quarta-feira, 5 de junho de 2013

Brasil de batom

Por Carlos Brickmann

Como é de rigor no Brasil de hoje, o papa Francisco visitará uma favela (desculpe: comunidade) no Rio, a Varginha. Irá a pé da igreja de São Jerônimo Emilliani até o campo de futebol onde falará aos fiéis. A rua Carlos Chagas, por onde passará, está sendo maquiada pela Prefeitura: limpeza, remoção de carcaças de carros roubados, poste de luz no campinho, reconstrução do muro da escola, asfaltamento. Nas outras ruas da favela, obra nenhuma. Sem papa, sem obra.

A tática é antiga: quando Catarina, a Grande, era czarina da Rússia, no século 18, resolveu um dia viajar pelo império. Seu primeiro-ministro, príncipe Grigory Potemkin, maquiou toda a região por onde passaria a comitiva, pintando casas, limpando aldeias, tirando pedintes das ruas e obrigando os moradores a usar as melhores roupas para aclamar a czarina. 






A maquiagem urbana ficou conhecida como "Aldeias Potemkin". O príncipe virou nome de famoso navio de guerra. A czarina ficou feliz ao ver que seu povo era feliz. E até hoje a história se repete. 


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