terça-feira, 11 de junho de 2013

Para a Hora do Chá


Soneto

 Pensas tu, bela Anarda, que os poetas
 Vivem d'ar, de perfumes, d'ambrosia?
 Que vagando por mares d'harmonia
 São melhores que as próprias borboletas?

 Não creias que eles sejam tão patetas.
 Isso é bom, muito bom mas em poesia,
 São contos com que a velha o sono cria
 No menino que engorda a comer petas!

 Talvez mesmo que algum desses brejeiros
 Te diga que assim é, que os dessa gente
 Não são lá dos heróis mais verdadeiros.

 Eu que sou pecador, — que indiferente
 Não me julgo ao que toca aos meus parceiros,
 Julgo um beijo sem fim cousa excelente.


Gonçalves Dias
 Rio de Janeiro - 1848.

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