terça-feira, 30 de julho de 2013

Palavra da Coruja


Tem santos na Cúria. Também tem alguns que não são muito santos. E são esses que fazem mais barulho. Faz mais barulho uma árvore que cai do que uma floresta que nasce. Isso me dói. 

Francisco, Papa


Memento

The Sound of Music - Trailer [1965] [38th Oscar Best Picture]

Outras imagens do Salzbach





Fim de Tarde

                              Eine Kleine Nachtmusik, de Mozart (Allegro), interpretado por Les Dissonances

Para a Hora do Chá


Solemnia Verba

Disse ao meu coração: Olha por quantos 
Caminhos vãos andámos! Considera 
Agora, desta altura, fria e austera, 
Os ermos que regaram nossos prantos... 

Pó e cinzas, onde houve flor e encantos! 
E a noite, onde foi luz a Primavera! 
Olha a teus pés o mundo e desespera, 
Semeador de sombras e quebrantos! 

Porém o coração, feito valente 
Na escola da tortura repetida, 
E no uso do pensar tornado crente, 

Respondeu: Desta altura vejo o Amor! 
Viver não foi em vão, se isto é vida, 
Nem foi demais o desengano e a dor. 

Luiz de Camões

A palavra é de... Francisco, Papa

Papa pede que rezem por ele

Sempre pedi isso. Quanto era padre, pedia, mas nem tanto e nem tão frequentemente. Comecei a pedir mais frequentemente quando passei a ser bispo. Preciso da ajuda do Senhor. Eu, de verdade, me sinto com tantos limites, tantos problemas, e também pecador. Peço a Nossa Senhora que reze por mim. É um hábito, mas que vem da necessidade.

Quando o senhor perdoa, o Senhor esquece. Quando vamos confessar e dizemos que pecamos, o Senhor esquece, e nós não temos o direito de não esquecer. Isso é um perigo. O que é importante é uma teologia do pecado. Tantas vezes penso em São Pedro, que cometeu tantos pecados e venerava Cristo. E esse pecador foi transformado em Papa.

Vocês veem muita coisa escrita sobre lobby gay. Eu ainda não vi ninguém no Vaticano com uma carteira de identidade dizendo que é gay. Dizem que há alguns. Quando alguém se vê como uma pessoa assim, devemos distinguir entre o fato de que uma pessoa é gay e fazer um lobby gay, porque todos os lobbies não são bons. Se uma pessoa é gay e procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu, por caridade, pra julgá-la? O catecismo da Igreja católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser discriminados por causa disso, mas devem ser integrados à sociedade. O problema não é ter essa tendência. Não! Devemos ser como irmãos. O problema é fazer lobby, o lobby dos avaros, o lobby dos políticos, o lobby dos maçons, tantos lobbies. Esse é o o pior problema.


Leia mais no Jornal O Globo

Depois da JMJ, vai começar a campanha de Paes contra o lixo nas ruas, por Lauro Jardim

Depois da JMJ, vai começar a campanha de Paes contra o lixo nas ruas



Lixo nas ruas será combatido

Fechada a organização da Jornada Mundial da Juventude, a prefeitura do Rio de Janeiro está fechando os detalhes de um plano que multará os cidadãos que jogarem lixo nas ruas.

Serão 170 equipes – formadas por um PM, um guarda municipal e um funcionário da Comlurb, a companhia de limpeza carioca – que começarão a percorrer as ruas em busca dos porcalhões.

A JMJ, ressalte-se, foi um sucesso de educação dos peregrinos. O evento produziu muito menos lixo do que o réveillon de Copacabana, por exemplo.


Radar Online - VEJA

No País de Gales


Do Re Mi  (do filme The Sound of Music) num simpático flashmob em Cardiff, no País de Gales

Religiosos analisam declarações de Francisco sobre mudanças na Igreja

Com visões distintas, José Oscar Beozzo e Francisco Borba Ribeiro Neto respondem a 5 questões do 'Estado'

Marcelo Godoy - O Estado de S. Paulo

Depois de entrevistas e declarações marcantes do papa Francisco nos últimos dias da Jornada Mundial da Juventude, o Estado convidou dois religiosos para discutir alguns dos pontos abordados pelo pontífice. Com visões diferentes, o teólogo e historiador progressista, José Oscar Beozzo, e Francisco Borba Ribeiro Neto, coordenador do Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP, ligado ao movimento Comunhão e Libertação, respondem a cinco questões relacionadas às mudanças propostas pelo pontífice.

1- É possível dizer para onde vai o papa Francisco e a Igreja?

Beozzo: Ele disse que a Igreja deve ir em direção aos pobres, aos que sofrem, aos excluídos, sair da acomodação e ser uma igreja missionária, reformando-se internamente e tornando-se presença positiva no mundo nas questões que afligem a humanidade: a fome, a crise ambiental, as guerras e a paz, os refugiados e migrantes. Pessoalmente ele busca viver modestamente e de maneira pobre. Pediu o mesmo aos cardeais, bispos e padres.

Borba: A Igreja vem fazendo um caminho de renovação a partir de seus fundamentos. João Paulo II, num longo pontificado, trabalhou isso de muitas maneiras diferentes e isso talvez dificulte um pouco a percepção de um foco preciso. Bento XVI trabalhou claramente na integração entre fé e razão, mas seu foco era a compreensão da bondade e do amor de Deus num mundo onde tanto a noção religiosa de Mistério como a noção humana de amor gratuito e desinteressado se perderam. Este era um passo necessário para a Igreja, mas não suficiente. Era necessário que esta compreensão atingisse a prática pastoral – e é isso que Francisco está fazendo brilhantemente. Acredito sinceramente que estamos indo para um tempo em que a Igreja voltará a ser explicitamente aquilo que se espera que ela seja, mas isso acontecerá como um aprofundamento da tradição cristã e do mandamento do amor em toda a sua integralidade – e não como ruptura ou “correção da fé”.


2-  Se a doutrina não muda (continuam vetos ao aborto, ordenação de mulheres, casamento gay), a pastoral muda. Para onde essa forma pastoral de lidar com os dramas e as chagas (o divórcio como "piaga", conforme Bento XVI) pode levar a igreja?

Beozzo: João XXIII no seu discurso de abertura do Concílio Vaticano, disse que aquele devia ser um Concílio pastoral e que mesmo os pontos doutrinais deviam ser tratados pastoralmente. A doutrina, dizia ele, deve ser respeitada, mas deve ser aprofundada e exposta “de maneira a responder às exigências do nosso tempo”. Distinguia a substância da doutrina de sua formulação e enfatizava a necessidade desse renovado esforço na sua apresentação. E concluía: “Será preciso atribuir muita importância a esta forma e, se necessário, insistir com paciência, na sua elaboração; e dever-se-á usar a maneira de apresentar as coisas que mais corresponda ao magistério, cujo caráter é prevalentemente pastoral” (Gaudet Mater Ecclesia, VI, 5)

Borba: Em primeiro lugar temos que entender que a mudança necessária não é do magistério, mas sim do coração dos católicos. Quando Bento XVI disse que o divórcio era uma chaga, queria dizer que os divorciados já estavam por demais feridos e que a Igreja tinha a obrigação de acolhê-los, independentemente das questões doutrinais. Ninguém entendeu isso porque muitos católicos estavam mais preocupados em atacar ou defender o papa do que em acolher o chamado à conversão e inclusive divulgar as belas iniciativas neste sentido que já existem na Igreja. Na sua entrevista no retorno à Itália, o papa deixou claro que a Igreja é chamada também a acolher os homossexuais e que isso já está no Catecismo da Igreja, mas novamente as questões ideológicas se sobrepõem ao mandamento do amor.  O grande desafio é a liberdade absoluta dos que amam e se sabem amados, a Igreja poderá realmente se tornar uma luz para a sociedade desumanizada do nosso tempo se os católicos recuperarem esta liberdade. Ficará mais enclausurada em si se o medo do outro levar os cristãos a perderem sua identidade ou a compreenderem como uma armadura que os separa do mundo.

Na pastoral, o que está no centro não são princípios ou doutrinas, mas a pessoa, com suas necessidades, dúvidas, perplexidades, dor e potencialidades. No seu discurso aos bispos que integram a direção do CELAM (Conselho Episcopal Latino-americano), o Papa retomou o início da Constituição Pastoral Gaudium et Spes  (gs) do Vaticano II, para exprimir o que queria dizer. Se não me engano, foi esta a única citação literal do Concílio nos seus discursos aqui no Brasil e daí a relevância de sua escolha: As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens do nosso tempo, sobretudo dos pobres e atribulados, são também alegrias e esperanças, tristezas e angústias dos discípulos de Cristo (cf. GS, 1).

Outra dimensão da pastoral é a centralidade da misericórdia e, nisto, o Papa Francisco  parece inspirar-se diretamente das palavras de João XXIII neste mesmo discurso de abertura do Vaticano II: “A Igreja sempre se opôs a estes erros [modernos]; muitas vezes até os condenou, com a maior severidade. Agora, porém, a esposa de Cristo prefere usar mais o  remédio da  misericórdia do que o da severidade. Julga satisfazer melhor às necessidades de hoje mostrando a validez da sua doutrina do que renovando condenações (GME VII, 2).

Leia mais no Estadão 

Salvem Dilma!, por Ricardo Noblat

Dilma disse à Folha de S. Paulo: "Lula não vai voltar porque não saiu".

Foi em resposta à pergunta sobre se ele voltaria a ser candidato à presidência da República em 2014 quando, a principio, Dilma tentará se reeleger.

O que Dilma quis dizer com essa história de "não voltar porque não saiu?"

Objetivamente, nada. Apenas fugiu de uma resposta direta, frontal à pergunta.

Razoável. Se nem ela sabe o que vai acontecer...




De resto, agrada Lula.

Uma coisa é termos uma presidência compartilhada como temos hoje. Dilma não se sente segura para governar sozinha. Pede conselho a Lula sempre que a infelicidade bate à sua porta.

Se não pede, ele oferece por telefone. Ou por meio de ministros e assessores que devem o emprego a ele e não a Dilma.

Bem, outra coisa é proceder como Lula quando Dilma substituiu José Dirceu na chefia da Casa Civil.

Para enganar os tolos, Lula passou os dois últimos anos do seu segundo mandato repetindo que Dilma governava tanto quanto ele. E que era melhor gestora do que ele.

Ora, Dilma fazia o que Lula mandava. Muitas das sugestões que deu foram acatadas por Lula. Outras, não.
Esperto, Lula entregou a gerência do governo a Dilma para governar à vontade. Não se governa sem fazer política. Muito menos se governa centralizando tudo.

Lula teve melhor equipe do que Dilma tem. Embora soubesse lidar com políticos, cercou-se de gente que também sabia.Os bons ventos sopraram a economia enquanto governou.

Por hábil e carismático, levou no gogó a maioria dos brasileiros sempre que se viu em aperto.

Depois de consultar amigos, concordou que não valeria a pena batalhar pelo terceiro mandato consecutivo. Deu um tempo. Chamou Dilma. Espera reciprocidade.

Há condições para que a reciprocidade se consuma. Mas Dilma está obrigada antes a reagir. Sua popularidade não poderá continuar caindo. Falta mais de um ano para a próxima eleição.

Se Dilma chegar feito um trapo em março não parecerá natural que anunciem para deleite certo do distinto público: "Senhoras e senhores, o candidato do PT e de nove entre 10 partidos à presidência da República será... Luiz Inácio Lula da Silva".

Que brincadeira é essa?

A melhor gestora do governo Lula teria fracassado ao se tornar gestora do seu próprio governo? Ou simplesmente Lula mentiu ao imputar-lhe a falsa condição de melhor gestora?

Lula pensa que é assim? Que o povo é bobo e jogará a culpa na Rede Globo?

Que o país engolirá a desculpa que o mau desempenho de Dilma surpreendeu até ele mesmo? Mas que uma vez de volta ele haverá de correr atrás do tempo perdido?

O eventual retorno de Lula passará pela reabilitação de Dilma. A permanência do PT no poder passará pela reabilitação de Dilma.

Se candidata outra vez, ela talvez não se reeleja. Mas, se for alijada da disputa presidencial para evitar uma derrota, é quase seguro que o PT acabará alijado do Palácio do Planalto.

Sem arrogância alguma, aceitam-se apostas.

Cartas à redação. Ou e-mails. Como preferirem.


Transcrito do Blog do Noblat de 29/07/2013

Covardia pura, por Lucia Hippolito e Edgar Flexa Ribeiro

Fazer manifestação em São Paulo contra governador do Rio é fato inédito. Podemos e é importante fazer sobre isso algumas considerações.

Quem é contra o crime não é necessariamente a favor de Cabral, e vice-versa: quem é contra Cabral não é necessariamente a favor do crime.

Já se coloca uma questão: por que alguém contra Cabral vai fazer manifestação e quebra-quebra em São Paulo?

Isso tem a ver com o conteúdo da coisa: quem está organizando essa manifestação? A resposta pode ser simples: organizações partidárias presentes nas duas cidades ou organizações criminosas também presentes nas duas cidades.


                                          Foto: Cris Faga / Fox Press Photo / Estadão Conteúdo


Até que ponto um partido político acha bom negócio ser confundido com facções criminosas, na intenção de se servir delas para alavancar seus interesses?

O jogo é perigoso. As eleições vêm aí e é difícil imaginar que um partido possa controlar todos os interesses organizados em volta dele.

Se partidos políticos não têm interesse em associar-se – mesmo que pelo silêncio – com essas atitudes criminosas, o que esperam para condená-las e publicamente dissociar-se delas?

O silêncio nesse contexto – mesmo por omissão - também é criminoso. Isso não tem nada a ver com interesse partidário, é só covardia.


Lúcia Hippolito é cientista política. Edgar Flexa Ribeiro, educador.

Transcrito do Blog do Noblat de 29/7/2013

Olá! Bom Dia!


As Bodas de Figaro, Mozart. Filarmônica de Berlim, regência de Claudio Abbado