segunda-feira, 22 de julho de 2013

Palavra da Coruja



"Fazem qualquer coisa para tentar tirar o monstro do cangote do Planalto".
Mary Zaidan, comentando sobre a tentativa de Lula, Dilma Rousseff, e seu Gabinete, de querer fazer crer que os manifestantes reclamam porque já têm tudo, mas querem mais.

Memento


O Encouraçado Potenkin: na escadaria de Odessa, uma das cenas mais impactantes do Cinema. 
O filme de Eisenstein é de 1925 

Francisco menino


O Papa ainda guarda dentro do coração e em seu espírito, o menino que foi um dia. Basta ver seu olhar então e agora. É o mesmo olhar.

Isso amplia e muito minha confiança nele. 

Para a Hora do Chá


Os nomes dados à terra descoberta

Por se tratar de uma ilha deram-lhe o nome 
de ilha de Vera-Cruz. 
Ilha cheia de graça 
Ilha cheia de pássaros 
Ilha cheia de luz. 

Ilha verde onde havia 
mulheres morenas e nuas 
anhangás a sonhar com histórias de luas 
e cantos bárbaros de pajés em poracés batendo os pés.

Depois mudaram-lhe o nome 
pra terra de Santa Cruz. 
Terra cheia de graça 
Terra cheia de pássaros 
Terra cheia de luz. 

A grande terra girassol onde havia guerreiros de tanga e 
onças ruivas deitadas à sombra das árvores 
mosqueadas de sol 

Mas como houvesse em abundância, 
certa madeira cor de sangue, cor de brasa 
e como o fogo da manhã selvagem 
fosse um brasido no carvão noturno da paisagem, 
e como a Terra fosse de árvores vermelhas 
e se houvesse mostrado assaz gentil, 
deram-lhe o nome de Brasil.

Brasil cheio de graça 
Brasil cheio de pássaros 
Brasil cheio de luz. 

Cassiano Ricardo

A palavra é de... Ricardo Kotscho

Se o Papa lesse os jornais...

Texto de Ricardo Kotscho publicado em seu blog, R7, no dia 18/7. Eu o achei bem atual, por isso, aqui está:

 (...) O noticiário alarmista pode deixar não só o papa assustado, mas também os milhares de peregrinos que já começaram a chegar de várias partes do mundo, em número menor do que o esperado. Até a Abin (Agência Brasileira de Inteligência), teoricamente um serviço secreto do governo, veio a público para dar uma alentada entrevista coletiva com PowerPoint e tudo sobre as possíveis ameaças de manifestações, protestos e atos de violência durante a visita papal.

Pegou tão mal que até a presidente Dilma ficou assustada e recomendou mais discrição aos seus agentes. Mas o governo também não se entende. Ao mesmo tempo em que os ministros José Eduardo Cardozo, da Justiça, e Celso Amorim, da Defesa, alertavam o Vaticano da necessidade de se aumentar — e não diminuir, como ele pediu — a proteção policial ao papa, o ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria Geral, que é bastante ligado à igreja, anunciou que o próprio povo vai se encarregar de garantir a sua segurança. "Não faremos nada que não agrade ao papa", acrescentou Carvalho.

O problema é que as autoridades de segurança estão pensando até em mudar o roteiro de Francisco no Rio, já que ele quer desfilar num jipe aberto sem vidros blindados "para ficar mais perto do povo", numa cidade conflagrada desde as manifestações de junho, com protestos que não poupam nem festas de casamento.

Ainda na noite de quarta-feira, em mais um quebra-quebra em frente ao prédio onde mora o governador carioca Sergio Cabral, no Leblon, com depredações e incêndios, o Batalhão de Choque teve que ser chamado.

No confronto com grupos que tinham os rostos cobertos, a polícia usou balas de borracha, spray de pimenta  e bombas de gás lacrimogêneo. O comércio fechou as portas e cinco policiais ficaram feridos. Cabral convocou nesta manhã uma reunião de emergência  com toda a cúpula de segurança do Estado (leia no R7).

Agora, em vez de se perguntar "já pensou se fosse na Copa?", os cariocas começam a imaginar o que pode acontecer com a visita do Papa Francisco. Calculando que cerca de 5 milhões de pessoas devam circular pela cidade durante uma semana, sendo 800 mil turistas estrangeiros, o prefeito Eduardo Paes não deixou por menos:

"Tudo é preocupante. Vamos ter um Natal e dois Réveillons ao mesmo tempo...". Na missa de encerramento num descampado em Guaratiba, a 49 quilômetros do centro da cidade, é esperado um público de 1,2 milhão de fiéis, que deverão caminhar 13 quilômetros a pé para chegar ao local. Paes calcula que eles levarão pelo menos 10 horas para se dispersar após a missa.

Diante deste quadro, só nos resta dizer: que seja o que Deus quiser.

Até visita de papa virou motivo de crise e preocupação no Brasil. E a presidente Dilma ainda quer que a gente seja mais otimista. Está difícil.


Leia a íntegra em Blog de Ricardo Kotscho

A foto reveladora


Francisco numa audiência pública na Praça São Pedro, em Roma

Arca do Tesouro

O Poder das Palavras





Publicado originalmente na Navetta*, em 30/09/2010

O Papa já está a caminho, feliz da vida



Aqui, a câmada tênue de verniz mostra o que somos:

O movimento que se intitula Atea espalha entre os seus a mensagem "Por isso, para simbolizar o protesto contra as violações da laicidade, escolhemos o desbatismo", informa a Atea em comunicado distribuído na semana passada. No protesto, a entidade promoverá o que chamou de "desbatismo coletivo", em que os manifestantes usarão secadores de cabelo "para os ventos do secularismo varrerem as águas do batismo". 

Não são umas figuras? Todos de secador de cabelo nas mãos, a confirmar a grande frase de G.K.Chesterton que a Corujinha repetiu aqui há pouco dias: Se não houvesse Deus, não haveria ateus.

Tenho uma só curiosidade: quem sustenta esse grupo?

***   ****

Enquanto isso o prefeito do Rio dá uma de Zé Mané:

Paes diz que França não é ‘modelo de gente trabalhadora’

Em tom de brincadeira, prefeito do Rio respondeu a um repórter francês que o questionava sobre necessidade da decretação de feriado para Jornada Mundial da Juventude

Leonardo Vieira, O Globo

Durante a coletiva de imprensa concedida na manhã deste domingo (21) sobre a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o prefeito do Rio, Eduardo Paes, fez uma brincadeira que quase causou um incidente diplomático.

Em determinado momento da entrevista, um repórter francês questionou Paes sobre a necessidade de decretar feriados durante o evento religioso. Na pergunta, o jornalista chegou a mencionar que em outras visitas papais à França não houve feriados. As folgas no Rio estão previstas para quinta e sexta-feira.

Em resposta, Eduardo Paes soltou a língua e disse, em tom de brincadeira, que os franceses não gostam de trabalhar, pois o país já teria muitos feriados.

- A França já tem tanto feriado que se colocassem mais um feriado para o Papa, ninguém trabalhava mais. Nem executivo pode fazer hora extra lá. A França não é exatamente o modelo de país de gente trabalhadora. Então, tendo em vista que não temos tantos feriados como os franceses, será permitido um feriado a mais.

Os feriados estão marcados para esta quinta e sexta-feira por conta das atividades da JMJ

Momentos depois, o repórter se levantou e retirou-se da coletiva. Novamente em tom jocoso, o prefeito voltou a cutucar a equipe estrangeira e perguntou a um produtor, que era brasileiro:

- Ele ficou chateado com a resposta? Deve ser feriado hoje lá... Desculpa, mas não resisti.

Jornada é cenário para expor o estilo dos pontífices

Do carismático João Paulo II ao visceral Francisco, o megaevento se tornou mais que uma peregrinação religiosa dirigida aos jovens do mundo

Laura Greenhalgh, O Estado de S. Paulo

Numa Igreja com 1,2 bilhão de fiéis, ou 17,5% da população no planeta, a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) se firmou como um momento forte de evangelização, no curso de uma trajetória particular. Tão particular que há dúvidas sobre sua numeração.

Há quem diga que ocorre no Rio a 28.ª Jornada. Outros preferem cravar que é a 13.ª. No missal contendo as liturgias que Francisco seguirá por aqui faz-se menção ao quinto encontro. O fato é que esse megaevento, uma peregrinação religiosa dirigida aos jovens do mundo, tem se revelado mais do que um impulso missionário. É cenário de exposição da personalidade e do estilo dos pontífices.

Adotando-se o ano de 1987 como ponto de partida da "jornada das Jornadas", quando João Paulo II foi saudado por 1,5 milhão de fiéis na cidade de Buenos Aires – no que seria o primeiro grande encontro internacional –, chega-se a 13 peregrinações, contagem mais comumente aceita.

No entanto, o processo vem de antes. João Paulo II, que esteve à frente do Encontro Internacional da Juventude em 1984, no Vaticano, no ano seguinte instituiu a JMJ, coincidindo com o Ano Internacional da Juventude da ONU, e, em 1986, conduziu outro encontro, em âmbito diocesano, em Roma. Ou seja, anos antes de a jornada argentina ser realizada, o papa polonês já lidava com o projeto de falar de perto ao jovem e pedir sua presença num mundo em transformação. Acreditava piamente nessa energia humana, a partir de sua experiência pessoal – na mocidade, foi devotado aos esportes, ao teatro, à contestação e ao totalitarismo.

A antevisão da falência do comunismo esteve nas alocuções de João Paulo II numa Buenos Aires fria e chuvosa, em abril de 1987. Chamou a América Latina de "continente da esperança". Exortou a juventude ao compromisso de "construir a sociedade do Terceiro Milênio". Em agosto de 1989, na jornada de Santiago de Compostela, Espanha, meses antes da queda do Muro de Berlim, insistiu na ideia: "Peregrinos, o que procuram? (...) Somos os jovens do Mundo Novo".

Dois anos mais tarde, levou a JMJ ao Leste Europeu. Em Czestochowa, na sua Polônia natal, afirmou que "o espírito não envelhece" e fez uma recomendação aos jovens: "Sejam exigentes com o mundo que os rodeia. Não se conformem à mediocridade". Era o "papa pop", que atrairia mais de 4 milhões de fiéis na jornada de Manila, Filipinas, em 1995, a primeira em continente asiático.

Na última jornada de seu papado, em Toronto, no Canadá, viu-se um João Paulo II curvado, com saúde abalada. Corria o ano de 2002. Diante de 800 mil jovens, fez uma espécie de despedida: "Vós sois jovens e o papa é idoso. Todavia continua a se identificar com as vossas esperanças e as vossas aspirações. Juventude de espírito!".

Bento

Seu sucessor, Bento XVI, já se apresentaria em 2005 diante dos peregrinos em Colônia, Alemanha natal do novo papa. Embora no vácuo do carisma do polonês, estudiosos da Igreja são quase unânimes ao afirmar que o papa, teólogo de formação sólida, soube levar adiante a proposta das jornadas (Sydney em 2008, Madri em 2011). "Tinha clareza ao falar aos jovens e construiu uma imagem paternal entre eles", avalia o teólogo Fernando Altemeyer.

E agora, o que acontecerá a Francisco? É a pergunta corrente na Igreja. A julgar pelos gestos e maneira como vem lidando com as multidões da Praça São Pedro, tem-se como certo que o argentino Jorge Mario Bergoglio dispõe de todos os atributos para eletrizar as massas no Rio e em Aparecida. "Em termos de estilo pessoal, pode-se dizer que João Paulo II era mais carismático, Bento XVI mais cerebral, porém Francisco é mais visceral", diz Valeriano dos Santos Costa, sacerdote e especialista em Liturgia, lembrando que Roma tem ficado intransitável às quartas-feiras, quando o papa encontra os fiéis.




"Vivi anos naquela cidade e nunca vi algo igual." A segurança tem se desdobrado para proteger o pontífice que cada vez mais para em rodinhas para conversar com visitantes do Vaticano, usando tratamento e frases tão informais quanto a maneira familiar com que se refere ao papa emérito Bento XVI - "el viejo" .

Leia a íntegra no Estadão

Lula de volta, por Mary Zaidan

Longe do ringue desde o quase nocaute desferido pelo escândalo Rosemary Noronha, e mais sumido ainda depois das manifestações juninas, o ex-presidente Lula reapareceu. E, ainda que zonzo, sentindo o golpe de não ser mais a voz máxima das ruas, reencontrou-se com o seu melhor estilo: o de reinventar a história.

“Na Europa, os protestos são para não perder o que conquistaram. No Brasil, protestos são para conquistar mais”, disse Lula na tarde de quinta-feira, durante palestra na Universidade Federal do ABC (UFABC), em São Bernardo do Campo. Repetiu o que já publicara no dia anterior na sua coluna mensal no jornal The New York Times e que sua pupila Dilma Rousseff, bem ensaiadinha, passou a dizer nos últimos dias.




Vítimas das alegorias marqueteiras, que a cada dia produzem uma ideia nova para fazer de conta que se está atendendo às demandas dos protestos, eles não se emendam. Fazem qualquer coisa para tentar tirar o monstro do cangote do Planalto. Se invencionices do tipo Constituinte exclusiva e plebiscito para uma reforma política urgente urgentíssima não deram certo, agora é a vez de tentar atrair a plateia com o avesso do avesso, repetindo a tática que Lula usou para se reerguer quando o mensalão o jogou na lona.

O novo bordão preconiza que a grita só está acontecendo agora porque os governos do PT “reduziram drasticamente a pobreza e a desigualdade”; que jovens que nada tiveram hoje têm e desejam mais. Um raciocínio ainda mais tortuoso do que “recursos não contabilizados”, expressão imortalizada por Delúbio Soares, vulgo caixa 2, utilizado por Lula para safar os seus dos crimes do mensalão.

Tal desfaçatez não é a única, mas uma das fortes razões para o crescente repúdio à política, não só entre os jovens.

Lula também tratou dessa ojeriza ao falar aos estudantes do ABC. Abusou de expressões de baixo calão, em uma tentativa burlesca de se aproximar do palavreado que imaginou fazer sucesso naquele público. Mas mesmo com linguajar chulo - nada apropriado para quem presidiu o País por oito anos e é visto como exemplo por muitos - foi veemente em seus conselhos para que os jovens não neguem a política.

Acertou no teor, errou na forma.

E fica longe de qualquer acerto quando, sabendo que atenta contra a lógica e, pior, falta com a verdade, pretende convencer que os que hoje reivindicam só estão nas ruas depois do condão de seu governo.

Desrespeita os milhares de manifestantes, faz ouvidos moucos. Erra no teor e na forma.


Mary Zaidan é jornalista

Transcrito do Blog do Noblat de 21/07/2013

Olá! Bom Dia!


Bebel Gilberto: Camisa Listrada