segunda-feira, 15 de julho de 2013

Palavra da Coruja


Quem não viveu uma paixão não sabe a diferença entre febre, vertigem, embriaguez e esfogueamento.
Bernard Pivot

Memento


Esta linda foto de Leiden foi tirada por uma amiga e leitora Harumi Yamasaki van Driel.  Hoje, mais do que nunca, ela é uma recordação preciosa de meu primeiro blog, da amiga Harumi e suas magníficas fotos e do aniversariante Rembrandt, pois é a terra natal dele. Viva Leiden!

Fim de Tarde


                           In The Mood: orquestra Glenn Miller

Para a Hora do Chá


Caracol

Também dono do mundo és: e, dono,
impões o teu direito de vagar
por ele como um rei que devagar
anda por seus palácios e jardins,
à hora da sesta, quando o gordo sono
dobra ainda mais sobre o peito a cerviz
ao rude camponês e ao bom fidalgo.
Como esse rei, também procuras algo
achável só na terra, de que és filho;
e enquanto assim te perdes na procura
teu rastro marca, com molhado brilho,
as fronteiras do reino que inaugura.

Geir Campos

A palavra é de... Dora Kramer

Uma crise puxa outra

O Estado de S.Paulo

Desde o dia 24 de junho, quando a presidente Dilma Rousseff foi à televisão tentar responder aos protestos, raro o dia em que o governo não criou uma crise. A cada tentativa de apagar o fogo acendeu um novo foco no incêndio.

Justiça seja feita, é de se admirar tanta competência na arte de fazer inimigos, não influenciar, afugentar e irritar pessoas. Com a ajuda do PT e dos conselheiros a quem dá voz e ouvidos, a presidente saiu comprando brigas em série. Todas as soluções apresentadas resultaram em problemas maiores.

O de potencial mais danoso para o Executivo é o atrito com o Legislativo. Há provas de sobra na História de quem sai perdendo na briga do mar contra o rochedo: Getúlio Vargas saiu da vida, Jânio Quadros renunciou e Fernando Collor voltou à Casa da Dinda.

O Congresso sofre um processo de desgaste profundo e acelerado e é nisso que Dilma e companhia parecem apostar quando escolhem transferir os prejuízos aos combalidos partidos. Não bastasse a proposta de Constituinte exclusiva sem consulta a ninguém, muito menos ao escrito na Constituição, não fosse suficiente o ardil do plebiscito inexequível, o novo homem forte do governo veio a público oficializar o confronto.

O ministro Aloizio Mercadante disse em espantosa entrevista à Folha de S. Paulo que o Congresso iria "pagar caro" junto à população por ter recusado a proposta do plebiscito para fazer a reforma política. Se o que quis dizer é que muitos parlamentares não terão o mandato renovado, fez provocação desnecessária.


Leia a íntegra em O Estado de S. Paulo

Rembrandt Harmenszoon Van Rijn

Um dia para a Humanidade agradecer: 15 de julho de 1606

Creio ser de todo um excesso explicar quem foi Rembrandt Harmenszoon Van Rijn, um dos maiores pintores de todos os tempos. Se fossemos fazer uma listinha, ele figuraria entre os cinco mais importantes, sem sombra de dúvida. Portanto, vou me limitar aos fatos básicos: nasceu em Leiden, Holanda, em 15 de julho de 1606 e faleceu em 4 de outubro de 1669, em Amsterdam.

Fez muito sucesso, ganhou muito dinheiro, mas o destino não foi bondoso com a vida privada desse gênio: dos quatro filhos do casal, só um chega à idade adulta, Tito. E em 1642, o pintor perde sua querida mulher, a linda Saskia. Daí em diante, foi só sofrimento...


                                                        Em 1643: após a morte de Saskia


Rembrandt deixou imensa quantidade de autorretratos, entre óleos, gravuras e desenhos, parece que mais de 80. Esse dado ainda não é considerado definitivo. Foi somente a partir do final do século dezenove, quando estudiosos se debruçaram sobre sua obra que se descobriu o quanto ele retratou a si mesmo. Por quais razões, é um mistério. Abaixo, em detalhe ampliado, os olhos:




Em um estudo sobre os famosos autorretatos, feito pelos psicanalistas Maria e Martin Bergmann, eles citam Freud: “Quando pensarem em mim, pensem em Rembrandt, um pouco de luz e muita escuridão”. E lembram que somente uma geração separa Shakespeare de Rembrandt, dois gênios que muito contribuíram para a capacidade humana de voltar o olhar para dentro de si mesmo.


                                                 em 1642: 36 anos, antes da morte de Saskia



                                                             Em 1669: aos 63 anos 


Famoso e rico aos trinta anos, Rembrandt morreu acabrunhado e na miséria aos 63 anos, em 4 de outubro de 1669. No cavalete, um quadro inacabado. Em seu testamento deixou "algumas roupas de linho ou lã e minhas coisas de pintor" e uma obra que marcou um dos pontos culminantes na História das Artes.


por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
Baseado na Semana da Paixão Pela Pintura, publicado originalmente no Blog do Noblat  

Arca do Tesouro

Para os que não conheceram o Blog da Maria Helena abrigado no Blog do Noblat de março de 2009 a novembro de 2011: havia uma seção chamada No Fusca, em agradecimento aos doutos petistas que diziam que a Oposição cabia inteirinha num fusca. Dou a mão à palmatória: é mesmo. E hoje parece que cabe toda num tricicle... do jeito que deixou o Brasil cair mais fundo nas garras do PT e sua coalizão.  Pois bem, no post No Fusca de 30/09/2009, encontrei este artigo assinado por mim. Increíble, no, mamita?

                                                              *******

No Fusca

Parece que a última moda bolivariana são os plebiscitos. Tem para todos os gostos. Assim como se fosse a Maravilha Curativa, remédio que antigamente servia de entorses a ferimentos graves.

O plebiscito resolve tudo, é o slogan do momento.

Pode até ser que resolva em um país onde toda a população adulta é alfabetizada e instruída. Nos países da America Latina onde, com raríssimas exceções, o analfabetismo é a regra, os plebiscitos não resolvem.
Assim seria com Honduras: o que o do chapéu perguntasse, seria aprovado.

E está parecendo que a briga de todos a favor do Zelaya é por conta disso: que tal, amigos, vamos OBRIGAR os países da região a respeitar os plebiscitos?

Que, como nós sabemos, dependem de como a pergunta oficial vai ser feita...

Mas povo alfabetizado pensa. Povo alfabetizado surpreende.

Querem um exemplo? Cuba.

Fidel Castro, justiça seja feita, derrubou um governo nojento, o de Fulgêncio Batista. Fez um bem a Cuba acabando com aquela ditadura que só fazia da ilha o bordel dos americanos e latino americanos ricos.

E alfabetizou o país. Mais do que isso, Cuba é reconhecidamente um centro médico bom e suas faculdades de biologia e patologia são muito bem consideradas.

Se ele não tivesse sido mordido pela mosca azul e não tivesse se apaixonado pelo poder e por si mesmo – todo ditador se ama – Cuba seria o paraíso.

Mas não é.

E vê lá se ele faz um plebiscito perguntando:

"Vocês querem a liberdade de escolher onde viver e como viver? Sim ou Não? "

E Fidel é besta?

Está parecendo que a briga toda pela brava causa hondurenha tem esse objetivo final: vamos OBRIGAR os países da região a respeitar os plebiscitos?

Que, como nós sabemos, dependem de como a pergunta oficial é feita...

Acho bom ficarmos de olhos bem abertos!

Alerta Vermelho

Já escrevi um artigo sobre o 'Obituário'*** que o The Times, venerando jornal inglês, publicou sobre a morte do Bom Senso. E ontem tivemos a prova que isso não foi um boato. O Bom Senso morreu mesmo.

Uma amiga sugere que eu leia o blog da Hildergard Angel. Ela relata o casamento da neta do empresário Jacob Barata, dono de uma das maiores frotas de ônibus do Rio, com o filho de um empresário cearense do mesmo setor, realizado ontem no Rio de Janeiro.

Foi tudo muito triste. A violência dos manifestantes - pode parecer que eles estavam só com ironia, fazendo crítica social a um disparate sem tamanho - mas a maldade é, por si só, uma das maiores violências. Foi maldade o que fizeram com a noiva e o noivo.

Vou ser muito mal educada agora: mais triste ainda foi a burrice da família dos noivos. Ou seria mais do que burrice, a arrogância típica dos milionários, que acham que "conosco ninguém podemos"? Burrice + Arrogância: bomba de muitos megatons.

Num Brasil que anda demonstrando sua repulsa ao gigantesco desnível entre os poderosos e o resto da sociedade, realizar um casamento com pompa como a descrita, é menosprezar o sentimento da população do Rio. Sobretudo quando o dinheiro para aquilo tudo vem de um dos piores meios de transporte de todo o Brasil, o carioca.

A frota é caquética, sem conforto para os infelizes que são obrigados a usá-la, indescritível o horror da maioria dos ônibus que circulam pelo Rio e como ficam apinhados nas horas de pico.  Os passageiros sofrem e os motoristas também: ganham mal, trabalham muito, em condições sub-humanas, são uns sacrificados. Não admira que se detestem.

Tudo, como lembrou a colunista Hildegard Angel*, a lembrar a Revolução Francesa, da data da cerimônia ao Colar de Diamantes.**

E minha opinião, entramos em Alerta Vermelho, e dos mais vermelhos...

Está tudo com link. É só clicar no que interessar ler.


* Hildegard Angel

** O Colar da Rainha

*** Obituário 

Cadê minha boquinha, por Celso Ming

O Estado de S.Paulo

Desde 5 de dezembro, quem realizou cirurgia bariátrica (redução do estômago) tem direito a meia porção e/ou a desconto correspondente em qualquer restaurante de Campinas (Lei Municipal 14.524).

Em março, o ex-ministro Maílson da Nóbrega observava na revista Veja que, "pela mesma lógica, os restaurantes deveriam ser autorizados a cobrar o dobro dos obesos".

Esse caso de Campinas é uma ilustração de um estado geral de espírito e de cultura que há décadas permeia a sociedade brasileira. Segmentos de todos os tamanhos da população estão sempre à procura de uma vantagem especial dos governos.

Como já analisado pelo comentarista da Agência Estado, Fernando Dantas, é o fenômeno que o professor Samuel Pessoa, da Fundação Getúlio Vargas, chama de "país da meia-entrada".

São aqueles que se beneficiam das pensões vitalícias por morte; são os idosos que podem rodar no metrô e nos ônibus sem terem de pagar tarifa; os estudantes ou os aposentados que pagam meia-entrada no cinema; é o empresário que sempre espera subsídios para sua indústria e reservas de mercado para seus negócios; é a categoria dos jornalistas que arrancou uma lei que autoriza a se aposentar aos 30 anos de trabalho e não aos 35; é o chefe político que se julga no direito de usar jatos da FAB para ir a casamentos de amigos ou, então, no direito a financiamentos preferenciais da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil, que ele pagará, ou talvez não, quando der...

Muitos desses benefícios são justos ou encontram plena justificativa técnica. De mais a mais, os mecanismos de decisão política estão aí para arbitrar esses e outros direitos adquiridos.

O problema é que "no país da meia entrada" todos querem algum benefício equivalente, sem levar em conta que, justos ou injustos, esses benefícios acabam sendo pagos por aqueles que não podem escapar da fatura. Só é possível cobrar tanta meia-entrada no cinema ou em outras coisas da vida, se para os demais a entrada inteira custar mais, para compensar o que deixar de ser arrecadado. O passe livre, tanto quanto a educação pública e a saúde básica, não sai de graça. O contribuinte acaba sendo chamado a dar cobertura para essas despesas.


Leiam a íntegra em O Estado de S.Paulo

Os donos do povo, por Mary Zaidan

Donos das ruas, dos movimentos sociais, da esquerda, do “progressismo” e do “politicamente correto”, o PT e seu governo se veem cada vez mais enrascados por atos que chamam de espontâneos, que repudiam seus cabrestos. Quase não conseguem esconder o ódio – como as manifestações iniciadas pelo Movimento Passe Livre (MPL) bem mostraram - de qualquer coisa que possa ter sido gerada fora de suas hostes. E metem os pés pelas mãos quanto tentam politizá-las à sua maneira.





Por pouco não criaram mais um caroço no já grosso angu na quinta-feira, na manifestação nacional convocada pelas centrais sindicais. Ainda que sem o êxito esperado pelos seus líderes – até porque é difícil protestar contra um governo aliado -, o Dia Nacional de Lutas conseguiu interditar rodovias e incomodar o trânsito de grandes cidades. Os petistas foram previamente contidos. Mas queriam porque queriam defender o finado plebiscito para a reforma política, ideia marqueteira defendida por Dilma, sepultada um dia antes pela Câmara dos Deputados.

Todos aqueles que receberam votos – governantes e parlamentares de todas as esferas -- atropelaram-se a correr atrás dos prejuízos que pareciam não enxergar antes da grita das ruas. Alguns mais desarvorados.

Na base da tentativa e erro – sem jamais admitir erros –, o governo Dilma arriscou de tudo um pouco. Cinco pactos requentados, Constituinte exclusiva, plebiscito, importação de médicos, extensão do curso de Medicina para oito anos, com atendimento compulsório no SUS. Tudo isso em menos de três semanas, como se o mandato tivesse começado ontem e terminasse antes do amanhecer.

Governar de fato, planejar políticas de investimentos e executá-las, impedir a gastança e o desperdício, nem pensar.

No Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) travestiu-se de paladino da ética. Na Câmara, o também peemedebista Henrique Eduardo Alves (RN) assumiu a mesma tarefa. Acredite-se ou não, ambos poderiam ter tido algum sucesso não fosse a folia com voos da FAB.  Como sempre e mais uma vez, as mordomias falaram mais alto do que qualquer voz da rua.

É onde mora o perigo. O País acorda, clama, protesta. Os governos atendem com presteza à reivindicação imediata. Congelam as tarifas de transportes urbanos – com custos severos para todos os contribuintes - e o resto torna-se difuso, sujeito a todo tipo de manipulação dos que se sentem proprietários da vontade popular.

E mais: como são tantos e todos os dias, os protestos começarão a incomodar, a atrair antipatias.

Ao final e ao cabo o PT e os seus farão o que puder para que tudo se resuma aos 20 centavos. É nisso que apostam os que se acham donos do povo.


Mary Zaidan é jornalista
Transcrito do Blog do Noblat de 14/7/2013

Olá! Bom Dia!

                                                     
                           Paulinho da Viola em Bela Manhã