quarta-feira, 5 de junho de 2013

Palavra da Coruja


Errar é humano, mas para errar completamente, é preciso um computador.
Do Farmer's Almanac

Fim de Tarde


Quizás, Quizás, Quizás, com Jennifer Lopez e Andrea Bocelli

Para a Hora do Chá


Soneto da Maioridade

O Sol, que pelas ruas da cidade 
Revela as marcas do viver humano 
Sobre teu belo rosto soberano 
Espalha apenas pura claridade.

Nasceste para o Sol; és mocidade 
Em plena floração, fruto sem dano 
Rosa que enfloresceu, ano por ano 
Para uma esplêndida maioridade.

Ao Sol, que é pai do tempo, e nunca mente 
Hoje se eleva a minha prece ardente: 
Não permita ele nunca que se afoite

A vida em ti, que é sumo de alegria 
De maneira que tarde muito a noite 
Sobre a manhã radiosa do teu dia

Vinícius de Moraes

Brasil de batom

Por Carlos Brickmann

Como é de rigor no Brasil de hoje, o papa Francisco visitará uma favela (desculpe: comunidade) no Rio, a Varginha. Irá a pé da igreja de São Jerônimo Emilliani até o campo de futebol onde falará aos fiéis. A rua Carlos Chagas, por onde passará, está sendo maquiada pela Prefeitura: limpeza, remoção de carcaças de carros roubados, poste de luz no campinho, reconstrução do muro da escola, asfaltamento. Nas outras ruas da favela, obra nenhuma. Sem papa, sem obra.

A tática é antiga: quando Catarina, a Grande, era czarina da Rússia, no século 18, resolveu um dia viajar pelo império. Seu primeiro-ministro, príncipe Grigory Potemkin, maquiou toda a região por onde passaria a comitiva, pintando casas, limpando aldeias, tirando pedintes das ruas e obrigando os moradores a usar as melhores roupas para aclamar a czarina. 






A maquiagem urbana ficou conhecida como "Aldeias Potemkin". O príncipe virou nome de famoso navio de guerra. A czarina ficou feliz ao ver que seu povo era feliz. E até hoje a história se repete. 


carlos@brickmann.com.br
www.brickmann.com.br

Arca do Tesouro

Arquitetura: Monastério Suspenso (Século VI)


O mais fantástico dos monastérios budistas na China, o Monastério Xuankong (Suspenso) fica ao pé da montanha Hengshan, a 75 km de Datong. Construído no século VI, foi restaurado apenas três ou quatro vezes.

Os andares comprimidos uns contra os outros parecem apoiados em varetas tão frágeis quanto os palitos para comer que os chineses usam. Rochas enormes dão a impressão que vão cair sobre as construções a qualquer momento.




Dois foram os motivos para que fosse construído nesse local. O primeiro é que essa região costumava ser um centro vital de comunicação e muitas pessoas passavam por ali. O outro, o rio Hunhe, que banha o vale lá em baixo, e que é bastante caprichoso. Quando há tempestades, o que ali é frequente, ele inunda tudo à sua volta.

No século VI, as pessoas acreditavam que um dragão dourado era a causa do tempo inclemente e logo viram a necessidade da construção de um templo budista, imprescindível para afastar o dragão. Mas bem longe do rio...

O acesso é por uma ponte suspensa e depois por uma escada cavada na rocha. A vista lá de cima (dizem) é estonteante.




O prédio mais importante do conjunto é o que abriga um enorme salão onde Buda, Lao-Tse e Confúcio estão sentados lado a lado.

São mais de 40 salas, todas em madeira. Os visitantes ficam deslumbrados, mas sempre com o coração na boca, a sensação de fragilidade impressiona. As pranchas de madeira gemem a cada passo que se dá, o que aumenta a insegurança, apesar de todos saberem que há mais de mil anos Xuankong está ali, protegendo a região.

É um dito popular que aquela é obra sublime de Deus e dos Espíritos.

Monastério Suspenso, Jinlong Canyon, Datong, Província de Shanxi, China 


por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa 
Da seção Obra-Prima do Dia publicada originalmente no Blog do Noblat (23/05/2011)

A notícia escondidinha

Cadê a notícia?, por Carlos Brickmann 

Este colunista deve ter pulado a informação - uma falha imperdoável. Ou talvez a informação tenha saído só em colunas especializadas - o que seria uma falha imperdoável dos meios de comunicação. Mas, enfim, a Lei 12.810, em vigor desde o dia 15 de maio, não mereceu grande divulgação, se é que mereceu alguma. E, no entanto, atinge diretamente o bolso de cada cidadão.

A lei modificou a norma pela qual, em caso de litígio com o banco, o cidadão poderia suspender o pagamento ou depositá-lo em juízo. Agora, o cidadão é obrigado a pagar as parcelas até que a dívida seja liquidada ou a sentença transite em julgado. E como é que a lei passou discretamente, sem alarde?

Foi contrabandeada na Medida Provisória 585, que tratava originalmente da liberação de pouco menos de dois bilhões de reais para Estados e Municípios exportadores, para compensá-los pelas perdas de arrecadação causadas pela Lei Kandir (que isenta de alguns impostos as exportações). O senador Romero Jucá, do PMDB de Roraima, relator da MP, incluiu discretamente a emenda que envolve litígios entre credores e devedores. É o que se chama de "penduricalho".

E, se ninguém chamar a atenção dos nobres parlamentares (um papel que os meios de comunicação deveriam desempenhar, e não desempenharam), o penduricalho passa mesmo.

******
(Obs - Está mais do que na hora da Imprensa ficar mais atenta. De vigiar o Congresso e o Planalto com lupa!!! Ou estão com medo dos bancos cortarem os anúncios? Ledo engano. Eles precisam da publicidade tanto quanto os jornais precisam do dinheiro que entra com os anúncios.
Uma mão lava a outra. Ou preferem que a gente diga uma mão suja a outra? MH)

Carlos Tautz

Viva o povo-nação brasileiro!

Darcy Ribeiro costumava dizer – e escrever em livros como o O Povo Brasileiro*  – que a dimensão mais acabada da nação brasileira era seu povo. O Brasil, para ele, era o feliz produto de uma miscigenação intensa de indígenas da América do Sul com africanos escravizados e europeus desterrados, onde só quem dá certo mesmo é o povo e a geografia deste país com dimensões de continente.

O povo, aliás, é quem mais teria avançado na construção de algo que se aproxime de uma nação, a despeito das instituições e das elites. Daí povo-nação.

Foi inevitável a lembrança de Darcy nesta semana, ao percorrer 1000 km dos sertões de Sergipe e Alagoas (com uma cidade de incrível nome Jacaré dos Homens), saindo de Aracaju, alcançando a hidrelétrica Xingó e o cânion formado pelo represamento do São Francisco. Aliás, por falar nele, o Velho Chico, o da integração nacional, sofre de assoreamento, desmatamento das margens e extração super intensa de sua água. Não chega perto da pujança de há 500 anos, quando as caravelas nem precisavam vir à terra se abastecer de água doce porque a tremenda correnteza potável do São Francisco invadia o Atlântico 3 km além da costa.

Descendo pelo lado alagoano, cheguei à Penedo e Apiaçabuçu, de onde partem os que visitam a foz do Velho Chico. Passei, entre outros, pelos povoados Potengi, Deserto Feliz e a cidade de Coruripe, indo até Maceió, para dali voltar à capital sergipana pela BR-101, por centenas de quilômetros do latifúndio da cana-de-açúcar que escraviza o solo e acorrenta o Brasil ao século 17.



Darcy Ribeiro

Ao longo dessa diminuta epopeia pessoal, o traço comum na costa, na Caatinga, no rio-mar e no mar mesmo era aquele que Darcy amava. Em cada uma dessas paragens há um povo que constrói na terra, ora esverdeada pela recente chuva, com seus afazeres do dia a dia, uma nação e luta contra uma brutal concentração de renda e instituições públicas que adoram fazer um gol contra a sociedade.

No turismo, na pesca, na agricultura em que labuta (no latifúndio da cana, não!, que ele é paupérrimo de mão de obra!), é o povo brasileiro quem define a cara verdadeira do Brasil e lhe dá sentido, e não o governo, os parlamentos, os tribunais ou a universidade.

Se Darcy usou seu acúmulo intelectual, a sensibilidade e a paixão brasileira para cravar a melhor definição que há desse País, são as camponesas, os pescadores, as frentistas, os funcionários, as professoras e o gentio todo quem dá à nação uma cara de pele mestiça e vai concluindo esse projeto civilizatório chamado Brasil.



Carlos Tautz, jornalista, coordenador do Instituto Mais Democracia – Transparência e controle cidadão de governos e empresas.
* No original o autor enganou-se com o nome do livro de Darcy, "O Povo Brasileiro", mas fez o que todos deveríamos fazer: reconheceu e corrigiu seu engano.


Transcrito do Blog do Noblat, onde fui publicado em 4/6/2013.

Palavrinha

E os índios?
Confesso que não cheguei ainda a uma conclusão.
Devemos respeitar sua vontade?
A ponto de lhes enviar aviões da FAB para irem a Brasília  reclamar seus supostos direitos?
Viagens pagas por nós, os outros brasileiros...
Eles são ou não são cidadãos brasileiros? São registrados aqui? Têm carteira de identidade? Votam? Transitam pelo país sem passaporte?
Respeitar seus usos e costumes, tudo bem. Acho que isso deve, tem que ser feito.
Mas será que a contrapartida não seria o certo?
A cena dos índios preparados para guerra, pintados, com tacapes e flechas, do lado de fora do Palácio do Planalto, dá boas fotografias, assim como a reunião com o Gilberto Carvalho, vestido a la brasileiro de hoje falando para aquelas dezenas de brasileiros vestidos como quando Cabral aqui chegou, é realmente um bom material para jornais e revistas.
Dará mais do que isso? Merece mais do que isso?
Sei não.



foto: Uol

Olá! Bom Dia!


Alberta Hunter em You Can't Tell The Difference After Dark

Look what the sun has done, to me,
It seems there's no more fun, to me,
Why must all the boys act so shy?
I have guessed the reason why

I may be as brown as a berry,
But that's only secondary,
And you can't tell the difference after dark

I may not be so appealin',
But I've got that certain feelin',
And you can't tell the difference after dark

They say that gentlemen prefer the blonde haired ladies,
Tell me am I out of style just because I'm slightly shady

Wait until I've won you,
And my love drops down upon you,
You can't tell the difference after dark

Aah, go for yourself now
Beat it on out there boy
Look out Fats Waller

Mm, I may be as brown as a berry,
But that's only secondary,
You can't tell the difference after dark

I may not be so appealin',
Mm, but I've got that certain feelin',
And you can't tell the difference after dark

They say that gentlemen prefer the blonde haired ladies,
Tell me, tell me am I out of style just because I'm slightly shady

Wait until I've won you,
And my love drops down upon you,
You can't tell the difference after dark

Yeah, man