sábado, 6 de julho de 2013

Para a Hora do Chá

LXIV

Tenho medo de ti e deste amor
Que à noite se transforma em seu verso e rima.
E o medo de te amar, meu triste amor,
Afasta o que aos meus olhos aproxima.

Conheço as conveniências da retina.
Muita coisa aprendi dos seus afetos:
Melhor colher os frutos na vindima
Que buscá-lo em vão pelos desertos.

Melhor solidão. Melhor ainda
Enlouquecendo os meus olhos, o escuro,
Que o súbito clarão de aurora vinda

Silenciosa dos vãos de um alto muro.
Melhor é não te ver. Antes ainda
Esquecer de que existe amor tão puro.

Hilda Hilst

2 comentários:

  1. hilda é o meu fascínio atual. O pior é que sou um volúvel do bem. estou lendo com cuidado e saboreando seu livro de algumas de suas entrevistas: "fico besta quando me entendem". Hilda é hoje a minha poeta de plantão. pretensiosamente chamaria é poesia que nos oferece de: Hilda. É ela

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  2. Você sabe que ela tem três sambas em parceria com o Adoniran? Dizem as más (ou seriam boas?) línguas que ele teve uma paixonite por ela...

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