quarta-feira, 10 de julho de 2013

Palavra da Coruja


Devo meu sucesso ao fato de escutar respeitosamente os melhores conselhos e depois sair e fazer exatamente o oposto.
G.K.Chesterton

Memento

                                       
                                Let's Fall In Love, na voz monumental de
                                          Ella Fittzgerald

Olhem que charge brilhante do meu amigo Claudius


Ele é muito, muito bom desenhista. E com uma sensibilidade! Para os distraídos, lembro que a garota Pintando o 7 é dele.

Fim de Tarde


Don't Let Me Down...  
Do último e célebre show, feito no terraço dos escritórios da Apple, em Abbey Road, Londres, 1969.

Para a Hora do Chá

Desencanto

Eu faço versos como quem chora
De desalento… de desencanto…
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente…
Tristeza esparsa… remorso vão…
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

- Eu faço versos como quem morre.

Manuel Bandeira

A palavra é de... Dora Kramer

Braço a torcer

O Estado de S.Paulo




É forte a demanda por mudanças no ministério da presidente Dilma Rousseff. A questão, no entanto, é mais ou menos parecida com a da reforma política: se não se souber o que, como fazer, para que e de que maneira vai funcionar, não há razão para reformar. Muda-se para ficar tudo como está. Ou pior.

Mas, ao que consta, a presidente resiste a ouvir os apelos para fazer alterações na equipe. Não está claro se porque não quer decidir debaixo de pressão, se por mero exercício de teimosia ou se acha que vai tudo muito bem, obrigada.

Sobre o aspecto da eficiência, o presidente da Câmara de Políticas de Gestão da Presidência da República, Jorge Gerdau, já havia dado notícia em duas entrevistas (ao Valor e à Folha de S.Paulo) meses atrás em pesadas críticas ao gigantismo do ministério. Segundo ele, 39 pastas são um entrave ao conceito de boa gestão. Avaliava que com "meia dúzia" o Brasil estaria bem atendido.

Disse que falara com a presidente a respeito e que ela estava plenamente "consciente" disso. Como que antecipando o que viria em junho, acrescentou: "Quando a burrice, a loucura ou a irresponsabilidade vai muito longe, de repente sai um saneamento. Nós provavelmente estamos no limite desse período".

Leia a íntegra em Estadão

Você já foi à Bahia?


              Arte de primeira qualidade a dos estúdios Disney... 

Arca do Tesouro

Pintura: Ronda Noturna (1642)

Este é talvez um dos mais importantes e polêmicos quadros pintados por Rembrandt.




Não conheço ninguém, nem nunca ouvi falar que, ao ter a oportunidade de entrar na imensa sala do Rijksmuseum e dar de cara com esse quadro lá ao fundo, não pare, extasiado, para só depois se aproximar devagarinho, quase que reverentemente, diria eu.

Impressiona saber que aquilo foi feito com um pincel, tintas e o talento de um homem. Só quem nunca tentou desenhar ou pintar pode deixar de ver nesse quadro toda a genialidade de Rembrandt.

Quadro pintado por encomenda, seu nome original era “A Mudança da Guarda da Companhia do Capitão Frans Banning Cocq”, que servia no Regimento dos Arcabuzeiros de Amsterdam. O capitão está todo de negro, enquanto o tenente Willem van Ruytenburch está de amarelo. Com o uso perfeito da luz e da sombra, Rembrandt leva nosso olhar para as mais importantes figuras no meio da multidão, os dois oficiais e uma menina, a mascote, à esquerda. Atrás deles, o alferes Jan Visscher Carnelissen, carrega as cores da Companhia.

O quadro ficou pronto em 1642, no auge da Era de Ouro dos Países Baixos. E foi o primeiro fracasso do pintor. O capitão não gostou porque encomendara um retrato seu e não da companhia, e também porque percebeu que Rembrandt não pintara a mudança da guarda, mas um retrato de cada um deles. O preço também não agradou. Achou caro.

O quadro tem um efeito dramático, muito característico da obra de Rembrandt. O clima é de vitória, o amarelo enfatiza isso, e a galinha morta no chão, quase em frente à menina, é também símbolo da vitória contra o inimigo.

É uma tela enorme que perpassa para o espectador uma espantosa ideia de movimento. A mão do capitão, que passa o comando ao subordinado, salta para fora da tela. É realmente impressionante.

Mas como em todos os retratos que pintou, Rembrandt põe na tela não o exterior de seus retratados, mas seu interior. O que talvez tenha sido o grande motivo da ira do capitão...

Ronda Noturna é óleo sobre tela. Mede 363 x 437 cm

Acervo Rijksmuseum, Amsterdam


por Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
Da série Obra-Prima do Dia publicada originalmente no Blog do Noblat em 25/08/2011


Atualização

O Rijkmuseum passou por ampla restauração, para sua proteção, que só terminou agora. Levou 12 anos em obras. Pelo que vi num programa de TV especial sobre o assunto, está mais maravilhoso do que nunca. E sua estrela maior ainda é Noite de Ronda. Que também foi restaurado. Para que nunca o mundo perca essa obra fantástica, de vez em quando é preciso cuidar dela. E devemos agradecer aos céus ela estar em mãos de um dos povos mais responsáveis do mundo.. 

Se quiserem ver como ficou e com explicações bem em cima das figuras, cliquem em Night Watch
É interessante. MH

Palavrinha

Rejeitada PEC que proibia senador de escolher parente como suplente


Plenário em sessão de votação de projeto sobre suplentes
Foto: Givaldo Barbosa / Agência O Globo

Plenário em sessão de votação de projeto sobre suplentes Givaldo Barbosa / Agência O Globo
Na contramão da “agenda positiva” para melhorar a imagem do Congresso após as manifestações populares, o Senado derrubou ontem a proposta de emenda à Constituição (PEC) que proibia os senadores de escolher como seus suplentes cônjuges e parentes de sangue de até segundo grau, como pais, filhos, irmãos e primos, inclusive os parentes por adoção. O texto também reduzia o número de suplentes de dois para um.

Leia mais em O Globo

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Obs - Vocês acham que ainda tem jeito? Sei não... MH

A fúria das férias, por Carlos Brickmann

Estudantes em férias, trânsito melhor, menos manifestações com menos gente. Após a tempestade vem a bonança - mas quem disse que a tempestade passou?

Talvez não tenha passado. Amanhã, quinta, há greve geral marcada pelas centrais sindicais. A menos que fracasse, é confusão brava. Pior: algumas centrais tentam criar uma figura nova na História, a greve geral a favor do Governo; uma delas, a Força Sindical, age na direção oposta e prega o quanto pior, melhor. O líder da central opositora, deputado Paulinho da Força, do PDT paulista, ameaça gerar confrontos com as outras centrais, levando cartazes "Fora, Dilma" às manifestações. Diz: "Nosso trabalho é empurrá-la para o buraco". Como se fosse possível jogar uma presidente da República no buraco sem que o país vá junto.

A Federação Nacional dos Médicos tem reunião de emergência também amanhã, em Brasília, às 10 da manhã. O objetivo é protestar contra o plano de importação de médicos estrangeiros, que nem precisariam revalidar seus diplomas. A Federação pensa até, entre outras possibilidades, em greve nacional de médicos.

Quem do Governo dialoga com os médicos? Gilberto Carvalho, até agora o negociador, está fora; Gleisi Hoffman, da Casa Civil, e Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, foram esvaziadas. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, nem sabia da importação de médicos - uma ideia do chanceler Antônio Patriota (sim,ele as tem!). Entretanto, como dialogar com médicos sem pisar no ministro da Saúde? Patriota é o pai da confusão, mas a burocracia o livra de pagar por ela.

Fio de bigode

Restaria, com prestígio oficial para negociar, o ministro da Educação, Aloízio Mercadante. Mas às dez da manhã? Ele precisa de tempo, depois de acordar, para aparar com perfeição, fio a fio, aquele bigode que só falta encerar, e fazer cara de bravo (acreditem: longe de estranhos, ele é afável, até parece normal).

Só assim Mercadante se sente apto a aparecer em fotos, mais uma vez, perto da presidente.

Data-limite

E tudo tem de acabar até o dia 22, quando o papa Francisco chega ao Brasil.

Que mundo! 

Chico Buarque, o profeta, dizia que não existe pecado do lado de baixo do Equador. Nem sempre os profetas acertam. Chico dizia também que boi voador não pode. Só que, agora, se o caro leitor imaginar que viu bois voando, é que viu mesmo.

Pois não é que índios entraram no STJ com ação criminal por calúnia e difamação contra seu maior defensor no Governo, o ministro Gilberto Carvalho? Os mundurucus o processam por ter dito que alguns índios se dedicam ao garimpo ilegal de ouro. O mundo está tão esquisito que Carvalho pode até ter razão.

Olhos e ouvidos


Se o Governo brasileiro se surpreendeu com a ação da espionagem americana, está lamentavelmente atrasado. Um excelente livro de 1994, O Punho de Deus, de Frederick Forsyth, tem enredo de ficção, mas conta como funcionava, alguns anos antes, a espionagem dos EUA. Descrevem-se os equipamentos da época e usa-se a seguinte frase, a respeito do Iraque de Saddam Hussein: "Se fosse dito, eles poderiam ouvir. Se se deslocasse, poderiam ver. E, se soubessem a respeito, poderiam destruir".

O livro tem 19 anos e descreve o mundo de 23 anos atrás.


Alckmin x caminhões

O governador paulista Geraldo Alckmin, do PSDB, anunciou que os pedágios não seriam reajustados; e não anunciou, mas determinou que os caminhões passassem a pagar pedágio também sobre os eixos suspensos, sem contato com o solo. O truque não deu certo e os caminhões pararam em São Paulo.

Ao jogar para a torcida, eis o que os tucanos mostraram: no transporte de carga em São Paulo, o custo do pedágio é de 30%. De Ribeirão Preto a Santos, um caminhão com sete eixos paga R$ 950, ida e volta. Três viagens por semana custam R$ 12 mil por mês. A prestação do caminhão é de R$ 10 mil. Hoje, o pedágio já é mais caro que a prestação. Imagine com o pedágio cobrado sobre os eixos suspensos.

Jogo para a torcida

O tal plebiscito de Dilma tem, entre seus temas principais, o financiamento público de campanha - ou seja, o caro leitor terá de pagar a campanha eleitoral de Suas Excelências. Só que o financiamento público não é novidade: apenas, hoje, não é total. Mas os partidos políticos já receberam, de janeiro a junho, R$ 147,1 milhões (no ano inteiro, a verba é de R$ 294,2 milhões). O dinheiro sai do Fundo Partidário; em última análise, do bolso daquele cavalheiro que o caro leitor vê no espelho ao barbear-se de manhã.

Muito ou pouco? No ano 2000, diz o respeitadíssimo portal Contas Abertas, o Fundo Partidário era de R$ 70,2 milhões. De lá para cá, subiu 308% - certamente bem mais que os salários. Este é um dos motivos da multiplicação de partidos no país (hoje, são 30): o dinheiro é farto. Outro é o tempo de TV, que vale muito na hora da barganha. Pense no líder de um partido pequeno, que não ocupe cargo eletivo. De que é que ele vive?

A escolha de Sofia

O atual presidente nacional do PT, deputado Ruy Falcão, é candidato à reeleição. Seu principal opositor é o deputado Paulo Teixeira. Lembra do filme?


carlos@brickmann.com.br
www.brickmann.com.br

Tem mentalidade nova aí, por Ateneia Feijó

Fácil entender o significado de um plebiscito. Ou seria... Se a presidente Dilma não quisesse “enquadrar” a voz (que diz ter ouvido nas ruas) em um plebiscito para uma reforma política a toque de caixa. Ora, quem pediu isso?

Não que alguém seja contra consultas populares, mas o que se ouviu com nitidez durante as manifestações de junho, nas principais cidades brasileiras, vai em direção divergente. Quer dizer, a maior cobrança foi por mudança de modelos. Entre eles, o tipo de reforma política pretendido pela presidente.

Por que sobraria para os cidadãos o “dever” de sintetizar como se fazer tal reforma, a partir de uma lista previamente imposta de opções? Seria “castigo” pelas reivindicações? Ou não cabe mais ao Congresso captar e, com seus assessores e computadores, trabalhar sobre questões expostas nas vias públicas?

Parece que os líderes “tradicionais” subestimam os eleitores jovens. Que, no momento, têm a maior representatividade demográfica no país.

De arrepiar? Sim; para o bem e para o mal. A revolução digital aumentou a distância entre gerações, politicamente falando. Nem tanto por habilidades, ou por falta delas, para lidar com ferramentas eletrônicas. Mas por serem gerações culturalmente diferentes.

A percepção de mundo é outra; os desejos e valores também.

Foi-se a privacidade. Em contrapartida, deseja-se o fortalecimento da ética; exige-se transparência das intenções. Além de práticas honestas em prol da sustentabilidade.




Apartidária (e suprapartidária), essa juventude tem dificuldade de compreender militantes fervorosamente partidários e eles, por sua vez, de compreendê-la.

Virou mantra dizer que era futuro este mundo novo que está aí. Então, o que adiantaria um plebiscito para mexer em um sistema mantendo-o verticalmente antigo? Ou correr o risco desse sistema ser reformatado para ganhar apenas mais poder? Não daria para curtir.

A verdadeira mudança está em outra mentalidade. Sim... Gerada a partir do acesso à informação, muita informação, regional ou globalizada, e redes sociais. Nas quais cabem políticos sérios por vocação, cabe candidatura independente. Quem não percebe?

Um exemplo são algumas propostas da ex-senadora Marina Silva, como a de acabar com a reeleição no Executivo. Ou a de que a turma do legislativo só possa se eleger a dois mandatos no mesmo cargo. Ah, tem o famoso “recall” para políticos, defendido pelo ministro Joaquim Barbosa.

Boas novas. Desde que haja garantia de tolerância com as diferenças.


Ateneia Feijó é jornalista.

Olá! Bom dia!


                            Pretty Woman, com Roy Orbison