segunda-feira, 17 de junho de 2013

Palavrinha

Leio no Estadão de ontem, 16 de junho:

Cerca de mil manifestantes entraram em confronto com a PM, que atacou com bombas de efeito moral

Heloisa Aruth Sturm, Sérgio Torres e Tiago Rogero, Agência Estado

Rio - Tropas da Polícia Militar (PM) do Rio voltaram a atacar os manifestantes no entorno do Maracanã, após o primeiro confronto, minutos antes, próximo ao viaduto Oduvaldo Cozzi, acesso à entrada principal do estádio.

Bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo foram atiradas contra as cerca de 500 pessoas que sentaram-se no asfalto, no acesso à vizinha Quinta da Boa Vista.

No momento do ataque, os manifestantes cantavam o "Hino Nacional". A PM alegou que precisava desocupar a via pública, parcialmente interditada pelos manifestantes. Mais uma vez, o protesto se dispersou.

Situada ao lado do local onde ocorreu o segundo tumulto, a estação São Cristóvão do Metrô foi fechada. Diversas pessoas queixaram-se de ter sido atingidas por jatos de spray de pimenta.



Manifestantes se reuniram nos arredores do Estádio do Maracanã para protestar contra os gastos com a Copa das Confederações e do Mundo. Em confronto com a polícia, os manifestantes foram recebidos com bombas de efeito moral e spray de pimenta, que fez vários deles passarem mal. Marcos de Paula/Estadão

Leia mais no  Estadão de 16 de junho de 2013

*******

A palavrinha de uma carioca que mora na Tijuca:

Se há povo conversador e sempre pronto a bater um papinho, sempre muito bem informado ou, melhor dizendo, sempre com uma opinião na ponta da língua, é o motorista de praça carioca.

Ontem, domingo 16/06, tomei dois táxis. O primeiro ficou muito surpreso quando lhe perguntei a que horas era o jogo no Maracanã. Ele não sabia nem que ia haver jogo, que dirá a hora. Fui eu que lhe informei que ia haver um jogo da Copa das Confederações e que os times seriam Itália e México. No que ele imediatamente se entusiasmou dizendo que ia torcer pelo México, pois era o único com chances de vencer o Brasil nesse torneio.

Fiquei tão surpresa com a decisão dele de torcer contra o Brasil que achei melhor calar.

Fui almoçar e no restaurante perguntei ao garçon a que horas seria o jogo. Esse sabia, mas estava mais interessado em comentar o tumulto do lado de fora do Maracanã, irritado com o governo, a polícia e os manifestantes, ou seja, com o mundo todo!

Na volta para casa outro táxi no qual o motorista queria saber o que eu achava da manifestação. Esse era bem informado, mas sua raiva de tudo, Copa das Confederações, vinda do Papa, Copa do Mundo e Olimpíadas, era imensa.

Eu lhe perguntei se para eles não era melhor, mais turistas, mas passageiros, mais movimento, mais dinheiro.

E ele:

Não, senhora. Nós sempre saímos perdendo nessas coisas. O trânsito piora, os engarrafamentos são horrorosos, esse tipo de turista raramente pega táxi, aparecem guardas nas ruas que em vez de orientar o trânsito, como não entendem nada do assunto, só atrapalham, é o diabo!

Concordamos em muitas coisas, mas muito especialmente em duas: sair aos domingos é uma fria e a meninada que reclama do dinheiro mal gasto pelos governos enquanto falta o essencial em nossas cidades está é muito certa.

A juventude que se reuniu na Quinta da Boa Vista caminhou até o Maracanã em ordem, apenas exercendo um direito que lhe é mais do que legítimo: protestar, reclamar daquilo com o que não concorda. A Quinta, que apesar de mal tratada por falta de verba ainda é o local onde muitas famílias vão passear nos fins de semana, era o local perfeito para a reunião dos manifestantes, pela proximidade com o estádio.

Esse pequenino detalhe foi esquecido: famílias com crianças que lá estavam a passeio e não para se manifestar, acabaram tendo seu direito de ir e vir prejudicado. Quanto querem apostar que a maioria saiu de lá a favor dos estudantes?

E antes que eu me esqueça: 20 centavos é, para a maioria dos manifestantes, a gota d' água, mas para centenas de pessoas, pode vir a ser um grande e insanável problema. Os mais despossuídos não são os que têm condições de protestar. Quem tem mais é que deve protestar pelos que não têm.

Sempre lembrando que respeito é bom e todos temos direito a ser respeitados: as autoridades eleitas e seus representantes, assim como nós, sociedade, ou contribuintes, como queiram. Nós devemos ser ouvidos e as autoridades não devem se deixar embebedar pelo poder e se fazer de surdas.

O movimento ganha força. Interessa a alguém? Sempre interessa a alguém... Mas as palavras de ordem são todas elas legítimas: falta hospital, falta escola, falta saneamento básico, falta transporte de qualidade, falta segurança, falta cuidado com a cidade, falta muita coisa. Mas para esses jogos não faltou verba, pelo visto até sobrou!

E o supremo deboche: nem a festa vai ser do povo. Pelo preço dos ingressos...

As autoridades precisam nos respeitar para serem respeitadas. Ou bem param e ouvem com todo o respeito o que a meninada tem a dizer... ou teremos dias muito feios pela frente.

4 comentários:

  1. Concordo inteiramente Maria Helena. Sabe, tenho dois sobrinhos que estão nessa. Dizem que não são os 20 centavos mesmo, e que nós tivemos nossa chance de luta nos anos 60 do s.p. e eles não. Que a situação está insuportável com tantos desmandos e corrupção. Eu vi o vídeo da manifestação no Rio ontem. A ação da PM foi totalmente despropositada. Os jovens não estavam fazendo nada além de cantar o Hino Nacional e pedir "sem violência". Se continuar assim, acho que vou aderir às passeatas. Bj

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Deus queira que não cheguemos a isso, Lilyane. Que o Governo Federal acorde!!!

      Excluir
  2. Fiquei muito emocionada com o Comentário do Noblat de hoje. Muito mesmo. Dê aos seus sobrinhos para ler, Lilyane. Acho que eles vão gostar. bj,
    MH

    ResponderExcluir
  3. Realmente muito feliz o comentário do Noblat hoje,Maria Helena.Mais ou menos como aceitar a vida como ela é e o papel dos jovens na sua (tomara!)mudança.
    Zerramos

    ResponderExcluir