quinta-feira, 27 de junho de 2013

Ary Franco

Um Gigante Que Desperta

Com palavras de ordem e cartazes mais ou menos com o título acima, o povo brasileiro vem dando uma demonstração de que sua inércia acabou.



Acabou a leniência e a falta de vontade de reagir diante dos desmandos da classe política e, portanto, dos governos.

Parece que, enfim, o povo começa a entender o que significa ter representantes, e que esses mesmos representantes só se legitimam ao exercício desse papel na medida em que efetivamente representem a vontade do coletivo que os elegeu.

Nos últimos dias, em uma ação histórica e única até aqui, o povo se despiu da voz partidária, abandonou o casulo das bandeiras de facções e soltou a sua própria e soberana voz. A voz única dos titulares de direitos, vez que, antes de qualquer alinhamento ideológico, somos todos brasileiros e cidadãos que merecem respeito.

O povo, mais do que simplesmente cantar o hino nacional, resolveu exercer a sua letra, emprestando vida e alma a palavras que, para muitos, quase nada significavam e, ao fazê-lo, acabou por reescrevê-lo em episódio atual:

Ouviram das ruas as guias solitárias
De um povo estoico o brado vivificante
E o clamor por respeito, a uma só voz
Ecoou nas mentes nesse instante...

O clamor nacional, praticamente uníssono, exige que os governos e os políticos aprendam a ter mais respeito pela coisa pública e pelos destinos do país, deixando de tratar seus mandatos como investidura de poder para uso privado.

Há muito que nos perguntamos “até quando?” relativamente a várias e intermináveis questões, como a seca, a pobreza, a falta de investimentos sérios e duradouros em educação e saúde, enfim, questões nacionais sempre relegadas a um segundo plano. Questões sempre tratadas após e em função da perpetuidade dos tais representantes no poder.

Nossos representantes. Que nada. Eles vêm exercendo seus mandatos de forma tão distorcida, que nem mais são capazes de lembrar a razão que os fez políticos.

A hora do “até quando?” já passou. O próprio povo, retomando sua própria voz – que até aqui vinha sendo mal apresentada por seus eleitos – determinou em tom solene: Basta! Chega de desmandos e descasos de toda sorte! O destino do Brasil é dos brasileiros e que disso ninguém duvide!

Como já escreveu Antonio Maria, em sua decantada obra “Brasileiro profissão Esperança”, o povo nada mais tem feito do que repetir suas palavras na beleza de uma atitude de protesto que, em essência, repetiu e repetiu até a exaustão: “Não sei por onde vou! Não sei para onde vou! Só sei que não vou por aí!"

Que o despertar do gigante seja seguido de um firme caminhar...


Ary Franco Neto é advogado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário