segunda-feira, 17 de junho de 2013

Para a Hora do Chá

Bilhete em Papel Rosa

A meu amado secreto, Castro Alves

Quantas loucuras fiz por teu amor, Antônio. 
Vê estas olheiras dramáticas, 
este poema roubado: 
"o cinamomo floresce 
em frente ao teu postigo. 
Cada flor murcha que desce, 
morro de sonhar contigo". 
Ó bardo, eu estou tão fraca 
e teu cabelo tão é negro, 
eu vivo tão perturbada, pensando com tanta força 
meu pensamento de amor, 
que já nem sinto mais fome, 
o sono fugiu de mim. Me dão mingaus, 
caldos quentes, me dão prudentes conselhos, 
eu quero é a ponta sedosa do teu bigode atrevido, 
a tua boca de brasa, Antônio, as nossas vias ligadas. 
Antônio lindo, meu bem, 
ó meu amor adorado, 
Antônio, Antônio. 
Para sempre tua.

Adélia Prado

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