras dramáticas, 
este poema roubado: 
"o cinamomo floresce 
em frente ao teu postigo. 
Cada flor murcha que desce, 
morro de sonhar contigo". 
Ó bardo, eu estou tão fraca 
e teu cabelo tão é negro, 
eu vivo tão perturbada, pensando com tanta força 
meu pensamento de amor, 
que já nem sinto mais fome, 
o sono fugiu de mim. Me dão mingaus, 
caldos quentes, me dão prudentes conselhos, 
eu quero é a ponta sedosa do teu bigode atrevido, 
a tua boca de brasa, Antônio, as nossas vias ligadas. 
Antônio lindo, meu bem, 
ó meu amor adorado, 
Antônio, Antônio. 
Para sempre tua.

Adélia Prado

A palavra é de... Elio Gaspari

A página esquecida da cultura brasileira

Morreu Jacob Gorender, tendo deixado seu magnífico “Combate nas trevas”, em que conta as ilusões armadas da esquerda brasileira nos anos 70. Com ele, foi-se um pedaço da memória da usina de livros e fascículos da editora Abril, produto da visão empresarial de Victor Civita.

“Seu” Victor achava que a história segundo a qual brasileiro não lê era uma lenda e decidiu lançar uma coleção intitulada “Gênios da literatura universal”. A cada semana, punha nas bancas de jornais um grande romance, acompanhado por um fascículo com a vida do autor.

Começou com “Os Irmãos Karamázov”, anunciando que a série teria 50 volumes. Deram-no por doido, pois, se o primeiro livro vendesse menos de 50 mil exemplares, a coleção iria a pique. Ele informou: “Vocês são contra, mas eu tenho 51% das ações, e isso será feito.”

Dostoiévski vendeu 270 mil exemplares. Seguiram-se os “Gênios da literatura brasileira”, “Os economistas” e os “Os pensadores”. Platão vendeu 250 mil exemplares. As coleções da Abril levaram para as bancas de jornais cerca de 12 milhões de livros, e ela tornou-se a maior editora de livros de filosofia do mundo.




Nesse empreendimento, estiveram o diretor da operação, Pedro Paulo Poppovic, e a rede de intelectuais por ele mobilizada. Nela, havia 300 professores que a ditadura deixara sem trabalho. Jacob Gorender traduzia filósofos alemães numa cela do presídio Tiradentes, e Pedro Paulo publicava seu trabalho com o nome da mulher, Idealina.

Libertado, tornou-se funcionário da Abril Cultural, trabalhando ao lado de uma jovem que gostava de teatro chamada Maria Adelaide Amaral. A coleção “Os pensadores” foi dirigida pelos filósofos José Américo Motta Pessanha (posto para fora da UFRJ), com o apoio de José Arthur Giannotti (cassado pela USP). A redação dos fascículos era dirigida por Ari Coelho, professor de Química expulso da Universidade de Brasília.

Poppovic calcula que a polícia visitou a Abril Cultural em pelo menos 15 ocasiões. Em alguns casos, os redatores valiam-se de uma rota de fuga. Ele lembra que, em nenhum momento, Civita perguntou-lhe quem trabalhava lá, nem o que a polícia queria.

Um dia, alguém resgatará a história do maior empreendimento cultural ocorrido durante a ditadura, com o mais absoluto sucesso.


Transcrito do Blog do Noblat (16/06/2013)

O Netinho do Papai

Foto tirada por ocasião da filmagem de O Netinho do Papai. ( 1951).

Se você gosta de ver filmes no computador eu recomendo que assista esse filme com o maravilhoso ator Spencer Tracy. É a sequência do ótimo O Pai da Noiva... agora é a vez do dividendo: o neto.  

Versão original (inglês)  1h21m

http://youtu.be/nfJs1Ug-kNU


Versão em espanhol  

http://youtu.be/sJOURhoeAvo

Arca do Tesouro

Curso 'The Book Is On The Table'

O Brasil sediará a Copa de 2014.

Como muitos turistas de todo mundo estarão por aqui, é imprescindível o aprendizado de outros idiomas (em particular o inglês) para a melhor comunicação com eles.

Pensando em auxiliar no aprendizado, foi formulada uma solução prática e rápida!

Chegou o sensacional e insuperável curso 'The Book is on the Table', com muitas palavras que você usará durante a Copa do Mundo de 2014.

Veja como é fácil!

a.) Is we in the tape! = É nóis na fita.

b.) Tea with me that I book your face = 'chá comigo que eu livro sua cara.

c.) I am more I = Eu sou mais eu.

d.) Do you want a good-good? = Você quer um bom-bom?

e.) Not even come that it doesn't have! = Nem vem que não tem!

f.) She is full of nine o'clock = Ela é cheia de nove horas.

g.) I am completely bald of knowing it. = Tô careca de saber.

h.) Oh! I burned my movie! = Oh! Queimei meu filme!

i.) I will wash the mare. = Vou lavar a égua.

j.) Go catch little coconuts! = Vai catar coquinho!

k..) If you run, the beast catches, if you stay the beast eats! = Se correr, o bicho pega, se ficar o bicho come!

l.) Before afternoon than never. = Antes tarde do que nunca.

m.) Take out the little horse from the rain = Tire o cavalinho da chuva.

n.) The cow went to the swamp. = A vaca foi pro brejo!

o.) To give one of John the Armless = Dar uma de João-sem-Braço.


Gostou?

Quer ser poliglota?

Na compra do 'The Book is on the table' você ganha inteiramente grátis o incrível 'The Book is on the table - World version'.

Chinês

a.) Cabelo sujo:  chin-champu

b.) Descalço:  chin chinela

c.) Top less:  chin-chu-tian

d.) Náufrago:  chin-chu-lancha

f.) Pobre:  chen luz, chen água e chen gaz

Japonês

a.) Adivinhador:  komosabe

b.) Bicicleta:  kasimoto

c.) Fim:  saka-bo

d.) Fraco:  yono komo

e.) Me roubaram a moto:  yonovejo m'yamaha

f.) Meia volta:  kasigiro

g.) Se foi:  non-ta

h.) Ainda tenho sede:  kiro maisagwa

Alemão

a.) Abrir a porta: destranken

b.) Bombardeio: bombascaen

c.) Chuva: gotascaen

d.) Vaso: frask

Russo

a.) Conjunto de árvores: boshke

b) Inseto: moshka

c.) Piloto: simecaio patatof

d.) Sogra: storvo


Transcrito da Navetta* (21.7.2010)

Palavrinha

Leio no Estadão de ontem, 16 de junho:

Cerca de mil manifestantes entraram em confronto com a PM, que atacou com bombas de efeito moral

Heloisa Aruth Sturm, Sérgio Torres e Tiago Rogero, Agência Estado

Rio - Tropas da Polícia Militar (PM) do Rio voltaram a atacar os manifestantes no entorno do Maracanã, após o primeiro confronto, minutos antes, próximo ao viaduto Oduvaldo Cozzi, acesso à entrada principal do estádio.

Bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo foram atiradas contra as cerca de 500 pessoas que sentaram-se no asfalto, no acesso à vizinha Quinta da Boa Vista.

No momento do ataque, os manifestantes cantavam o "Hino Nacional". A PM alegou que precisava desocupar a via pública, parcialmente interditada pelos manifestantes. Mais uma vez, o protesto se dispersou.

Situada ao lado do local onde ocorreu o segundo tumulto, a estação São Cristóvão do Metrô foi fechada. Diversas pessoas queixaram-se de ter sido atingidas por jatos de spray de pimenta.



Manifestantes se reuniram nos arredores do Estádio do Maracanã para protestar contra os gastos com a Copa das Confederações e do Mundo. Em confronto com a polícia, os manifestantes foram recebidos com bombas de efeito moral e spray de pimenta, que fez vários deles passarem mal. Marcos de Paula/Estadão

Leia mais no  Estadão de 16 de junho de 2013

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A palavrinha de uma carioca que mora na Tijuca:

Se há povo conversador e sempre pronto a bater um papinho, sempre muito bem informado ou, melhor dizendo, sempre com uma opinião na ponta da língua, é o motorista de praça carioca.

Ontem, domingo 16/06, tomei dois táxis. O primeiro ficou muito surpreso quando lhe perguntei a que horas era o jogo no Maracanã. Ele não sabia nem que ia haver jogo, que dirá a hora. Fui eu que lhe informei que ia haver um jogo da Copa das Confederações e que os times seriam Itália e México. No que ele imediatamente se entusiasmou dizendo que ia torcer pelo México, pois era o único com chances de vencer o Brasil nesse torneio.

Fiquei tão surpresa com a decisão dele de torcer contra o Brasil que achei melhor calar.

Fui almoçar e no restaurante perguntei ao garçon a que horas seria o jogo. Esse sabia, mas estava mais interessado em comentar o tumulto do lado de fora do Maracanã, irritado com o governo, a polícia e os manifestantes, ou seja, com o mundo todo!

Na volta para casa outro táxi no qual o motorista queria saber o que eu achava da manifestação. Esse era bem informado, mas sua raiva de tudo, Copa das Confederações, vinda do Papa, Copa do Mundo e Olimpíadas, era imensa.

Eu lhe perguntei se para eles não era melhor, mais turistas, mas passageiros, mais movimento, mais dinheiro.

E ele:

Não, senhora. Nós sempre saímos perdendo nessas coisas. O trânsito piora, os engarrafamentos são horrorosos, esse tipo de turista raramente pega táxi, aparecem guardas nas ruas que em vez de orientar o trânsito, como não entendem nada do assunto, só atrapalham, é o diabo!

Concordamos em muitas coisas, mas muito especialmente em duas: sair aos domingos é uma fria e a meninada que reclama do dinheiro mal gasto pelos governos enquanto falta o essencial em nossas cidades está é muito certa.

A juventude que se reuniu na Quinta da Boa Vista caminhou até o Maracanã em ordem, apenas exercendo um direito que lhe é mais do que legítimo: protestar, reclamar daquilo com o que não concorda. A Quinta, que apesar de mal tratada por falta de verba ainda é o local onde muitas famílias vão passear nos fins de semana, era o local perfeito para a reunião dos manifestantes, pela proximidade com o estádio.

Esse pequenino detalhe foi esquecido: famílias com crianças que lá estavam a passeio e não para se manifestar, acabaram tendo seu direito de ir e vir prejudicado. Quanto querem apostar que a maioria saiu de lá a favor dos estudantes?

E antes que eu me esqueça: 20 centavos é, para a maioria dos manifestantes, a gota d' água, mas para centenas de pessoas, pode vir a ser um grande e insanável problema. Os mais despossuídos não são os que têm condições de protestar. Quem tem mais é que deve protestar pelos que não têm.

Sempre lembrando que respeito é bom e todos temos direito a ser respeitados: as autoridades eleitas e seus representantes, assim como nós, sociedade, ou contribuintes, como queiram. Nós devemos ser ouvidos e as autoridades não devem se deixar embebedar pelo poder e se fazer de surdas.

O movimento ganha força. Interessa a alguém? Sempre interessa a alguém... Mas as palavras de ordem são todas elas legítimas: falta hospital, falta escola, falta saneamento básico, falta transporte de qualidade, falta segurança, falta cuidado com a cidade, falta muita coisa. Mas para esses jogos não faltou verba, pelo visto até sobrou!

E o supremo deboche: nem a festa vai ser do povo. Pelo preço dos ingressos...

As autoridades precisam nos respeitar para serem respeitadas. Ou bem param e ouvem com todo o respeito o que a meninada tem a dizer... ou teremos dias muito feios pela frente.

Mary Zaidan

Coisa do demônio

Em qualquer atividade e para qualquer um, perder uma oportunidade é deixar passar uma chance que poderia ser única. Na política isso pode ser fatal. Situação, oposição e até os que não têm cheiro tentam se aproveitar ao máximo quando elas surgem. Absolutamente legítimo. Mas, não raro, oportunidades acabam por irrigar canteiros de oportunistas - gente que rouba, que vende voto, que leiloa o mandato. E de oportunistas ideológicos - aqueles que em público xingam o demônio e que entre quatro paredes com ele se confraternizam.

O discurso do presidente do PT deputado Rui Falcão, na quinta-feira, em Curitiba, em mais uma comemoração pelos 10 anos de invenção do Brasil, é um exemplo acabado disso. “São quatro grandes monopólios ou oligopólios que urge desmontar: o monopólio do dinheiro, controlado pelo capital financeiro; o monopólio da terra, em mãos dos latifundiários que se opõem à reforma agrária; o monopólio do voto, garantido pelo financiamento privado e o poder econômico; e o monopólio da opinião e da informação, dominado pelos barões da mídia”, disparou Falcão.

Uma fala inflamada para alegrar a militância e fazer bonito frente ao ex-presidente Lula e à presidente Dilma Rousseff, estrelas maiores do encontro.

Nela, ele xinga os demônios, cospe no prato em que come e esconde os conchavos que há anos sustentam o PT.

Que monopólio do dinheiro? O que está concentrado nas mãos de empreiteiros – os mesmos para os quais Lula tem sido garoto propaganda? Dos banqueiros aliados que lucram ano a ano e ainda fazem transações espúrias com o partido, como o BMG do mensalão?

O monopólio da terra abriga o agronegócio, setor que cresceu 9,7%, evitando o completo desastre do já tão magro PIB de 0,6% do primeiro trimestre. É com esse oligopólio do capeta, e com a representante dele – senadora Kátia Abreu (PSD-TO) –, que Dilma conta.

O monopólio do voto? O maldito dinheiro privado que abarrota o caixa oficial e o caixa 2  confesso das campanhas do PT, as mais caras desde 2004, ano da primeira eleição depois que Lula chegou ao poder?

Por fim, os barões da mídia. Como se o incômodo fosse com os donos da mídia, com quem governos sempre se compõem. A pedra no sapato é o jornalismo - classificado por Dilma como “terrorismo informativo” - e os jornalistas, “vendedores” ou “profetas do caos”. Gente que ousa relatar que a inflação bateu no teto da meta, que mostra erros de gestão, gastos a rodo, obras de infraestrutura caras e em passo de tartaruga; desacertos e improvisações na política econômica e fiscal.

O problema são esses diabos que não batem ponto e não estão à venda.




Ilustração: Alfredo Sábat



Artigo transcrito do Blog do Noblat (16/06/2013

Olá! Bom Dia!


Twist and Shout com The Beatles

Habemus Zerramos!