quarta-feira, 22 de maio de 2013

Palavra da Coruja



Não ter vícios não acrescenta nada à virtude.
Antonio Machado y Ruiz

Fim de Tarde

 

I Get Along Without Very Well  -  Chet Baker

de Hoagy Carmichael

I get along without you very well
Of course, I do
Except when soft rains fall
And drip from leaves
Then I recall
The thrill of being sheltered in your arms
Of course, I do
But I get along without you very well

I've forgotten you just like I should
Of course, I have
Except to hear your name
Or someone's laugh that is the same
But I've forgotten you just like I should

What a guy
What a fool am I
To think my breaking heart
Could kid the moon
What's in store
Should I phone once more
No, it's best that I stick to my tune

I get along without you very well
Of course, I do
Except perhaps in Spring
But I should never think of Spring
For that would surely break my heart in two

What's in store
Should I phone once more
No, it's best that I stick to my tune

I get along without you very well
Of course, I do
Except perhaps in Spring
But I should never think of Spring
For that would surely break my heart in two

O Poema da Tarde


O Ovo e a Galinha

I
Ao olho mostra a integridade
de uma coisa num bloco, um ovo.
Numa só matéria, unitária, 
maciçamente ovo, num todo.
Sem possuir um dentro e um fora, 
tal como as pedras, sem miolo:
é só miolo: o dentro e o fora
integralmente no contorno.
No entanto, se ao olho se mostra
unânime em si mesmo, um ovo, 
a mão que o sopesa descobre 
que nele há algo suspeitoso:
que seu peso não é o das pedras,
inanimado, frio, goro;
que o seu é um peso morno, túmido,
um peso que é vivo e não morto.


II
O ovo revela o acabamento
a toda mão que o acaricia,
daquelas coisas torneadas
num trabalho de toda a vida.
E que se encontra também noutras 
que entretanto mão não fabrica:
nos corais, nos seixos rolados
e em tantas coisas esculpidas
cujas formas simples são obra 
de mil inacabáveis lixas
usadas por mãos escultoras
escondidas na água, na brisa.
No entretanto, o ovo, e apesar 
de pura forma concluída, 
não se situa no final:
está no ponto de partida.


III
A presença de qualquer ovo, 
até se a mão não lhe faz nada, 
possui o dom de provocar
certa reserva em qualquer sala.
O que é difícil de entender
se se pensa na forma clara
que tem um ovo, e na franqueza
de sua parede caiada. 
A reserva que um ovo inspira
é de espécie bastante rara:
é a que se sente ante um revólver
e não se sente ante uma bala.
É a que se sente ante essas coisas
que conservando outras guardadas
ameaçam mais com disparar
do que com a coisa que disparam.


IV
Na manipulação de um ovo
um ritual sempre se observa:
há um jeito recolhido e meio
religioso em quem o leva.
Se pode pretender que o jeito
de quem qualquer ovo carrega
vem da atenção normal de quem 
conduz uma coisa repleta.
O ovo porém está fechado
em sua arquitetura hermética
e quem o carrega, sabendo-o,
prossegue na atitude regra:
procede ainda da maneira
entre medrosa e circunspeta,
quase beata, de quem tem 
nas mãos a chama de uma vela.


 João Cabral de Melo Neto

Recife, 09/01/1920/ Rio de Janeiro, 09/10/1999

Tannhauser (Abertura) regência Sir Georg Solti - Orquestra Sinfônica de Chicago


Hoje o mundo celebra o 2º centenário de Richard Wagner, um dos maiores gênios da música (22/5/1813/2013)


Da Arca do Tesouro


Arquitetura: Rothenburg

A mais bem preservada das cidades medievais alemãs, Rothenburg ob der Tauber, (Rothenburg acima do Tauber), é uma cidade apaixonante. Toda murada a partir do século XIII, conserva seu centro velho e tornou-se uma relíquia.

A cidade de Rothenburg foi fundada em 1170 por ocasião da construção do castelo Staufer. O centro era a praça do mercado e a Igreja de Jacó. Ainda podem ser vistos alguns trechos da fortaleza: o antigo porão e o fosso e o mercado de leite. As torres também são do século 13. Preservadas como quando de sua construção, apenas as Torre Branca e Marcus, esta com o Arco Röder, que é onde ficavam os guardas que cobravam pelo acesso dos viajantes que queriam pernoitar ou comerciar na cidade. Ao lado da Torre Branca, está uma construção medieval, o Salão de Danças Judeu, e no jardim adjacente, antigos túmulos de judeus construídos dentro da muralha de pedra.

A história da cidade é muito rica e vale a pena ser lida, mas aqui o que nos interessa é a magnífica engenharia de suas muralhas. Os moradores de Rothenburg sempre se valeram das muralhas para se defender ao longo dos anos, mas na Guerra dos Trinta Anos (1618-1648), foram enfim vencidos. As tropas católicas venceram as protestantes, ocuparam a cidade para abandoná-la mal terminou o inverno: a cidade ficou sem poder e sem dinheiro, o que impediu seu desenvolvimento – mas teve preservados a sua maior característica, as muralhas, e seu belo interior do século XVII.


Quem vem do Oeste entra em Rothenburg pelo Portão Kobolzeller (c.1360), em cujas torres está o Púlpito do Diabo. Do Leste, o viajante entra pelo já mencionado portão da Torre Röder. Durante mais de 150 anos, a Torre Siebers (c.1385) serviu como outra entrada para Rothenburg, até a construção do bastião Spital no século XVI. A fortificação Spital tem dois pátios internos que formam o número oito, com belos jardins cheios de trilhas a serem percorridas.


No início do século XIV foi construída a Ponte Dupla, à qual se tem acesso pelo Portão Kobolzeller. A ponte foi fortificada após o devastador terremoto de 1356 e desde então faz parte do sistema de defesa de Rothenburg. Pode-se caminhar pelas muralhas por aproximadamente 2,5 km.





Rothenburg, Alemanha


Fontes
http://www.germanplaces.com/germany/rothenburg-ob-der-tauber.html
en.wikipedia.org/wiki/Rothenburg_ob_der_Tauber


por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
Da série Obra-Prima do Dia; publicada originalmente no Blog do Noblat em 30/09/2009



Carlos Brickmann

Fala muito, cala muito

Pense antes de passar

A boataria do Bolsa-Família exige investigação minuciosa, embora seja difícil achar a origem de boatos. Mas outro aspecto merece destaque: boa parte da população é vulnerável a rumores, mesmo absurdos. Há anos circula na Internet o boato da demissão de Alexandre Garcia, por ter feito no ar um discurso contra o Governo; e o boato ainda circula, embora Garcia apareça todos os dias na TV. Outro boato é sobre a rejeição ("ontem") da Lei da Ficha Limpa - que foi aprovada há anos e já é aplicada nas eleições. Há ainda um Livro Proibido contra Lula - proibido, embora esteja na Internet, tenha sido editado em papel e seja fácil de achar no mercado. 

São bobagens; mas o caso da Bolsa-Família não é bobagem e poderia ter causado até mortes. Não dá para acreditar em tudo que se diz.


Bola em campo


Política exige sacrifícios. Dilma Rousseff, por exemplo, deu o pontapé inicial na inauguração do estádio do Recife. Foi fácil ensinar-lhe quem era o grande círculo. Mais difícil foi ficar ao lado do governador Eduardo Campos, que ameaça ser candidato contra ela, e trocar sorrisos - palavras amáveis, não, que não fazem parte de seus hábitos. Impossível foi ensinar-lhe o grito de guerra da torcida do Náutico: "N-A-U-T-I-C-O!" 

São letras demais, levaria um tempão decorando.


La garantía soy yo

De repente, a nacionalidade mudou: o Governo fala agora em trazer médicos portugueses e espanhóis e não tem citado os cubanos. Mas o problema é o mesmo: não se pode aceitar que médicos formados no Exterior cliniquem no Brasil sem revalidar o diploma. Cumprir a lei é viável: este colunista conhece uma excelente médica brasileira formada no Peru, e seu diploma foi revalidado.

Enquanto segue a discussão, uma trova enviada a esta coluna: 

"Seis mil médicos de Cuba
Para atender vocês.
Mas a Dilma e o Lula
Vão pro Sírio-Libanês".


São Paulo, 22 de maio de 2013

Palavrinha

Meninos, que dia o de ontem...

Um ensaísta francês, ateu convicto, de extrema-direita, indignado com a lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo e furioso com a força que o Islã adquiria na França graças à política de imigração, resolveu, em protesto contra tudo que ele achava danoso para a sua adorada pátria, suicidar. E escolheu se matar diante do altar-mor da Notre Dame, uma das preciosidades da História de Paris e da França.

E o fez às 16:00 da tarde, com a igreja lotada de fiéis e visitantes: 1500 pessoas, mais ou menos.


  


Deixou cartas e bilhetes. Uma carta em cima do altar. Ele achava que passeatas e movimentos populares não serviam mais como alerta à sociedade. Que era necessário uma ação mais forte. E escolheu a violência contra si mesmo.

Seu gesto, brutal e que durante algum tempo marcará a bela e muito significativa catedral, não vai alterar um chavo a política francesa.  Foi um gesto burro e malvado contra as pessoas que estavam dentro de Notre Dame. Ou era um louco ou um cara muito perverso, sem nenhum amor ao seu semelhante. 



**
As imagens que nos chegam dos EUA machucam o mais empedernido dos corações. Não encontro palavras para definir o que deve estar sendo o calvário das vítimas de uma Natureza tão enfurecida.






Para quem está distante, como nós, só orações pelos mortos e pedir a Deus que ajude os sobreviventes a seguir em frente.

Hoje é dia de Santa Rita de Cássia. Para quem é católico e tem Fé, é uma santa cuja intercessão junto a Deus deve ter o maior valor. A ela pedi pelas crianças vítimas do tornado.



***
Quero agradecer aos amigos que acolheram este novo blog. Vocês são inacreditáveis. E bem merecem esse ramo de muguets.




Pensei, e até cheguei a responder a uns poucos, em responder a todos, individualmente. Mas mudei de ideia. Quero aparecer o menos possível. Aquele espaço servirá para responder a um questionamento que necessite de resposta.

Para dizer da minha gratidão e do meu carinho, usarei os posts que escolher para o entretenimento ou informação de vocês.  Espero ser bem sucedida.


Olá! Bom dia!


Bing Crosby, Dick Haymes e The Andrew Sisters (1947)