quinta-feira, 6 de junho de 2013

Para a Hora do Chá


A cestinha de costura

Para o livrinho de D. Brasília Vieira

 Não quero panteons não quero mármores
 Não sonho a Eternidade fria, escura...
 Minha glória ideal é o quente abrigo
 De uma pequena cesta de costura.

 À sombra dos terraços florescentes 
 Entorna a violeta a essência pura: 
 Flores d'alma recendem mais fragrância 
 Numa pequena cesta de costura.

 Batida pelos corvos da procela,
 A pomba a era tímida procura:
 Pousa minh’alma foragida as asas
 Nesta pequena cesta de costura.

 Astros que amais a espuma das cascatas!...
 Orvalhos que adorais do lírio a alvura!
 Dizei se há menos lânguidos arminhos
 Nesta pequena cesta de costura.

 Nesse ninho de fitas e de rendas...
 No perfume sutil da formosura...
 Vão meus versos viver de aroma e risos
 Entre as flores da cesta de costura.

 E quando descuidada mergulhares
 Esta mão pequenina, santa e pura,
 Possam eles beijar teus níveos dedos
 Escondidos na cesta de costura.


Castro Alves

Nenhum comentário:

Postar um comentário