terça-feira, 11 de junho de 2013

Palavra da Coruja


Não há cura para o nascimento e a morte a não ser curtir o intervalo.
George Santayana

Fim de Tarde


Duke Ellington e Orquestra interpretam Satin Doll

Para a Hora do Chá


Soneto

 Pensas tu, bela Anarda, que os poetas
 Vivem d'ar, de perfumes, d'ambrosia?
 Que vagando por mares d'harmonia
 São melhores que as próprias borboletas?

 Não creias que eles sejam tão patetas.
 Isso é bom, muito bom mas em poesia,
 São contos com que a velha o sono cria
 No menino que engorda a comer petas!

 Talvez mesmo que algum desses brejeiros
 Te diga que assim é, que os dessa gente
 Não são lá dos heróis mais verdadeiros.

 Eu que sou pecador, — que indiferente
 Não me julgo ao que toca aos meus parceiros,
 Julgo um beijo sem fim cousa excelente.


Gonçalves Dias
 Rio de Janeiro - 1848.

O Terceiro Homem (1949)

'O Terceiro Homem' é um de meus 10 filmes favoritos. E daí, dirão vocês? Daí que resolvi mostrar aqui essa pérola que encontrei no You Tube: a cena mais brilhante desse filme que tem em cena, e atrás das cenas, algumas das figuras mais interessantes do século 20. Um filme onde tudo parecia ter nascido para aquilo mesmo, inclusive o cenário: Viena, logo depois da guerra, dividida em quatro zonas.

O diretor é o inglês Carol Reed; a marcante trilha sonora é de Anton Karas; o roteiro saiu de um conto de Graham GreeneJoseph Cotten interpreta o escritor americano amigo de escola de Harry Lime.

E quem é Harry Lime? Apenas o receptador de penicilina roubada dos hospitais militares de Viena, que dilui  e revende no mercado negro, o que leva a muitas mortes e horrores piores que a morte.

Lime é o protótipo do canalha, um dos mais abjetos e completos fdp que o cinema já produziu. Curiosamente, seu tipo está 50, 60 anos à frente do estilo de canalhas de seu tempo. Faz o gênero cavalheiro elegante e cultivado. Ele parece um dos que vemos nos noticiários de hoje em dia, sem tirar nem por.

Mas Harry Lime seria quem passou a ser na história do cinema se não fosse interpretado por Orson Welles? Tenho a convicção que não. 

E a cena abaixo, na roda-gigante do Prater de Viena, chave do filme, seria o que é se Orson Welles não tivesse criado parte do diálogo? Não, não seria.

Espero que gostem. Se não gostarem, sinto muito...



O Terceiro Homem

Palavrinha

Sei não... parece que há um 'drone' no ar transportando o Lula para o Alvorada novamente em 2014...




Baixava ele na grama e depois o AeroLula faria o resto.

Até compreendo o movimento. Confesso que entre ele e dona Dilma, mil vezes ele.

Mas acontece que o petismo já deu o que tinha que dar, a encrenca do mensalão estilhaçou o partido. Não há 'faz tudo' com perícia suficiente para restaurá-lo.

Está na hora de trocar de comando.

Dona Dilma, com seu pavor a turbulências, há de preferir passar a nave adiante, para um comandante mais jovem, com mais competência para dominar um avião como o nosso. Um que tenha feito o curso mais recentemente...

Antes que o Brasil se espatife em cima de nossas cabeças.

Arca do Tesouro



Acredito que o jornal, Folha de S. Paulo, do qual sou assinante, não vai reclamar de eu postar no mesmo dia, e sem pedir licença, a charge de hoje...

Afinal, não é, hay derecho!

E fora isso, era só o que me faltava...

Não sei, infelizmente, o nome do excelente chargista, não consegui decifrar...

Mas deixo aqui um abraço para ele. MH

Obs- Ao Zerramos: muito obrigada, amigo, por me dizer o nome e a idade do autor da charge. Um menino de 14 anos! É fantástico o talento dele, estou impressionada.

João Montanaro, você é um craque! Além de talento para desenhar, tem um senso de humor apuradíssimo!
Parabéns. E já agora, mais sabida, deixo junto com o abraço um beijo. MH



Deu na Folha de S. Paulo de 04/12/2010
E eu transcrevo hoje, 11/06/2013, da Navetta*

Ricardo Noblat

Acendeu no PT a luz amarela


"Par délicatesse j'ai perdu ma vie", escreveu Jean-Nicolas Arthur Rimbaud, poeta francês que viveu e brilhou na segunda metade do século XIX.

Aos 20 anos, encerrou sua produção literária. Morreu de câncer aos 37.

"Por delicadeza eu perdi minha vida" são seus mais famosos versos, repetidos pelos que se valem deles para lamentar algo importante que perderam. Ou para reafirmar a disposição de não perder.

No último fim de semana, depois de examinar com preocupação os resultados da mais recente pesquisa de opinião do Instituto Datafolha, um petista erudito declamou os versos de Rimbaud para garantir que por elegância seu partido não perderá a vida.

Ou melhor: o poder.

Nem daqui a pouco nem a perder de vista. Afinal, que partido entregaria o poder sem oferecer severa resistência?

De março para cá, a aprovação do governo Dilma caiu oito pontos. Foi a primeira vez que isso aconteceu desde que ela se elegeu.

Dilma perdeu popularidade entre homens e mulheres, em todas as regiões do país, em todas as faixas de renda e em todas as faixas etárias.

A causa? A volta da dobradinha inflação em alta e crescimento econômico em baixa.

O brasileiro está pessimista.

Acendeu a luz amarela dentro do PT.


Ilustração Ramiro Zardoya


Os partidos existem para alcançar o poder - e uma vez que alcancem, lá se conservarem, empenhados em fazer o melhor por seus governados.

Na democracia devem ao povo o que conquistaram. E somente o povo poderá retirá-los de onde estão.
Por delicadeza, há dois meses, Lula antecipou a campanha presidencial do próximo ano. Atendeu a um pedido da própria Dilma.

Era véspera de mais um aniversário do PT. Lula pretendia sair em caravana pelo país. E Dilma detectara movimentos favoráveis ao lançamento da candidatura dele à sua vaga.

Para eleger Dilma em 2010, Lula inventara que ela era uma excelente gestora. Superior até mesmo a ele.
Chegou ao ponto de sugerir que dividira com Dilma o comando do governo no seu segundo mandato. Um exagero compreensível.

Por maior que fosse seu prestígio, não bastaria a Lula pedir votos para Dilma. Era preciso fornecer um pretexto para que a maioria dos brasileiros elegesse presidente quem nunca disputara uma eleição.
Quem já rejeitara disputar uma, argumentando que não tinha "perfil de candidata".

E quem por falta de sorte vira falir uma loja onde tudo que ali se vendia custava apenas R$ 1,99.

Dilma jamais foi uma gestora excepcional - a verdade é essa. Foi apenas uma aplicada gerente. E com um grave defeito que compromete o desempenho de qualquer gerente: o gosto pela centralização.

Nada se faz em seu governo sem que ela seja ouvida antes.

Em certas ocasiões, Dilma pede para ler antes discursos que seus ministros pronunciarão mais tarde.

Ultimamente, deu de interferir até nas rotas do Boeing presidencial. Detesta turbulências. Passou a entender de aviação para poder evita-las.

A certa altura, o câncer que atingiu as cordas vocais de Lula ameaçou o sonho cultivado por ele de substituir Dilma - em 2014 ou em 2018. Curado, Lula acompanha as dificuldades de Dilma para governar o país.

Nem gerente sintonizada com as exigências dos tempos modernos, muito menos gestora admirável.

Atrapalhada na condução da economia. Um rotundo desastre no exercício cotidiano da política.

Por delicadeza, o PT se arriscará a ser desalojado do poder caso Dilma corra de fato o risco de vir a ser derrotada?

Cresce entre os partidos aliados  a torcida por enquanto silenciosa pela volta de Lula.

Dilma é temida.

Amada?

Bem, só se for por Aloizio Mercadante, ministro da Educação.


Transcrito do Blog do Noblat (10/06/2013)

Olá! Bom Dia!


Paulinho da Viola canta Timoneiro